Raimunda
Cleonice Dantas, conhecida carinhosamente como “Dona Nice” nasceu
em Patu em 27 de abril de 1927, filha de Israel Gomes Dantas e
Minervina Dantas onde tiveram oito filhos, sendo cinco homens e três
mulheres. Os filhos homens começavam sempre por Raimundo: Raimundo
Binor, Raimundo Brás, Raimundo Sílvio, Raimundo Temista e Raimundo
Randir. As mulheres por Raimunda: Raimunda Cleonice, Raimunda Dantas
(Pretinha) e Raimunda Estelita.
Da família dos Raimundos e Raimundas
apenas um se encontra vivo, o senhor Raimundo Brás que trabalhou
durante muitos anos na empresa revendedora de bebidas de Van da
Antártica e também como vigilante na Agência do Banco do Brasil
de Patu durante mais de 15 anos. Raimundo Brás conhecido por "Braisinho" é o pai do cantor e artista patuense Raimundinho de Brás.
Outro irmão de Dona Nice bastante conhecido é o senhor Raimundo
Binor que foi comerciante, onde vendia frutas, pães e outros
produtos em sua bicicleta com o tradicional bagageiro na na frente.
Na época das frentes de emergência ele saia vendendo seus produtos
em sua bicicleta nas frentes de trabalho. O taxista Raimundo Dantas
conta que quando ele passava vendendo pão, as pessoas perguntavam:
vende fiado, ele respondia: “Tem pão aguado não”.
Destacamos
agora a vida de umas das educadoras mais dedicadas a educação de
Patu. Raimunda Cleonice Dantas, Dona Nice, que iniciou suas
atividades como educadora em junho de 1940. Assumiu uma escola
particular em sua própria residência. Em 1950 ela foi nomeada professora
regente de classe pelo Sr. Governador do estado, Rafael Fernandes
Gurjão através da indicação do prefeito de Patu, da época, Sr.
Felinto Gadelha.
Dona
Nice foi nomeada na escola estadual João Godeiro, assumiu de início
uma classe de 1º série, pois ao todo a escola só dispunha de cinco
classes que abrangia de 1º a 5º série. Considerada de uma
capacidade extraordinária; segundo a educadora, sua nomeação nessa
escola teve como um dos principais objetivos a adesão dos alunos,
pois na época estava com minoria sendo matriculados apenas dez
alunos na 1º série, da mesma forma acontecia com as demais séries
seguintes, onde a 5ª série contava apenas com 5 alunos. Nessa época
a diretora que assumiu a escola Estadual João Godeiro era a senhora
Maria Eliza Ingersoll, que chegou a dizer que só assumiria a direção
se Raimunda Cleonice fosse nomeada para a referida escola, pois já tinha
elevado conhecimento sobre capacidade e autenticidade para ajudar no
crescimento educacional daquele estabelecimento de ensino, pois, na
época, as pessoas não acreditavam na aprendizagem de escolas
públicas devido estarem acostumados com as escolas particulares.
Como a escola João Godeiro foi a primeira escola pública
pertencente ao estado a prestar serviços nessa comunidade, daí a
insegurança, devido ao não conhecimento. Contudo foi um desenrolar
com bastante êxito, pois começou a aumentar dia-a-dia o contingente
de alunos a procura de matrículas, o qual deixava tanto a mesma como
a todo o corpo docente uma grande satisfação em conseguir com o
decorrer, conscientizar as pessoas que precisavam cooperar para que a
escola pública fosse crescendo e partir daí fosse criada outra
escola que viesse contribuir para maior engrandecimento da educação
de Patu.
Dona
Nice em suas atividades rotineiras lecionava numa batalha incansável
em dois horários; em casa e na escola quando surgiu uma nova
oportunidade de trabalho, onde a messa foi convidada para trabalhar em uma
escolinha de crianças carentes patrocinada pela LDB – Legião
Brasileira de Assistência - onde tinha sua sede instalada em Patu,
tendo como presidente Maria Godeiro Fernandes, vulgo (Biía).
Naquela
época as dificuldades enfrentadas eram muitas, a partir do
deslocamento dos alunos da zona rural para a zona urbana devido as
grandes cheias durante os invernos, ficando muito difícil para os
alunos se locomoverem até a cidade. Isso era visto como um dos
fatores principais para uma parte da população; para a outra, essa
situação trazia muita preocupação devido ao descaso dos filhos
estudarem ou não, porque seus objetivos maiores era a atuação
deles na agricultura, de onde vinha os meios para a sobrevivências
de toda a família.
Para
alguns, que de qualquer forma procuravam estudar, como segunda
dificuldade vinha a manutenção da escola, ou seja material escolar
e fardas, que tinham de comprar de qualquer forma, pois era exigido e
portanto se os pais não pudessem comprar, o próprio aluno
trabalhava e comprava.
Referente
às relações aluno x professor era de total respeito. Quanto aos
professores, contavam com a cooperação dos pais dos alunos, pois
muitos ajudavam naquela missão dando-lhe total autonomia de agir
como educador, ou seja, um pai naquele momento. O professor era
esforçado, exigente e usava todos os meios possíveis para que o
aluno conseguisse concluir a série com a devida capacidade de
continuar na série seguinte sem nenhuma dificuldade.
O
aluno era orientado unicamente pelo professor, sem nenhuma outra
margem de informação, primeiro porque não havia recursos expostos
aos educandos; segundo, a auto-confiança depositada no professor que
o excluía qualquer fonte de ajuda, até mesmo dos próprios colegas,
o que diante esse egoísmo os levavam ao individualismo.
Dona
Nice fundou o Educandário Santa Terezinha “O sossego da Mamãe”
em 09 de março de 1970 que fica localizado na avenida Lauro Maia,
onde atuou como professora até o ano de 1997 com turmas de
alfabetização e 1ªsérie. O referido Educandário é reconhecido
como de utilidade pública pela Lei nº 3.943 de 03 de fevereiro de
1971 e autorizado a funcionar como estabelecimento de ensino pelo
decreto nº 092/98, publicado no Diário Oficial do Estado em
06/03/1998. Destacamos aqui empenho para que o Educandário Santa Terezinha fosse bem administrado, onde durante muitos anos a senhora Maria das Graças, conhecida como Gracinha desempenha a função de diretora do estabelecimento e atualmente conta com o apoio Raimundinho de Brás nas atividades administrativas.
Aos
29 de maio de 2009, Dona Nice, faleceu deixando um exemplo de vida,
de coragem para todos que fazem a história do Educandário
Santa Terezinha, continuando a credibilidade objetivando o alicerce e
a conduta da cultura patuense. Dona Nice deixou exemplo para a
educação de Patu, como educadora apaixonada que era pela educação,
pela moral e pelos bons costumes. O Educandário Santa Terezinha se
configura como um escola de respeito e credibilidade, recebendo
alunos de Patu e da região, desempenhando a sua missão de
transmitir conhecimentos e formando gerações.
Reportagem de Aluísio Dutra de Oliveira.
Fonte: Site do Educandário Santa Terezinha.
Colaboradores: Gracinha, Raimundinho Brás, Raimundo Brás e esposa, Raimundo Dantas.
Fotos cedidas.
Dona Nice e mãe de um aluno
Quadro de Formandos do Educandário Santa Terezinha
Dona Nice com o irmão Raimundo Randir e sobrinhas
Dona Nice com os irmãos Randir e Brás
Dona Minervina Dantas, mãe de Dona Nice
Raimunda Dantas "Pretinha" irmã de Dona Nice
Raimundo Binor, irmão de Dona Nice
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