segunda-feira, 24 de abril de 2023
Açudes de Patu RN com Bom Volume de Água.
Faleceu em Patu RN, a Ex-professora de Inglês, Sebastiana Aureniva.
Faleceu nas primeiras horas de Hoje (24/04/2023) em Patu RN, aos 91 anos de Idade, a ex-professora de Inglês, Sebastiana Aureniva. Há tempos que ela vinha com problemas de saúde que nos últimos meses se agravaram.
Nossos sentimentos aos familiares.
Segue a História de Sebastiana Aureniva, carinhosamente chamada pelos familiares e amigos como "Niva".
Sebastiana Aureniva nasceu no sítio Escondido, zona rural de Patu-RN em 20 de janeiro de 1932, filha de Delfino Belarmino e dona Francisca Ernestina da Silva. Até seus 15 anos ela trabalhava ajudando aos pais na lida rural. Os seus ancestrais habitavam na comunidade do Escondido, onde nasceu sua mãe Francisca Ernestina da Silva que casou com Delfino Belarmino Ferreira, onde nasceram os filhos: Eurides Edite Ferreira Leão, Antônio Belarmino de Azevedo e Sebastiana Aureniva.
Seu pai, Delfino Belarmino, resolveu deixar a família e foi embora para o estado do Acre para trabalhar como seringueiro onde retirava a matéria prima para a produção de borracha. Depois de muito tempo ele veio a falecer lá pela região norte. Segundo o historiador patuense Petronilo Hemetério Filho, Dona Francisca Ernestina trabalhou e criou seus filhos com disciplina exemplar. Senão conseguiu fazer tudo, fez tudo que pôde para criar sua família sozinha, com muito sacrifício e trabalho. Fez com que eles aprendessem a ler e escrever. A vida do sertanejo é muito dura, tem que trabalhar com a família de sol a sol, para produzir alimentos para a sobrevivência no campo.
Em 6 de maio de 1970, Aureniva concluiu o curso de inglês pela Sociedade Cultural Brasil Estados Unidos e em janeiro de 1971 concluiu o curso de Fonética em língua inglesa pela mesma instituição. Em Patu ela ensinou no Ginásio Comercial e na Escola Municipal Francisco Francelino de Moura. Ela iniciou a sua vida profissional no CADES - Curso Preparatório. Em 1974 trabalhou na Escola Estadual Joaquim Apolinar - EEJA. Concluiu curso superior no NAC - UFRN - Núcleo Avançado de Caicó - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, onde se graduou em Letras. Como professora ensinou inglês no curso Brasil - Estados Unidos bem como na rede de ensino público de Caicó-RN. Em 1978 concluiu o curso de Técnicas Modernas para o Ensino da Língua Inglesa pelo C.C.A.A – Centro de Cultura Anglo Americana. Em julho de 1985 concluiu mais um curso de inglês denominado Book Four pelas Escolas Fisk.
Sebastiana Aureniva se aposentou no ano 2000 onde retornou a Patu para fazer algo pelo município onde nasceu. Ela hoje é presidente da Associação Comunitária da Comunidade Rural Escondido. Em 06 de maio de 2012 foi inaugurado na comunidade Rural Escondido o Museu Rural que leva o nome da sua mãe, Dona Francisca Ernestina, representando assim um marco na cultura patuense. A professora Sebastiana Aureniva deixou a sua marca na cidade de Caicó onde durante muitos anos desenvolveu a sua vida profissional, possuindo um grande respeito por parte da sociedade seridoense. Portanto essa é a história da catedrática professora de Inglês Sebastiana Aureniva que dedicou a sua vida a educação em uma área específica muito difícil, principalmente na época de sua formação, ou seja, a área de língua estrangeira.
Reportagem de Aluísio Dutra de Oliveira.
Fotos: Sebastiana Aureniva.
quarta-feira, 12 de abril de 2023
Especial: Analice Uchôa: o vinco da arte nas dobras da realidade.
Por Márcio Lima Dantas.
Se acaso me tivessem dado o jugo e o poder de apontar a obra de um pintor naïf como um dos mais importantes das terras nordestinas, lembraria sem hesitar o nome da paraibana Analice Uchôa (Campina Grande,1948). Não desmerecendo quem quer que seja, haja vista que o Nordeste detém uma seara fértil e sempre possibilitadora de oferecer segas com fartas colheitas.
Como todo naïf, ela engendra uma linguagem extremamente particular, eivada de uma profusão de artifícios que são extraídos de uma necessidade íntima. Quem sabe, isso pode explicar o autodidatismo dessa tradição pictórica, que sempre seguiu e dialogou com o que ficou conhecido como arte acadêmica ou os estilos históricos, com suas particularidades, ansiados por circunstâncias inerentes a cada época, ou seja, pelo Ar do Tempo, espécie de aura constelada por imagens e símbolos, consoante o modus vivendi inerentes às formas de viver, sentir e representar.
Com efeito, a artista é detentora de uma dicção pictórica muito singular, mesmo se a contemplarmos no conjunto dos naïfs, outorgando à tradição de representar ingênua ou primitiva um condão que faz jorrar uma espécie de elixir, ordenando-nos a ser cientes das tempestades emocionais impostas pela Sra. Vida. Sem embargo, nos presenteia, por seu turno, com a possibilidade de contemplar essa pintura chapada, sem nenhuma pretensão de manuseio da perspectiva, nunca buscando traços faciais ou de delinear figuras. Quero dizer que há uma espécie de apagamento ou ausência dos rostos, apenas corpos que remetem a índices evocadores de que essa ou tal figura é um ser humano. Por isso, bom remarcar um dos componentes primaciais dessa pintura, a saber: a cor preta funciona como elemento neutro, sendo recorrente em quase todas as telas, para fazer, à guisa de corpo. Então, o resto da figura é delineado por meio do uso de cores vivas e puras, numa festa para os sentidos.
Tenho para mim que havera de buscar as razões pelas quais essas obsessões de negar o rosto humano aparece de maneira ostensiva em uma pintura autodidata e sem remeter às tradições iniciadas pelo Impressionismo, Expressionismo, Fauvismo, Cubismo, e que vai atingir o seu fastígio com o Abstracionismo. Todos esses Estilos Históricos sofreram o impacto da invenção da Fotografia e do Cinema, artes capazes de retratar o humano e sua dinâmica em sociedade, bem como a paisagem do final do século XIX e XX, na qual os indivíduos perdem o contorno que os faziam distintos uns dos outros e mergulham no anonimato das turbas das grandes cidades ou daquelas com tônus mais cosmopolitas.
Mas vejam, nem só de macroestruturas os homens vivem, – e a arte não se cansa de refletir -, mas de toda uma sorte de matizes subjetivos que contemplam as maneiras de travar relacionamentos interpessoais, familiares, amorosos, ou melhor, tudo o que diz respeito ao compasso do dia a dia, no qual vigora uma espécie de prova dos nove, pois há que se submeter e dar respostas muitas, e um tanto de atribulações, nos quais, muitas vezes, não temos a devida compreensão, e muito menos solução ou refutação. É como se não
tivéssemos recebido a esperada carta emitida pelas forças do destino. Sendo assim, nos quedamos em hiatos ou no vácuo de sempre. Quer queiramos ou não, parece ser assim que a sintaxe do existir impõe seu número.
Voltando à arte de Analice Uchôa. É perceptível em suas telas uma necessidade de preencher todo o espaço do quadro. Vamos chamar aqui de horror vacui, evocadoras de subjetividades com temperamento voluntarioso ou obstinado, teimando em não organizar acordos subservientes ou uma adesão incondicional a uma presença no mundo. Prefiro reter essa metáfora, na medida em que o expresso nas telas reflete um hieratismo estóico ou uma permanente festa dos sentidos.
A pintora nos presenteia com o sumo que escorre de uma obra clamando por possíveis encantos, que nossas experiências subjetivas ou a chamada realidade pode nos ofertar. Líquido advindo de uma alma ancha de estar sob a luz do sol, escandindo os dias por meio de manobras interiores ou artifícios necessários para se obter nacos de tranquilidade. É preciso lembrar que nem todo afluente lança suas plácidas águas para o largo estuário no qual uns e outros, o que conhecemos por maioria, escorre para o mar. É como se o “realitas” (tudo o que existe), antípoda da “imaginação” ou “faz de conta”, pudesse conviver sem grandes interferências, paralelos, sendo que o segundo é que a arte propõe.
Quero dizer com isso do convite a uma organização interior por meio da arte, consabido é da capacidade desta de circunscrever uma outra realidade, paralela ao perímetro do que fomos habituados a chamar de tempo e espaço, no qual os seis sentidos conhecidos apalpam nosso íntimo, para podermos saber o que sensações nos causa um estar no mundo.
Rompendo as tramelas nossas, aprisionadoras ao sansara, a que estamos ligados por uma espécie de costume ou vício, habituados desde que o mundo é mundo, desde que somos amarrados às rédeas da linguagem, impostos desde a primeira luz que nos ofusca no nascimento. Esta, menos dizer, com sua tirania (Roland Barthes), nos impõe o dizer, desencadeando determinados comportamentos. Só através de muito esforço, por meio da vontade, é que conseguimos romper essas correntes.
Só mais uma coisa, para encerrar essa digressão que a requintada pintura de Analice Uchôa evocou-me. Eis a anterioridade nossa, o que nos faz sujeito, mas também nos a-sujeita, irmanados por uma gramática que, logo que tomamos consciência, podemos aquiescer e prosseguir no coro dos que salmodiam as sílabas daquilo que indigitaram como Normal.
Mesmo assim, existem as frestas e locas onde podemos forçar entradas para alargar a vera dimensão de mesmo, lugares nos quais havemos de encontrar o que nos identifica, o que nos representa, o que nos imprime prêmio e valia, o que espelha e nos retrata. Por fim, vale sempre repetir: os que detém a aptidão da arte e a faz ofício ou aqueles contempladores e apreciadores, resguardam uma outra dimensão, deixando a realidade um tanto distante, e nos abrindo as portas para as salas mais confortáveis do nosso ser.
Fonte: Jornal O Mossoroense.
segunda-feira, 10 de abril de 2023
Patu RN Acumula neste ano 879 Milímetros.
Fonte: Blog a Folha Patuense.
Aluísio Dutra de Oliveira.
Clemiche Câmara Rocha.
segunda-feira, 3 de abril de 2023
Especial.
Das muitas linhas e cores de Maria Emília.
A primeira exposição individual da Sra. Maria Emília (1947) nos conclama a perguntar, com que idade a arte emana de uma subjetividade. A reposta recobre uma grande planície chamada “ quem havera de saber? ”. Apenas há que contemplar as fortes cores com suas linhas lançando fronteiras aos contornos que figuram desenhos do humano, de flores, de uma paisagem, enfim, de um forte apelo que proclama a realidade (o chamado real concreto) como algo a ser contemplado com prazer e graça.
Essa parece ser a metáfora que tais telas escondem por meio de uma leveza, conformada através do predomínio de cores primárias e secundárias, outorgando uma alegria que abraça os objetos que nos convidam, sem pejo ou excessos de reflexões, e que conduzem o espírito às regiões habitadas pelas sombras do passado ou o sofrimento por antecipação do futuro.
Eis, ao que parece, o chamado dessas telas de cores justapostas em um êxito logrado sem o medo de errar. Haja vista o desejo de enquadrar determinado conteúdo em formas plácidas que remetem a satisfação de um estar no mundo. Isso mesmo, um sorriso de contentamento e resignação diante das vicissitudes a que o destino nos obriga.
A arte de compreender, por seu turno, acertar como uma Paideia do existir. E que ninguém passa impune, independente de classe social ou qualquer coisa que o valha.
Maria Emília, discípula do renomado pintor Careca, insere-se hoje, com sua arte naïf, nos que compõem o que chamamos livremente de Sistema das Artes Visuais de Mossoró, a saber, um conjunto de artistas que tem como vetor principal e célula máter a pintora Marieta Lima. Com efeito, círculos concêntricos emanam do aprofundamento por meio de estilos múltiplos e singulares de uma nascente que teima em jorrar a água do talento e da necessidade de, por meio da mímese, permanecer como testemunho (mártir?) de um provisório estar no mundo. Ah, ia esquecendo, toda a renda obtida com a venda das telas foi para o Abrigo Amantino Câmara.
Márcio de Lima Dantas.