Robinson Faria (PSD) se despediu nesta segunda-feira, 31, do cargo de governador do Rio Grande do Nortepara o alívio dos potiguares. Nunca na história deste Estado uma despedida foi tão esperada. Já vai tarde.
Esse sentimento é culpa de um governo que nada fez. Pior: agravou tudo o que já era ruim. Exemplo: segurança, saúde e salários dos servidores públicos. Curiosamente, as três áreas que, quando candidato em 2014, Robinson prometeu que daria as respostas esperadas pela população, chegando a exagerar com a segurança, ao afirmar que ao final de quatro anos entraria para a história como “o melhor governador da segurança”.
Nem de longe cumpriu a promessa. Todos os índices de segurança pioraram na sua gestão. O RN registrou recordes de assassinatos, de arrombamentos, arrastões, explosões de agências bancárias, fugas e rebeliões nos presídios estaduais. Por conse-quência, o cidadão de bem se prendeu dentro de casa, e a bandidagem tomou conta das ruas.
A saúde foi castigada porque o governo Robinson sequer cumpriu o gasto mínimo de 12% da arrecadação, conforme determina a Constituição Federal. Por gravidade, o sistema negligenciou na assistência à população, com unidades sucateadas, falta de medicamentos, greves dos servidores da saúde e, por consequência, superlotação nos corredores dos maiores hospitais de emergências do Estado, como o Walfredo Gurgel, em Natal, e o Tarcísio Maia, em Mossoró.
Mas, foi o massacre ao funcionalismo público que rotula Robinson Faria como o pior governador da história do Rio Grande do Norte. Os servidores não recebem salários em dia há três anos, ou 36 meses. Desde janeiro de 2016 que o pagamento da folha não é feito dentro do mês trabalhado. A gestão Robinson termina devendo parte de novembro, a folha completa de dezembro, 13º salário de 2018 e o 13º salário de 2017 dos aposentados.
Essa conta cairá no colo de Fátima Bezerra (PT), governadora que será empossada nesta terça-feira, 1º de janeiro. Ela herdará um estado desmantelado pelo seu antecessor.
A crise fiscal e financeira é consequência da incapacidade de gestão do governo que está terminando. Robinson sequer tem a desculpa de reclamar de governos passados. Ele recebeu o Estado, em 1º de janeiro de 2015, com os salários em dia e as contas equilibradas. Basta observar que a gestão anterior conseguiu uma operação financeira de 540 milhões de dólares junto ao Banco Mundial para bancar o projeto RN Sustentável, e um empréstimo de tal envergadura só foi feito porque o estado havia promovido o ajuste fiscal e resgatado o seu poder de endividamento.
Aliás, as obras realizadas nos ultimos quatro anos, quase todas elas têm o selo do RN Sustentável, que Robinson rebatizou de “Governo Cidadão”, para assumir a “paternidade” da criança.
Para completar os quatro negros anos vividos pelo Rio Grande do Norte, e que certamente terá consequências pelos próximos anos, Robinson Faria teve o nome envolvido em escândalos de corrupção que ganham manchete nacional. Suas digitais foram apresentadas pela “Dama de Espadas”, que revelou esquema de desvio de recursos públicos através de “funcionários fantasmas”. Por consequência, o governador mergulhou na Operação Anteros, sendo convertido em réu pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Não menos grave é a acusação de que ele, Robinson, recebeu R$ 10 milhões da J&F, dos irmãos Batista, revelado por delação de executivos do grupo, em troca da Companhia de Água e Esgotos (CAERN), versão que ele nega.
Por tudo isso, e mais um lastro de coisas ruins, que castiga a vida dos potiguares, Robinson sai de cena sem deixar saudade.
E a sabedoria popular é certeira: já vai tarde.
Que venha Fátima Bezerra.
Por Carlos Santos