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sexta-feira, 22 de março de 2024

Cariri Cangaço - Território de Grandes Econtros.

 


Depois do grande sucesso do Cariri Cangaço realizado no município de Catolé do Rocha-PB, agora será a vez dos municípios de Afogados da Ingazeira, Carnaíba, Ingazeira e Iguaracy sediarem este importante evento que evidencia a história do Cangaço no Nordeste.

de 18 a 21 de Abril, o Cariri Cangaço Afogados da Ingazeira, realizará uma grande programação. 

Veja!!!

CARIRI CANGAÇO AFOGADOS DA INGAZEIRA

Carnaíba – Ingazeira – Iguaracy

Pernambuco – Nordeste do Brasil

18 de abril de 2024 - Quinta-Feira

NOITE

NOITE SOLENE DE ABERTURA

CINE TEATRO SÃO JOSÉ

Rua Newton César de Macedo Lima, s/n – Afogados da Ingazeira

18h  Abertura Festiva da Feira de Livros

19h Início da Noite Solene 

Mestre de Cerimônia

Marcelo Litwak

Apresentação Artística

Grupo de Xaxado Bandoleiros da Solidão

Formação da Mesa Solene de Abertura

MANOEL SEVERO BARBOSA – Curador Cariri Cangaço

ALESSANDRO PALMEIRA– Prefeito Municipal de Afogados da Ingazeira

ANCHIETA PATRIOTA- Prefeito Municipal de Carnaíba

LUCIANO TORRES – Prefeito Municipal de Ingazeira

ZEINHA TORRES – Prefeito Municipal de Iguaracy

AUGUSTO MARTINS – Presidente da Comissão Organizadora

JOSÉ PATRIOTA – Deputado Estadual 

PADRE LUIZ MARQUES FERREIRA – Diocese de Afogados

HESDRAS SOUTO – Presidente do CPDOC 

ALBERTO RODRIGUES – Presidente do IHGP

LEMUEL RODRIGUES- SBEC Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço

ARCHIMEDES MARQUES – Academia Brasileira de Letras e Artes do Cangaço

ADRIANO CARVALHO – Academia Brasileira de Estudos do Sertão

NARCISO DIAS – GPEC Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço

ANGELO OSMIRO – GECC Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará

WASTERLAND FERREIRA- GECAPE Grupo de Estudos do Cangaço de Pernambuco

JULIERME WANDERLEY – Conselho Cristino Pimentel – Borborema Cangaço

19h Hino Nacional 

Banda de Musica Municipal Bernardo Delvanir Ferreira

19h15 – Entrada do Estandarte do Cariri Cangaço

Conselheiros Cariri Cangaço: Célia Maria Parahybana – João Pessoa PB

Capitão Quirino Silva – João Pessoa PB

19h40 – Apresentação do Cariri Cangaço

Conselheiro LUIZ FERRAZ FILHO – Serra Talhada PE

TAILENE BARROS – Serra Talhada PE

19h50 – Cumprimentos aos Convidados

MANOEL SEVERO BARBOSA – Curador Cariri Cangaço

ALESSANDRO PALMEIRA– Prefeito Municipal de Afogados da Ingazeira

AUGUSTO MARTINS – Presidente da Comissão Organizadora

JOSÉ PATRIOTA – Deputado Estadual 

20h30 – Entrega de Comendas “Mérito Cultural Cariri Cangaço”

Prefeito Alessandro Palmeira – Sandrinho

Entregue por Conselheiro Zezito Maia – Catolé do Rocha PB

Gastão Cerquinha da Fonseca(in memorian)

Entregue por Conselheira Elane Marques – Aracaju SE

3.Joel Ferreira Lima – Museu da Saudade

Entregue por Conselheiro Luiz Ferraz Filho – Serra Talhada PE

José Rufino da Costa Neto – Dedé Monteiro

Entregue por Conselheiro Moustafa Veras – Afogados da Ingazeira PE

Nivaldo Alves Galindo Filho – Nill Junior

Entregue por Conselheira Ana Gleide Leal – Floresta PE

21h – Posse de Novos Conselheiros Cariri Cangaço

HESDRAS SÉRVULO SOUTO DE SIQUEIRA CAMPOS FARIAS

Estola e Diploma entregues por Conselheiros

ANDRÉ VASCONCELOS – Triunfo PE

LUMA HOLANDA – João Pessoa PB

ORLANDO NASCIMENTO CARVALHO

Estola e Diploma entregues por Conselheiros

MANOEL BELARMINO – Poço Redondo SE

JOÃO DE SOUSA LIMA – Paulo Afonso BA

21h 10 – Conselheiros Mirins

HENRIQUE DINIZ FERRAZ NOVAES

Estola e Diploma entregues por Conselheiro

CLÊNIO NOVAES e HELGA DINIZ – São José de Belmonte PE

FELIPE ANTÔNIO CAMPOS TELES PEREIRA DE MENEZES

Estola e Diploma entregues por Conselheiro

LOURO TELES e JOSEANE TELES – Calumbi PE

21h 30 – Homenagem “Mulher Arretada Cariri Cangaço”

Manoel Severo e Tailene Nogueira Barros

Ângela Maria Recife PE

Catarina Venâncio João Pessoa PB

Eliana Pandini Entre Rios BA

Glaucia Ferraz Serra Talhada PE

Helga Diniz Floresta PE

Isalete Alencar Paulo Afonso BA

Joseane Teles Calumbi PE

Maria Oliveira Poço Redondo SE

Ranaíse Almeida Capoeiras PE

Risonete Rodrigues João Pessoa PB

Rosane Ferraz Recife PE

Rose Sousa Poço Redondo SE

Sulamita Burity Campina Grande PB

21h 50 – Homenagens pela ABLAC

Archimedes Marques e Elane Marques

22h – Passagem do Estandarte do Cariri Cangaço

Atual Sede : Afogados da Ingazeira PE

AUGUSTO MARTINS – HESDRAS SOUTO – LUIZ FERRAZ FILHO – LOURO TELES 

MOUSTAFA VERAS – TAILENE BARROS – LUMA HOLANDA

Próxima Sede: Jardim CE

ADRIANO CARVALHO – LUIZ LEMOS – JOÃO PAULO SOUZA

22h10 Encerramento

19 de abril de 2024- Sexta-feira

MANHÃ

8h -SAÍDA PARA VISITA TÉCNICA

Serra da Colônia – Local do Nascimento de Antônio Silvino

CARNAÍBA – PE

9h – SOLENIDADE 

9h10 Entrega da Comenda Mérito Cultural 

Prefeito de Carnaíba, Anchieta Patriota

Entregue por Conselheiro Leonardo Gominho 

9h20 CONFERÊNCIA DE CAMPO NA SERRA DA COLÔNIA

As Origens de Antônio Silvino 

Hesdras Souto Tuparetama PE

Antônio Silvino sob o Olhar da Família

Rafael Borges  Caruaru PE

Bisneto de Antônio Silvino 

10h – CAPELA DE SANTO ANTÔNIO DA COLÔNIA

Entrega e Consagração Comenda de “Lugar de Memória Cariri Cangaço”

Padre Luizinho Marques

Entrega por Conselheiros Joaquim Pereira e Wescley Dutra

11h30 – VISITA DE CAMPO

Museu do Rádio

 Rua Sete de Setembro, Afogados da Ingazeira

11h45 Entrega da Comenda Mérito Cultural 

Museu do Radio

Nill Junior

Entrega por Conselheiros Archimedes e Elane Marques

13h – ALMOÇO EM AFOGADOS DA INGAZEIRA 

TARDE LIVRE

NOITE

18h30 – PAINEL E DEBATES

Auditório da Câmara Municipal

Rua Dr. Roberto Nogueira Lima, 236, Afogados da Ingazeira – PE

19h – LANÇAMENTOS E APRESENTAÇÃO DE LIVROS

As andanças de Antônio Silvino pelos sertões do Seridó e Curimataú

Fabiana Agra Picuí PB

Manoel Netto – No rastro de Lampião

Leonardo Gominho Floresta PE

Manoel Batista de Morais – Cangaceiro Antônio Silvino 

Célia Maria Silva João Pessoa PB

Carnaíba: Memórias, Transformações Espaciais e Socioculturais

José Anchieta de Siqueira São Paulo SP

19h30 – CONFERÊNCIAS

ANTONIO SILVINO – O Rifle de Ouro

Julierme Wanderley  Campina Grande PB

AS VÁRIAS FACES DA PRISÃO DE ANTONIO SILVINO

Debate com Painelistas

Geraldo Ferraz Recife PE

 Ivanildo Silveira Natal RN

Fabiana Agra Picuí PB

Rafael Borges Caruaru PE

Luiz Ferraz Filho Serra Talhada PE

Hesdras Souto Tuparetama PE

22h Encerramento

20 de abril de 2024- Sábado

MANHÃ

8h -SAÍDA PARA VISITA TÉCNICA EM INGAZEIRA

Ingazeira – Passagens de Antônio Silvino

INGAZEIRA – PE

9h – SOLENIDADE –IGREJA MATRIZ DE SÃO JOSÉ

INGAZEIRA – PE

9h10 Entrega da Comenda Mérito Cultural 

Prefeito de Ingazeira, Luciano Torres

Entregue por Conselheiros Clênio Novaes e Junior Almeida

9h20 CONFERÊNCIA DE CAMPO E 

O GRANDE ENCONTRO DA FAMÍLIA MORAES

(Descendentes de Antônio Silvino)

As Passagens de Antônio Silvino 

Hesdras Souto e Osmano Moraes

9h50 Comenda para Antônio Silvino

“Personagem Eterno do Sertão”

Família Moraes

Entregue por Conselheiros, Carlos Alberto Silva e Josué Macedo Santana

10h – VISITA ÀS CASAS DAS IRMÃS DE ANTONIO SILVINO

10h30 -SAÍDA PARA VISITA TÉCNICA EM JABITACÁ

Jabitacá – Passagens do Cangaceiro Meia-Noite

IGUARACY – PE

11h – SOLENIDADE –IGREJA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

JABITACÁ, IGUARACY – PE

11h10 Entrega da Comenda Mérito Cultural 

Prefeito de Iguaracy, Zeinha Torres

Entregue por Conselheiro Ângelo Osmiro

11h15 Entrega e Consagração Comenda de 

“Lugar de Memória Cariri Cangaço”

Igreja Nossa Senhora da Conceição

Entrega por Conselheiros Geraldo Ferraz e Narciso Dias

11h20 CONFERÊNCIA DE CAMPO

Passagens do Cangaceiro Adolfo Meia-Noite

Moustafá Veras Afogados da Ingazeira PE

12h30 Retorno Afogados da Ingazeira

TARDE LIVRE

NOITE

18h30 – PAINEL E DEBATES

Auditório da Câmara Municipal

Dr. Roberto Nogueira Lima, 236, Afogados da Ingazeira – PE

19h – LANÇAMENTOS E APRESENTAÇÃO DE LIVROS

Antônio Matilde – O Mestre de Armas de Lampião

Bismarck Martins Pocinho PB

Lampião em Serrinha do Catimbau

Junior Almeida Capoeiras PE

Francisco Ricardo Nobre, o Inglês da Volta e sua descendência

 de Yoni Sampaio & Geraldo Tenório Aoun Recife PE

por Joaquim Pereira Recife PE

Diário do Cangaço – Das origens da cidade de Vila Bella 

a ascensão de Lampião 

Paulo Cesar Gomes  Serra Talhada PE

19h30 – Entrega de Comendas “Mérito Cultural Cariri Cangaço”

Tenente João Bezerra da Silva (in memorian)

Entregue por Conselheiro Bismarck Martins – Pocinho PB

Tenente João Gomes de Lira (in memorian)

Entregue por Conselheiro Louro Teles – Calumbi PE

19h40 – CONFERÊNCIAS

Tenente João Bezerra da Silva: O Comandante de Angico  

Paulo Britto  Recife PE

Tenente João Gomes de Lira: Memórias de um Soldado de Volante

Rubelvan Lira Nazaré do Pico PE

Clóvis Lira Afogados da Ingazeira PE

Manoel Arão: O Maior Literato de Afogados de Todos os Tempos

Saulo Duarte Flores PE

22h – APRESENTAÇÕES ARTISTICAS NA PRAÇA

21 de abril de 2024- Domingo

MANHÃ

8h -SAÍDA PARA VISITA TÉCNICA EM CARNAÍBA

8h45 VISITA AO MONUMENTO AO POETA ZÉ MARCOLINO

Santo Antônio – Carnaíba PE

9h VISITA AO MUSEU DE ZÉ DANTAS

Praça de Eventos Milton Pierre s/n Centro – Carnaíba PE

Apresentação da Banda de Pífanos do Riacho do Meio

Cíço do Pife e Joel do Museu da Saudade

9h10 Entrega da Comenda Mérito Cultural ao Museu de Zé Dantas

Entregue por Conselheiro Emmanuel Arruda

10h VISITA À CASA E BUSTO DE ZÉ DANTAS

ENCERRAMENTO

CARIRI CANGAÇO AFOGADOS DA INGAZEIRA

Carnaíba – Ingazeira – Iguaracy

Pernambuco –Nordeste do Brasil

Realização

Instituto Cariri do Brasil

Conselho Alcino Alves Costa – Cariri Cangaço

Apoio na Realização

Prefeitura Municipal de Afogados da Ingazeira

Prefeitura Municipal de Carnaíba

Prefeitura Municipal de Ingazeira

refeitura Municipal de Iguaracy

Apoio Institucional

SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço

ABLAC – Academia Brasileira de Letras e Artes do Cangaço

ABRAES – Academia Brasileira de Estudos do Sertão Nordestino

GECAPE – Grupo de Estudos do Cangaço de Pernambuco

GPEC – Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço

GECC – Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará

Borborema Cangaço

CPDOC – Centro de Pesquisa e Documentação do Pajeú

IHGP – Instituto Histórico e Geográfico do Pajeú

CARIRI CANGAÇO     

Especial: Madé Weiner: da atualidade de resignificar técnicas das artes visuais

 

Por Marcio de Lima Dantas 

Sempre evitei falar de mim, 

falar-me. Quis falar de coisas. 

Mas na seleção dessas coisas 

não haverá um falar de mim? 

João Cabral de Melo Neto * 



Madé Weiner (São Vicente, 1949) foi bastante precoce ao seguir o seu  pendor para a arte, aos cinco anos desenhava as tias e o seu jabuti. Não causa  espanto o fato de aos 23 anos, aportar em Londres, com 30 anos inicia seus  estudos sobre arte. Essa permanência conduziu-a a tentar preencher os hiatos  que foram sendo deixados nas rodagens e marginais, como se fossem  impostas pela vida. É então que estuda no Waltham Forest College. Porém,  tudo indica que não conseguia mais mapear onde perdera a calma (Quem tem  alma, não tem calma, Fernando Pessoa), corroborando essa ausência de  tranquilidade, estuda de 1983 a 1985 na Open Foundation Course in Art. 

Não seria justo esquecer de arrolar os professores/mestres ao longo de  tempos nos quais a disciplina e o talento outorgaram a tão conhecida boda que satisfaz não somente uma alma, imprime júbilos nos que apreciam a arte  e fazem do contemplar telas, plenas de pathos, um sal e um condimento para  uma presença no mundo, em busca de um sentido para suas respectivas  existências. 

Estudou pintura com Nick Wyndham, Bob Waltman e Keith Mac. Passando  pela cerâmica e tecelagem com Rogério e Anne. 

A nossa artista parece não precisar com exatidão o momento no qual houve a cisão entre uma rotina do que chamam “mulher” e uma tomada de ação que  a conduziu em direção a uma convivência pacífica com uma inquietude da  alma, possibilitando conviver com seus demônios, não havendo outra  solução: a arte é esse chafurdo interior no qual não se procura, todavia acaba  encontrando. Oxalá possamos especular do surgimento dessa personalidade:  a mãe falece aos 22 anos, quando ela caiu no mundo: nascida. Adotada por 

Tia Alzira, uma senhora que tinha uma loja de tecidos e costurava como um  alfaiate. 

O amanho das tantas técnicas estudadas, ancorou seu talento no pastel seco,  dando à luz a toda uma sorte de representações, quer sejam de torsos nus ou  marinhas. Creio ser necessário uma classificação dos trabalhos da artista.  Vejamos. 

Modelo vivo (1), Marinhas (2), Cerâmica de alta da temperatura (3), Pintura  (4): acrílico, carvão, nanquim e pastel seco. 

No que concerne ao modelo vivo (1), quase sempre os corpos limitam-se à  retratação do torso. Dificilmente aparece um rosto. Há que lembrar que a  artista não busca comprovar seu domínio sobre a técnica do pastel seco. Os  corpos aparecem em recortes, demonstrando que o interesse não é sobre a  individualidade, sobre a persona de um sujeito, mas sagra a perspicácia de explorar o volume e a forma por si mesma. Refratando deliberadamente a  ausência de apego à figura de um provável sujeito detentor daquele corpo. 

Não existe interesse pelo semblante, basta observar e imprimir no papel os  meandros de um corpo masculino ou feminino, fazendo valer um domínio  sobre a técnica pastel seco, manuseado com grande mestria. 

Assim sendo, sua retratação de modelos vivos não se atém tão-somente aos  torsos nus. Há um caderno, dos anos 80, cujas páginas repletas de perfis,  quase sempre masculinos, e com autêntica desenvoltura, manuseando  diversas espécies de lápis e cores, refletem uma desenvoltura com relação ao  desenho acadêmico. Com poucas linhas nuas sobre o papel consegue dar  conta de uma personalidade, através dos olhos ou dos contornos dos lábios,  ou cabelos revoltos. 

Com efeito, pode até parecer exagero, mas esses cadernos resguardam um  dos melhores momentos da artista, no que concerne ao domínio do desenho  acadêmico. Na verdade, qualquer retratação interna ou externa, qualquer que  seja o campo de criação artística, sucede aqui uma habilidade com enorme  consciência do que está elaborando. 

Vejamos as marinhas (2). Afora de qualquer dúvida, uma das séries nas  quais a expressão estética revela a necessária longanimidade, para que as  razões primárias venham à tona e habite mãos, e pensamentos daquela que  contempla os recortes da natureza. De ânimo pronto, a artista aceita  apascentar formas, volumes, cores e nuances, conduzindo com ordem e  consciência, estabelecendo a necessária relação que o fazer artístico precisa  para vigorar com intensidade, legando aos olhares dos tantos interessados na 

compreensão/curiosidade de um vir a ser diferente da realidade a qual  estamos habituados. 

Há certas invariantes nas Marinhas. Tudo faz crer de um primeiro plano  evidenciando formações rochosas em cores várias, podendo ocupar 2/3 do  enquadramento. Aqui ocorrem as falésias, formações rochosas ou as dunas que concernem ao relevo das nossas praias. A artista aspergiu o seu talento  e domínio técnico do pastel seco com grande mestria, mas também é possível encontrar acrílica sobre tela. 

Até certo ponto, lembra-nos, algumas Marinhas Dorian Gray, cujas telas  remetem a uma indecisão entre o figurativo e o abstrato, talvez onde este  pintor tenha atingido sua excelência como detentor de um domínio beirando  a perfeição dos seus gestos, das técnicas e das cores com as quais modelou,  por meio de um compromisso com os pendores da sua psiqué. E assim foi  capaz de plasmar uma série de telas nas quais a indeterminação entre os  planos figurativos e abstratos esplendem diante do expectador a beleza de  sua arte (tekhné). 

Sim, há também uma série deveras interessante em Madé Weiner. São as  naturezas-mortas, em acrílica sobre tela, de um requintado primor na  consecução do que parecem ser flores passíveis de causar estranhamento,  pelo fato de não remeterem à botânica nossa conhecida. É o caso de uma flor  em tons azulados, visivelmente riscada com a técnica do pastel seco, rebenta  como se fosse plissada em um tecido, mas não deixando aquele que  contempla sem a ambiguidade da dúvida acerca de que espécie se trata.  

Na cerâmica de alta temperatura (3), queimada a 1000º, também conhecida  como cerâmica vitrificada, parece que a artista se sente mais à vontade, sem  os rigores e as exigências de outros meios de alcançar o timbre estético de  uma peça. Nesse sentido, o sentimento suplanta o excesso de cuidados e  consciência necessários a uma feitura subordinada a determinadas leis  deixadas pela tradição, como, por exemplo, no uso do pastel seco, muito  usados pelo Simbolismo e Impressionismo. Sendo aquele que vem ao mundo como um assinalado, com o farnezinho de articular coisas do espírito (no  caso, aqui, artes visuais), fica com uma dívida para com estilos históricos,  sobretudo os que passam pelas escolas de Belas Artes ou coisa assemelhada. 

E se não consegue superar, dado o cabedal de movimentos, vanguardas,  tradições, que estão sedimentados onde se deseja pisar, pode ser que logre  encontrar uma alternativa diferente para ir de encontro a mesmice que repete  o refrão tedioso aos pósteros. Não vale é ser discípulo comedido e sem as  necessárias rupturas para inaugurar uma assinatura singular.

Suficiente deitar os olhos com atenção, para se constatar na cerâmica  vitrificada o predomínio da linha curva. Ausentes de ângulos retos, as formas  orgânicas demonstram sua opulência e maleabilidade, sem a simetria  bilateral ou radial. Há que buscar estabelecer relações com o que se encontra  mais próximo ou determinadas formas a que estamos acostumados. Eis o  surgimento de totens, estelas, fragmentos de fachadas de edifícios. Assim  nos vem o estilo Art Nouveau, o parentesco mais próximo no tempo e no  espaço, na medida em que Madé Weiner morou durante tanto tempo na  Europa, berço desse estilo. 

Curioso que a artista usa, e admite, a Cerâmica Vitrificada como espécie de  possibilidade mais amena de expressão. Fica difícil não evocar o Regime  lunar e noturno da deusa Selene, cujos atributos evocam o que fomos  acostumados a compreender como “feminino”, mas que no imaginário não  existe a pureza. Há que compreender onde auras simbólicas envolvem cada  fenômeno, deixando entrever as possibilidades de sínteses entre o Regime Diurno e o Regime Noturno (Gilbert Durand, As estruturas antropológicas  do imaginário).  

A artista abandona provisoriamente os domínios da musa Érato (poesia  lírica), desde sempre sua protetora, e conduzindo-a aos ambientes mais  íntimos, haja vista os torsos nus, na clausura de possíveis alcovas, na qual  corpos masculinos e femininos permitem o olhar atento de quem desenha; os  perfis de rostos desenhados em um caderno, as tomadas da natureza,  salientando aspectos pouco apreciados, ou originais naturezas-mortas. E saindo, provisoriamente, dessas abordagens que se voltam para o âmago, não  importando se existe um ethos narrativo ou não, compraz-se em ângulos que  detém um valor em si, e não por relação. 

Ora, para onde ia incensar outros altares, se não para a musa Calíope  (narrativa, eloquência, cura a melancolia, dom da adivinhação)? À la  recherche de temps perdu, começa a organizar uma série intitulada “Dossiê  do semiárido”, retomando fatos e lembranças da infância, em uma  corporatura que fora depositada em sua mente por um amigo chamado  Joaquim Sabão, que servia de companhia na loja da tia, atualizando-a nos  informes acerca da cidade. 

Nos últimos trabalhos é que se voltou, com uma espécie de pressa (o tempo  urge!). Para retratar aspectos e personagens da pequena cidade de onde é  oriunda: São Vicente (antigamente Saco de Luísa), localizada no Seridó,  onde o sol é mais inclemente, nas terras áridas do Rio Grande do Norte. Eis

que surge Zefa, desenhando novas linhas de existir, reconsiderando valores  a que estava habituada, após ser deixada por Abdias. 

Houve, antes disso, um affaire entre Zefa e um barbeiro que só vinha à cidade  nos sábados da feira, conduzindo o que chamavam “mala cheirosa”, onde  havia toda espécie de utensílios para se fazer cabelo e barba. Em Zefa ele  dera uma geral, pelos externos e internos. O marido enciumado abandona-a.  Com a ruptura do casal, a mulher é deixada só e com três filhas. Ao que  parece, era vivedeira. Também pudera, nessas terras de vegetação xerófila,  haverá de ser outra coisa que não se reorganizar e enfrentar os dias quentes? 

Então, surge, na rua Velha, um novo meio de vida: uma animada casa de  recursos, atraindo os homens da polis, povoada por grande diversidade de  mulheres, aberta só durante a noite, visto que durante o dia trabalhavam na  feitura de redes. O freguês elege para diversão a que tipo de prostituta é mais  condizente com a aura de determinados dias. Mas também pode ser fiel a um  costume, sempre o fascínio por uma sorte de meretriz já conhecida no  alcouce. 

A necessidade de organizar as meretrizes na Casa de Recursos da Rua Velha,  através da retratação em telas, parece conter uma pulsão que remetem à  noção de arquétipos, irmanados por força centrípeta, ajuntando as mulheres  e fazendo-as representar no grande teatro do mundo. Necessário papel para  que o palco da vida e suas leis do cotidiano, tenha uma dinâmica. Ainda, o  lupanar acolhia as mulheres que não se enquadravam no status quo de uma  sociedade regida pela necessidade da vigilância e da implacável punição  (Foucaut). Fosse quem fosse, sempre houve o inevitável do outro um tanto  vulnerável, um muito de ingenuidade, o cotidiano como o dia que se achega  com suas errâncias, ser apontado como “anormal”, para que o grande coro  social não desafine. Como era de se esperar, João Sabão recebeu a pecha de  “doido”. Assim se fez, por uma necessidade (dynamis) que rasga as duas  mãos: uma de dentro (psique) e outra de fora, do coletivo (enteléquia).  Emprego livremente a terminologia de Aristóteles. 

Com efeito, Zefa, a comandante em chefe do Cabaré, era obesa, para  completar a compleição do que o destino conduzirá a vir a ser uma cafetina,  por não valer no lupanar pelos atributos do corpo, rege-se pela perspicácia  dos olhos e da audição, exclamando seu verbo persuasivo a imprimir valias  do ambiente nos fregueses. Nininha era a dançarina, animando por meio do  corpo e da música o bordel. Lica era mais recatada e misteriosa, talvez por  não se interessar muito pela retórica. Ziruca era a mais falante, um tanto  extrovertida, a eloquência era parte do seu charme. Em síntese, como 

dissemos, a musa Tália (da tragédia e da comédia/festividade) regia os  carrilhões que movimentava a cena viva que é o humano em evidência. Teatro ou circo: quase a mesma coisa. 

Deixe ver se ainda posso acrescentar algo. A obra da artista Madé Weiner  configura-se como espécie de inópia, em cuja corporatura subjaz o traço  vincado de uma aproximação com sua história de vida. Mesmo tendo ido  parar em Londres, locus onde aprendeu todo um conjunto de técnicas, e ao  que parece, foi-lhe incutida a necessidade da disciplina, do método e da  consciência de se deixar habitar pelo trabalho para com a arte. Havendo que  lembrar que toda uma constelação de imagens e enxames de símbolos  estavam amainados no seu imo, desde sua infância de órfã criada por uma  tia costureira. Quando juntou as duas pontas do seu percurso, voltando para  si mesma, chegando em São Vicente. 

Também faremos a cobra engolir seu rabo. Encerramos como começamos,  com o poeta pernambucano. “Homenagem renovada a Marianne Moore”  (Museu de tudo): 

Como saber, se há tanta coisa 

de que falar ou não falar? 

E se o evitá-la, o não falar, 

é forma de falar da coisa? 

João Cabral de Melo Neto *

Notícias.

 

CHUVAS PATU: Até 20 de Março de 2024 o acumulado de chuvas em Patu totalizou 476 milímetros, isso representa 38,5% do total das precipitações pluviométricas registradas no ano de 2023, que foram 1.236 mm.

PRAÇA DO POVO: A Praça José Pereira de Queiroz, “Praça do Povo” está sendo reformada pelo poder público municipal de Patu, através de recursos federais. A praça, conhecida também, como Praça da Estação Ferroviária, vai ganhar um marco histórico e patrimonial, trata-se de uma Máquina Locomotiva de Trem com dois vagões, que servirão de espaço de memória e exposição turístico-cultural. Os vagões servirão como espaços culturais, biblioteca e sala de exposição.

AULAS UERN: As aulas do primeiro semestre 2024, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – Campus Avançado de Patu – terão início em 01 de abril. Não é mentira, fique ligado.

ELEIÇÕES MUNICIPAIS 2024: No ano de eleições municipais, a cidade inteira fica envolvida com as articulações políticas, no sentido das possíveis chapas que concorrerão ao pleito municipal, para prefeito, vice-prefeito e vereadores. Para prefeito e Vice prefeito, situação e oposição já anunciaram os seus nomes: Pelo Bloco político da Situação os pré-candidatos são: Ednardo Moura (prefeito), Lucélia Ribeiro (vice-prefeita). Pelo bloco da oposição, os nomes anunciados são: Bruno Dantas (Carrapicho), prefeito e Ana Karla Figueiredo (Kaká de Bodinho),Vice-prefeita.

CARIRI CANGAÇO: Depois do grande sucesso do I Simpósio Cariri Cangaço – Catolé do Rocha-PB, a organização realizará no período de 18 a 21 de abril do corrente ano, o Cariri Cangaço: Afogados  da Ingazeira, Carnaíba, Ingazeira e Iguaracy. Cariri Cangaço – Território de Grandes Encontros.

PAIXÃO DE CRISTO: Vem ai, mais um espetáculo teatral, "Paixão de Cristo”. O espetáculo é composto por artistas locais e será exibido no período da Semana Santa, 28 e 29 de março de 2024,  no adro da Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, Patu-RN.
 

Especial: Das tantas escrituras pictóricas de Ângela Almeida

 Por Márcio de Lima Dantas



Era assim que pondo ao meu alcance os mais sublimes segredos, sabíeis, Madre, dar à minha alma o alimento que lhe era necessário...

Santa Teresa de Lisieux, História de uma Alma, A 19v.

1. Ângela Almeida (Mossoró RN) é uma artista visual dotada de uma sempre presente inquietude, levando-a a engendrar toda uma sorte de séries, conduzidas quase sempre pelo domínio de um desenho evocador dos delineamentos do riscado acadêmico. Assim, estabelece uma distância e uma própria singularidade, na medida em que os desenhos esboçam formas concisas, apenas sugerindo quase sempre bustos, inscrevendo uma outra ordem de onde emanam intentos, ao que parece, advindos de uma espécie de busca interior. 

Como exímia observadora do comportamento humano, manifestando-se em uma incansável busca de retratar pessoas em situações de relacionamentos interpessoais ou tão-somente na solidão de um estar. Nosso corpus para efeito de análise restringe-se a quatro séries da artista.

Mesmo sabendo dessa impossibilidade, - acredito que todo artista tem consciência dessa luta contra o domínio apressado de Cronos, - mas persiste, soletrando um punhado de sílabas acumuladas no seu íntimo. Pode até ser que alguns conjuntos de vocábulos sejam resultados de leituras, visitas a museus e exposições, interação com outros artistas, mas há também o que integram as percepções individuais, habitando nosso ser, impulsionando à criação de um mundo que não diz muito daquele que nos rodeia, mas incorpora haveres dotados de um outro viés, assim como se fosse matéria de uma trajetória oblíqua, com o intendo de questionar o que nos rodeia.

Em suma, ao acrescentar objetos de arte aos contornos que nos cercam desde sempre, também se indaga acerca da gramática que move nossas vidas, concluindo que grandes nacos de acontecimentos refogem do nosso controle, ou seja, muita coisa se inscreve no que podemos nominar de surpresas. De um muito aparecem sem que procuremos ou possamos levar a “culpa” do que nos sucedeu ou bateu nossa porta. Resta a lição da sabedoria: resignação e conviver a chegada daquele elemento. Cada série: pintura, desenho, fotografia ou a simbiose de duas ou três dessas mídias, produzindo um belo objeto de arte, cujo proveito evoca o sentido da visão resguardando uma sintaxe extremamente singular, plena de diferenças com relação ao que conhecemos no conjunto das nossas artes plásticas. 

2. Ao que parece, a artista é habitada por uma inquietude nos seus músculos e sentidos que a conduzem a sempre inaugurar uma nova série, circunscrita ao conjunto da sua obra, com uma inequívoca maneira de soletrar seu idioma estético, nas compleições que circundam os seus trabalhos. É importante lembrar o raio, em uma amplitude bastante extensa, permitindo repousar novas séries, como se fosse uma cacimba de areia, no qual a artista retira o solo, nunca encontrando o fundo.


Sendo assim, tudo conduz a que a artista optou por insistir em uma permanente experimentação de traços, semânticas, cores, desenhando com maestria as séries cujos campos da estética favorecem os dotados de talento e de um feliz desassossego que opera uma espécie de cansaço, conduzindo a artista a dar com brevidade encerrada uma série, levando-a a contemplar outra seara, para saber se já é tempo de uma outra sega. Parece ser assim que funcionam os que lidam com a estética de maneira buliçosa. Para além do feito, eis que o ânimo se detém sobre um novo trabalho.

Sucede, na verdade, um precioso acervo plástico advindo de uma espécie de negação emanada do íntimo da artista. Que sorte de negação? Ora, isso é o que não falta na condição dos humanos quando se faz necessário nos relacionamentos interpessoais, no trabalho, na família ou em tudo o que diz respeito a resolver tarefas do cotidiano, com sua azáfama perpetrada pelo bulício que concerne a toda herdade ou mesmo lugar de trabalho.

Com efeito, aqui é um desassossego criativo, recebendo o timbre indelével e o monograma notável da artista, que há décadas não restringe seu trabalho às inúmeras series eivadas de um phatos cuja mescla denota uma responsabilidade para com seu fazer artístico. Quero dizer,

Não apenas no sentido de uma consciência com rasgos plenos de implícitos históricos, que qualquer intérprete/expectador consegue estabelecer as conexões com a tradição, sem maiores esforços. A artista também ateve-se a escrever livros resgatando muitos de nossos artistas esquecidos.

3.Vejamos quatro séries de Ângela Almeida. A primeira (1) é de extrema beleza. Imperam flores miúdas, fulgindo formas, flores, texturas e um background que pode ser monocromático ou de um matiz indeciso, tão- somente para efeito de contraste, ressaltando as flores. Por vezes, aparecem discretamente arabescos em espiral, como ornamentos foliáceos, imprimindo um efeito decorativo, sem que se perca o foco principal, ou seja, as flores em uma placidez dotada de extrema simplicidade, quase sempre de cinco pétalas.


Com efeito, não há uma evocação que possa remeter a prados com flores silvestres; o que parece mesmo, - tanto na disposição espacial das flores, quanto nos matizes empregados com o propósito de almejar uma harmonia,

- enquadradas nos limites da tela. Quero dizer, de uma espécie de pintura eivada de contrastes, tanto na seleção do matiz da cor hegemônica, quanto em monocromatismos.

Talvez a beleza repouse justo em uma variação sobre o mesmo tema. Ia esquecendo de um elemento sobremaneira importante. Há uma luz procedendo de algum lugar dos requintados arranjos de flores, constituídos de massa acrílica sobre tela. Essa luz, como sói acontecer, teoricamente haveria de proceder de uma fonte exterior ao quadro. Contudo, isso não pode ser constatado, pois a luz irradia de dentro para fora, revelando a maestria da artista. 

Sendo assim, não parece que as flores sejam “de mesmo mesmo”, mas muito mais como resultado da vontade deliberada da artista, comemorando na opção de viver / a graça de viver (Carlos Drummond de Andrade), por meio de algo que não pode ser fruído por relação ao que eventualmente poderia se encontrar na realidade. As telas detém um valor por si, não por relação. A arte, desde sempre, não foi considerada uma maneira de se esquivar do mundo real, incorporando formas advindas de passionalidades, de inquietudes de um artista, que, por sua vez, conduz formas e imagens para uma consciência refratadora da realidade? A arte existe para que a realidade não nos destrua (Friedrich Nietzsche).


Creio que essa série, talvez possa ser eleita como uma opus magnum dos últimos tempos da artista, detém um ethos metalinguístico, na medida em que as formas, as cores a luz e a disposição espacial, remetem ao que se encontra representado, ou seja, o código se compraz em se voltar sobre si mesmo, como se fosse uma espécie de oferenda ao ato de pintar, sem ao menos precisar de um pretexto fora do comprimento e da largura do substrato onde foi pintado. Vibra determinada por leis próprias, estabelecidas, provavelmente, por um assuntar como ficaria melhor e distinta de outros artistas visuais. Ora, o que nos faz apontar esse caráter metalinguístico? É a função dominante (Roman Jakobson), tendo em vista que a mensagem utiliza o próprio código. O código é o meio pelo qual a mensagem é enviada. A metalinguagem discorre acerca da linguagem a qual se detém, chamando atenção para si.

Pode haver uma consciência no ato de criar, como parece ser o caso da nossa artista. Mas é possível arrolar alguns exemplos advindos de outros meios, sendo que todos detém em comum o fato da literatura falar da literatura ou a pintura falar da própria pintura: A hora da estrela, Clarice Lispector, As meninas, de Velazquez.

Por fim, há que não esquecer o pendor, em se tratando da linguagem verbal, para o próprio código lexical de uma determinada língua. Isso os linguístas fizeram uso desde sempre, os etnógrafos também. Essa teoria da comunicação é suficientemente dúctil para que estendamos seu esquema principal em direção à análise e interpretação de outros meios; aqui, na pintura.

Com efeito, essa apropriação de esquemas organizados pelo linguista russo- americano, Roman Jakobson, não é indevida. Permitindo que tenhamos em vista outros códigos. Aqui, fizemos uso da pintura e do desenho, tomando como ponto de partida o trabalho de uma artista madura e consciente do que está fazendo. O corpus, para efeito de análise, é o recorte de uma obra que não nega advir de uma mulher madura e detentora da habilidade de manusear os meios para inaugurar a cada trabalho uma espécie de sega que vai sendo formada e maturada, necessitando de um ceifador hábil, dotado de mestria teórica e prática.

4. Vamos a segunda série (2). Inaugura-se a presença humana por meio de expressões faciais. Podendo ser corpos masculinos com flores que emanam de ambos os lados ou apenas da direita ou esquerda. Todos os rostos parecem propor um olhar voltado para quem os engendrou: estão firmes na sua natureza de “posados”. Tais como retratos em preto e branco.

Nesse sentido, podemos ver toda uma sorte de figuras com seus rostos coloridos. Bustos, com frases. Por vezes, é possível detectar um hieratismo, visto que não há gente em sorrisos. No início da série ocorre a retratação de homens, com flores. Estão em pé.


Esse mapeamento de feições nos conduzem a compreender as séries como se fosse uma cartografia provisória de semblantes e posturas. Falo no sentido de que não perfazem um caráter permanente, nem se pretendem dar conta das janelas da alma, sobretudo quase sempre relacionados ao deslocamento dos olhos e ao movimento da boca. Os conhecidos cinco sentidos, mais a intuição, cingem o rosto de reflexos emanados da experimentação deles quando do contato com sabores, texturas, quenturas, odores, presentes no entorno do que nos cerca.

Entretanto, qualquer que seja a espécie de desenho, ensaiando alcançar a medida do que um semblante pode proporcionar, se constitui como válido, se o intento do artista for remeter para uma individualidade um aspecto facial; depois, circunscrevendo a determinado arranjo capaz de elaborar variações sobre o mesmo tema.

5. A terceira série (3) apresenta-se com rostos masculinos e femininos pintados qual soldados que estão no front de uma guerra. Borrados em tons negros, azulados, verdes e roxos. Contudo, há o contorno da boca e dos olhos sobressaindo das manchas, límpidos, sem borrões, talvez deixando entrever o que é mais importante para a compreensão de um olhar externo, em um ensaio de retratos alcançados através de inúmeras técnicas, uma tentativa de que pretende, através de uma enorme gama de retratos de pessoas, captar semblantes. Parece buscar circunscrever, por meio de um mito obsessional, três séries, com inúmeras possiblidades de caras, captar sentimentos emanados das vastas regiões interiores que nem sempre podemos ter acesso nos nossos semelhantes. Ora, se não conseguimos nem palmilhar nossas pradarias interiores que, por vezes, nos movem e nos colocam em certas situações, quantas vezes nos perguntamos: Que quer isto dizer? (Atos, 2:12).

Ao que parece, para a artista Ângela Almeida, a arte se assemelha a uma espécie de lagar, não apenas com o sentido de purificação, mas, sobretudo, com a intenção de adentrar por uma distinção entre o que se constitui como supérfluo e o que é essencial. Há que lembrar que a verdadeira arte se reveste de uma essência, lançando seus vetores de formas, texturas e cores para o futuro. Dificilmente um artista trabalha buscando aprovação de quem quer que seja. Sim, trabalha por apelos íntimos da sua alma. Assim como se fosse uma necessidade de se esquivar do mundo, com suas amálgamas de toda uma sorte do que há de mais superficial, e de poucos apelos que possam atrair determinados tipos de pessoas.

É inegável compreender desde sempre que o artista ama a rotina de sua casa, os dias sempre iguais e sem novidades, a impaciência de tolerar determinadas presenças de visitas. Quero dizer o que se passa na cabeça da maioria, onde tudo isso causa estranheza (em uma sociedade de consumo, ostentação e disputas entre as pessoas), todavia para o artista a rotina com suas aras edificadas por ele mesmo, ao longo de um trajeto definido por seus pendores, habitantes de regiões abissais, nas quais sempre há depósitos de ex-votos.

Seria descuido meu lembrar que a deusa Mnemósyne (Memória) é irmã do deus Cronos (Tempo)? Esse grau de parentesco serve para refletirmos o quanto a memória tem a ver com o tempo. Há que lembrar, na sociedade contemporânea, o pouco caso conferido à deusa Mnemosyne. Malgrado essa situação do ar do tempo, atestada por tudo e todos, os mais atentos. O artista permanece como alguém representante de uma pequena parcela da população. Bem claro que tal fato não resguarda uma consciência, pode muito bem ser inconsciente, imprimindo uma assinatura com enorme desdém para com uma sociedade do consumo e do esquecimento.

6. A quarta e última série (4), por serem os retratos delineados graças a uma deliberada economia de meios, distinta das demais, nas quais foram usadas cores, formas, volumes, adornos, em uma empreitada de, ao variar por meio de uma compleição que nunca havera de interar, acaba por denunciar um desassossego de espírito da autora com essas quatro séries. Benfazejo sentimento! Capaz de adicionar à nossa tradição pictórica modulações que poucos artistas foram capazes de alcançar. Por certo, há que compreender esses rostos e retratados de homens e mulheres, animais e plantas, em um despojamento cotidiano por meio de olhares quebrantados de rotinas, como uma espécie de mapeamento em busca de fixar as tantas possíveis feições do humano quando em evidência.

Não há o instantâneo, mas há que observar um silêncio para posar diante das mãos da artista. Usanças estão mais predispostas a, de chofre, se darem a entender, através, como já dissemos, dos deslocamentos de olhares e do estuário da boca, capaz de não apenas de denunciar, junto com o timbre da voz, alguns tiques previsíveis, mas também detentora de uma capacidade de imprimir torneios nas falas, vindo a ser dissimulação.

Parecem ter sido decalcados de nichos onde o humano desenha seus ritos. Em uma ausência de pudor, na medida em que não se permitiram o manuseio da inautenticidade ou retirar alguma carta da manga, em primoroso gesto simulando o ganhar sempre sobre o outro. Mas também há que remarcar os retratos de pessoas em dar-se natural, como duas mulheres sentados uma ao lado da outra, homem de bicicleta, mulher com o gato nos braços.

Esses desenhos de pessoas, mesmo as que estão sozinhas, subentende-se o ser-em-relação, quase sempre plenos de um phatos (sendo que aqui o termo é usado livremente, não estimula o sentimento de piedade ou tristeza). O que os faz dignos de uma detida contemplação, assim como fora uma identificação de usanças desde sempre conhecidas, reconhecidas em outrem ou manuseadas nas práticas cotidianas de ser ou de estar

7. A arte existe porque a vida não basta.

(Ferreira Gullar)

Segundo me disse a artista, não acontece um planejamento anterior ao ato da pintura ou desenho. Ao que parece, deixa acontecer. Porém, essa atitude não invalida o domínio sobre os meios (tinta acrílica, caneta à prova d’água, lápis museu aquarelle carandache, tinta guache muito diluída, assemelhando-se à aquarela). A artista parece se garantir. Consabido é que quando o artista domina os meios nos quais trabalha, ele se põe à prova, como se tateasse seu corpo ou sua alma na busca incessante de outras formas, de muitas, de diferentes formas, das tantas que já experimentou, das muitas séries que vieram a lume, outorgando às formas do real, cujo substrato é a impermanência, uma nova gramática calcada em novos vocábulos não dicionarizados, possibilitando adentrar pelas sendas De vera, o que a artista está procurando, nesse fértil leito no qual repousam uma infinidade de fisionomias?

E como alguém apressado em se desvencilhar de utensílios manuseados, com as marcas do presente, por já ter feito o bom uso, lança para um passado próximo essas engenharias, que foi extrair dos desenhos em contornos das feições do humano, em evidência de movimento, virilidade e pausas provisionais, “cheios de passado” (Clarice Lispector). Compete ao artista fincar firme uma estela com seu nome e número, para que o futuro outorgue, (ou não), as sílabas de Mnemosyne, espanando a poeira negra da morte, ameaça sempiterna para todos os morituros. Assim como disse Fiama Hasse Pais Brandão: o tempo faz e desfaz.

Assim dizendo, doravante, quem plasmou arte, há que incensar oferendas votivas às sentinelas das portas bem aferrolhadas do futuro, acreditando em si e no valor do seu trabalho. Isto é, as mãos da artista, no qual uma disciplina diária logrou domar o desassossego de uma potência presente no seu temperamento, história de vida e forças que foram se agregando, por fim, obtendo guarida nas mãos dessa mulher: Ângela Almeida.

quarta-feira, 6 de março de 2024

Especial: Caroline Veríssimo: de uma beleza cujo avesso é o direito.

 


Por Márcio de Lima Dantas 

Porque, agora, vemos por espelho em  
enigma; mas, então, veremos face a face;  
agora, conheço em parte, mas, então,  
conhecerei como também sou conhecido. 

 Coríntios 13:12 

Caroline Veríssimo (Mossoró, 1997) é formada em Artes Visuais pela Universidade  Federal do Rio Grande do Norte. Logo cedo, interessou-se pelo bordado livre e pela  ilustração digital, vindo a aprender a bordar através de vídeos na Internet. Dessa maneira,  direcionava seu trabalho para dois vetores: valorizando a arte do desenho e resgatando a  mais conhecida forma de bordar: o bordado livre, usando a linha de meada de círculo.  Desde sempre conhecida nos bordados advindos da cultura popular. Mas é preciso  remarcar que essa artista detém uma pronúncia original, pois o bordado tradicional foi o  ponto de partida para que decalcasse sua gramática estética. A artista confessa que  aprendeu a bordar buscando sites que ensinam a bordar, é bom lembrar que aqui há uma  profusão de bordados, sugerindo tecidos, agulhas, linhas e estilos. 

Com efeito, podemos categorizar sua obra em duas vertentes, cujas técnicas são bastantes distintas. A primeira são os bordados, com releituras intervenções da artista. Depois,  temos um declive para onde escorrem desenhos resultados do uso de um programa de  computador: o Procreate no Ipad, fazendo uso do tablete e caneta. 

Vejamos os bordados. Não há muito segredo, visto que a artista manuseia procedimentos  de há muito empregados nos limites dos bastidores. Para além do que se encontra entre  bordadeiras de pequenas cidades ou cooperativas, buscando fomentar e resgatar a arte do  bordado, para não apenas engenhar um meio de vida, mas uma ocupação saudável, regada  a conversas e opiniões de uma sobre o trabalho da outra. 

Com efeito, há um trabalho da nossa artista cujo resultado pode ser aqui empregado como  capaz de organizar uma metáfora resumidora do conjunto da sua obra. Falo de uma  andorinha bordada com apenas duas cores e seus matizes. Aqui constatamos a habilidade  de bordar da autora. A simplicidade do desenho, coisa sempre difícil de se lograr êxito  em arte, delineia o pássaro em seu voo, sobre um céu constelado de miúdas estrelas.  Talvez o fato de resguardar menos recursos em sua feitura, seja justo o que torna a  andorinha uma espécie de síntese do bordado como releitura contemporânea, na medida  em que os procedimentos manuseados desde sempre no bordado são mantidos, o que faz  a diferença são as intervenções por meio de acréscimos, como, por exemplo, o uso de  canutilhos ou contas coloridas. 

Outra coisa, a maneira como a autora apresenta seus trabalhos por meio da fotografia,  desde já parece fazer parte da obra. Muito interessante é que não abre mão da moldura dos bastidores, pondo o trabalho com um fundo que ressalta a beleza das suas obras. Não  há como não dizer isso, pois seus bordados são realçados, assim como se fossem integrantes dos desenhos, conseguidos por meios de cores ou discretas texturas. Contudo,  o bordado no centro dos bastidores detém um valor em si, não por relação. Creio que essa  maneira de fotografar um trabalho se deve ao fato de uma busca de evidenciar as cores  empregadas no bordado. Com relação ao nosso segundo arranjo, logo que nos detemos  sobre eles, é assaz curioso o fato de nos intrigarmos, visto deter um diferencial do que  conhecíamos até então.  

Com relação aos trabalhos da segunda arrumação, não são mais bordados, mas frutos do  manuseio de um programa de computador, configurando uma série de obras deveras  interessantes. Dois trabalhos retratam lugares de diversão da cidade: um bar e um cinema.  A ausência de uma perspectiva mais ortodoxa, tão cara aos pintores acadêmicos, como se  fosse uma obrigação, conduz o artista, - que não fazem uso dela, como, por exemplo, Paul  Gauguin -, a se valer de outros meios, quando se trata do figurativo. Há que lembrar,  também Paul Cézanne, cuja ausência da perspectiva parecia ser de caráter deliberado,  alcançando uma dicção estética de rara originalidade, para sempre. 

Com efeito, o Bar da Saudade se define por uma fachada e um conjunto de cadeiras de  plástico, no qual há apenas uma figura. Duas árvores parecem velar o que fora um dia,  talvez, frequentado. Agora restando uma lembrança. Salta aos olhos a simetria bilateral,  permitindo que se divida a tela em duas partes iguais. A cor ocre vai se repetir nos outros  três trabalhos. Como o ocre se opõe ao azul, e está relacionado à terra, ao que fomos  acostumados a indigitar como realidade, eis que sucede nos quatro trabalhos a recorrência  dessa cor. 

Na verdade, quase que desponta uma monocromia, só não o é por conta das outras poucas  cores da paleta predileta da autora. A parte da tela que compete ao céu, encontra-se no  firmamento um azul límpido, contrastando e fundando uma harmonia com a cor ocre. O  azul é a cor da imaginação, do oposto ao real concreto, por oposição aos tons em terracota.  Aqui ocorre a boda entre céu e terra. Em núpcias de uma possibilidade que nos conduz a,  mesmo que seja difícil, operarmos tentativas de fundir essas duas partes em uma unidade  que nos conduza a compreender o humano e sua condição plena de obstáculos. Contudo,  nada é impossível, considerando que o que nos aparece como inimigo também é nosso  aliado, pois nos ensina a arte da paciência. 

Por fim, não há como discorrer acerca de dois trabalhos extremamente interessantes. A  tomada vista de cima de um banheiro bastante comum, não há a visão da totalidade,  apenas ressalta o box e os azulejos que revestem em cor ocre. Não há motivo algum de  demandar o motivo pelo qual a figura humana não se encontra no recinto. Se faz  necessário contemplar parte de um banheiro com seu desenho e os azulejos de cor ocre.  Não é um banheiro, mas uma obra de arte. 

O outro trabalho é um terraço com quadro cadeiras de plástico, as mais modestas, visto  que se tivessem mais valia seriam de madeira ou outro material. Sobre cada cadeira um  gato dorme. A cor ocre assoma com grande intensidade. Os ladrilhos do piso e o fundo  do lugar são de cor ocre, sendo que há uma retomada do que fora outrora matéria de valor,  esquecendo o cimento queimado das famílias mais humildes. Era encontrado nas igrejas, 

com geometrias de rara beleza, alagando o sentido da visão de um puro prazer de colocar  os pés e desatar o enlinhado sentido da visão comum. 

Há um forte pendor para o adorno, mesmo que seja com parcimônia. O que interessas é  preencher o enquadramento através de múltiplos elementos. No caso do piso, há ladrilhos  (mosaico), como os de antigamente, imprimindo beleza a ausência da figura humana. As  paisagens ou cenas internas são revestidas de um silêncio sobrepujando o que se  contempla. 

Caroline Veríssimo resgata uma técnica de adorno conhecida e apreciada desde sempre.  Consabido é a valia do bordado em diversas culturas. Quando se desejava imprimir a uma  peça de tecido a elegância, a excelência e a delicadeza, bastava ataviar com bordados,  seja qual fosse o tipo de riscado. Não precisa ir muito longe, haja vista o uso nas roupas  femininas ou vincular ao sagrado, adornando as alfaias da Igreja Católica e os vasos  manuseados na liturgia: toalhas de altares ou mesmo as pequenas coberturas do sacrário,  do cálix, da âmbula, do ostensório. É interessante observar que a escolha de bordados  remete ao que podemos evocar como um conteúdo que torna todos os elementos mais  valorizados, franqueando às sendas que dizem respeito ao sagrado. 

Em suma, o bordado reveste toda e qualquer indumentária com uma aura de beleza e  simplicidade, chamando atenção para uma tradição que outorga às peças o que é digno de  recobrir os vasos sagrados ou cobrir os altares. Quase sempre se selecionava as melhores  bordadeiras para fazer esse trabalho. Não nos custa ainda lembrar o primor dos bordados  que se faziam nos pálios, véus de ombro, para serem usados na procissão de Corpus  Christi.  

Acontece que a artista aqui tratada procede a toda uma sorte de releituras do bordado,  tanto semântica quanto na intervenção de bordar com canutilhos ou pequenas contas,  fazendo valer as cores e texturas. 

Contudo, permanece o que se encontra desde muito concernente à arte do bordado: tecido,  agulha e linha. O mais diz respeito à criatividade de quem busca resgatar uma forma de  arte quase sempre associada ao silêncio e à concentração, pois que bordar, antes de  qualquer coisa, ocupa a mente, afastando determinadas espécies de pensamentos,  deixando-se estar junto a si, contemplando o que se é, em uma incondicional quietude,  lançando para bem longe o que atribula nossa alma, revestindo de paciência o que o  destino outorga de bulir com nossos nervos, transformando em enfermidades aquilo que  é da natureza da alma, mas há de lembrar que alma e corpo não estão dissociados. 

O ato de bordar também serve para engendrar um outro panorama, e que seja para si ou  para outrem. Nos limites circulares dos bastidores, o artista imprime uma outra gramática,  distinta da realidade. Antes de qualquer coisa, há o domínio de um desenho, assim como  se fosse uma pessoa com uma rotina previamente determinada, sabendo de antemão o que  virá acontecer: manhã, tarde e noite. Eis que o Tempo borda com suas linhas algo bastante  interessante, quer dizer, muitas meadas de linhas, com atenta preocupação de nunca  esquecer se o avesso e o direito estão alinhados em um concubinato gratificante para  quem lavra no tecido, não importando se isso ou aquilo difere do que conhecemos como  o mundo que nos rodeia.

Para não dizerem que fui omisso em se tratando de bordado, digo o seguinte: quando for  comprar uma peça bordada, olhe primeiro o avesso, se estiver igual ao direito, então o  trabalho é bom.