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quarta-feira, 27 de abril de 2022

Deputado Francisco do PT participa de inauguração de escolas em Macaíba

 



O deputado estadual Francisco do PT, líder do Governo na Assembleia Legislativa, acompanhou a governadora Fátima Bezerra na inauguração de duas escolas, na manhã desta segunda-feira (25), em Macaíba. 

A primeira inauguração foi a do Centro Estadual de Educação Profissional Professora Amazonina Teixeira de Araújo, onde estudam cerca de 150 estudantes em tempo integral, nas áreas de Informática e Planejamento e Controle da Produção. 

O lugar conta com laboratórios, anfiteatro, refeitório e quadra poliesportiva, entre outros equipamentos. "Esta é uma escola que não deixa nada a desejar ao padrão dos institutos federais. Fico muito feliz de poder participar de um momento como este", disse o deputado Francisco do PT, parabenizando a governadora pelo trabalho que vem desenvolvendo. 

Ainda no CEEP, o deputado Francisco entregou ao prefeito de Macaíba, Emídio Júnior (PL) e ao secretário municipal de agricultura, Cícero Militão (PT), ofício de emenda no valor de 80 mil reais, que serão investidos na agricultura familiar do município. 

Em seguida a comitiva foi para a Escola Estadual Auta de Souza, que foi reformada e ampliada. O prédio foi construído no mesmo espaço onde foi a casa da poetisa potiguar que dá nome a escola e a governadora Fátima Bezerra determinou a Secretaria de Educação e a Fundação José Augusto, que sejam desenvolvidos projetos de incentivo à leitura no local, que possam divulgar ainda mais o legado de Auta de Souza.

Fonte: Mandato Dep. Francisco do PT.

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Patuenses farão lançamentos de livros.



A APLA - Academia Patuense de Letras e Artes - vai promover neste dia 07 de maio de 2022, a partir das 19:00 h, na sede da Câmara Municipal de Patu, o lançamento dos seguintes livros: História do Município de Patu - terceira edição, do historiador Patuense Petronilo Hemetério Filho e do livro: Jovelina Ernestina de autoria de Francisco Írio de Paiva Moura.

Participem!!! 

Petronilo Hemetério Filho

Livro do autor Francisco Irio de Paiva Moura


Foto Recordação: Campeonato Matutão 1976 - Castelão em Natal.



Seleção de Olho d`Água do Borges participando do Campeonato Matutão de 1976 em Natal. Vários atletas de Patu jogaram por essa seleção.
Equipe: De pé: Edvaldo, Luis de Margarida, Joãozinho de Kidu (Patu), Tronqueira, Jocélio, Raimundo Quelemente e João Lavinho.
Agachado: Estênio(Patu), Tarcísio Godeiro (Patu), Pitucha (Patu), Jumar (Patu), Joninho, Jumar de Catolé e Dimas Gregório.

Fonte: Livro Olho d' Água do Borges Eia a sua História.
Autor: Francisco de Assis Barros.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Especial sobre o Cangaço: O retrato do cangaceiro Jararaca.

Por Márcio Lima Dantas.


Para os meus queridos tios Massilon e Rita.

 “Embora venenosas, são cobras mansas.”

Dicionário Aurélio.



1. Teoria

Para Roland Barthes, “toda imagem é, de certo modo, uma narrativa”. Todo ícone sintetiza, na tessitura lacônica de suas malhas, uma história. A imagem, independente do sistema semiótico a que pertença, substitui uma narrativa.

Efeito semelhante ao de um provérbio popular, articulado como sintagma autônomo, pode ser verbalizado de uma vez, sem mais explicações, contudo, há toda uma história que levou àquela iconificação do discurso, resumido numa fórmula. Temos então a moral decantada do empírico. O adágio representando um axioma, uma sentença filosófica ou uma máxima de efeito encantatório e quase mágico a encerrar uma situação. Como todo mundo sabe, serve de controle social extremamente eficaz.

É nesse sentido que falamos, aqui, de iconificação. A imagem é o emblema de algo maior que o signo-ícone representa e evoca. Tanto pode ser uma imagem como um diagrama, ou ainda pertencer ao código linguístico.

Quando se trata de uma fotografia, aparentemente o significante e o significado se confundem. O referente enquadrado na foto é o significante que temos nas mãos.

A  fotografia tem a capacidade de congelar um dado momento da existência não repetível. Resguarda à posteridade o acontecimento singular.

De outra parte, a fotografia, pretensiosamente, almeja ser um registro objetivo da realidade (passo ao largo da fotografia dita artística, ou mesmo abstrata, com seus propositais ângulos, filtros e filmes), documentando, e  não procedendo a um processo de metaforização de alguma qualidade ou quantidade da realidade empírica. Ou seja: não põe uma coisa no lugar da outra, como faz o processo metafórico. Daí dizerem que se pode duvidar de um desenho ou de uma narrativa, mas jamais de uma fotografia.  Ela já arrasta o seu objeto conjuntamente no processo de semiose. É quase o objeto, na medida em que o sentido da visão apalpa a coisa impressa no papel fotográfico.

2. Prática

Numa visita ao Museu Municipal de Mossoró, antiga Cadeia Velha, encontramos um rico acervo de objetos referentes à história do cangaço; dentre eles, temos aposto  em uma das paredes a última foto de José Leite de Santana (1901-1927), conhecido como Jararaca, cangaceiro negro, que, em 1927, durante o échec do ataque do grupo do Capitão Virgulino Ferreira, o Lampião, foi feito prisioneiro no dia 14 de junho, e morto no dia 18 do mesmo mês. 

O que primeiro nos chama  a atenção é a simetria com que a foto foi cuidadosamente batida. Não é um instantâneo, mas uma foto posada antes da câmara definitivamente imprimir no papel o evento. Em segundo, o centro geométrico do quadro é ocupado pelo olhar alquebrado do cangaceiro. Aqui é o lugar para onde conflui a atenção do espectador. Não há como desviar a vista para outra parte, visto que, devido à regularidade dos volumes da foto, os olhos/olhar se encontram exatamente no meio da foto. Nas duas dimensões: largura e comprimento.

A foto foi intencionalmente feita para registrar o fato histórico, resguardando para as próximas gerações esse acontecimento glorioso da « cidade que resistiu ao ataque dos cangaceiros do rei do sertão ».

O soldado da direita põe uma mão hesitante sobre o ombro esquerdo do cangaceiro, sugerindo a posse e o mando da presa de guerra. Poder dos soldados, como a evocar a mansidão da cobra vencida. Objeto de posse,  o cangaceiro é um troféu daquele que alcançou a vitória. O soldado do lado oposto segura uma arma. A simetria dos dois policiais de cada lado de Jararaca tem dupla acepção: primeiro, a harmonia e a ordem restabelecidas após o rechaçamento do bando de cangaceiros, impetrado pelos defensores entrincheirados nas ruas e prédios da cidade de Mossoró; segundo, o orgulho e a honra dos soldados representantes da ordem, vaidade sem nada de concreto que a justificasse, pois os dois soldados franzinos e enclenques com certeza jamais enfrentariam sozinhos o cangaceiro numa clareira da caatinga.

Esquecendo um pouco o particular da questão, ou seja, o lugar, o tempo e as condições históricas, podemos dar uma conotação mais universal a esse fato histórico. Quem sabe, eu possa chamar tal evento de deontológico ou filosófico.

Segundo testemunhas, o cangaceiro teria sido cruelmente enterrado vivo. Poderia ter sido julgado e condenado pela justiça da cidade, coisa mais « civilizada », digamos assim. Não quiseram: preferiram um gesto de barbárie, manchando a ética da guerra.

Para além de ser um homem tido como criminoso ou arruaceiro, era antes de tudo um indivíduo refratário à ordem estabelecida. O seu comportamento  não estava condizente com o dos advindos, por exemplo, do oficio sedentário de vaqueiro com que  seu pai, sobrinhos e irmãos ganhavam a vida. Escolhera um outro caminho. Não quisera prosseguir na via reta das convenções sociais. O cangaceiro, de maneira geral, era um homem que não se enquadrava na norma de agir do convívio social. Ele era atípico. Em Jararaca ainda havia mais um agravante: era negro e de origem humilde.

Ora, o que quero esclarecer é que, no gesto desumano de enterrá-lo vivo, não se encontra somente o justiçamento de um prisioneiro de guerra, mas se constitui também como uma grande metáfora englobando no seu cone semântico toda uma punição exmplar para os que não se enquadram nas normas de agir do convívio social. A ordem é impiedosa e tem todo o direito de sê-la, - é essa a mensagem. A simetria da foto, descrita acima, tirada pouco antes da morte do cangaceiro, evoca esse restabelecimento da lei. Os dois soldados em pé, ladeando o desordeiro sentado, expressam, de maneira clara, que não há saída fora do padrão estabelecido desde sempre, pelos homens, na vida social. No caso de Jararaca, havia uma boa desculpa para eliminá-lo fisicamente; afinal de contas tivera o acinte de atacar uma cidade « desenvolvida e civilizada » da época, ciosa da sua história, relacionada ao período da escravatura.

Punição para os que, descontentes com os caminhos abertos pela normalidade da maioria dos homens, adentram pelas veredas das caatingas. Ferindo-se e enfrentando polícias. Reais ou imaginárias. Não é à toa que a foto, hoje, se encontra no Museu Municipal - lugar onde se deposita a memória da polis - , como a lembrar a exemplaridade do castigo para os que subvertem o que não for « normal ».

O olhar alquebrado do cangaceiro não parece indiciar intimidação perante os seus algozes, que o olham através da objetiva da câmara fotográfica. É, muito mais, de grave consciência de ter sido vencido, de ter fracassado, numa luta que não tinha um fim, um objetivo de natureza político-social, revolucionária ou reformista. Afinal de contas eram bandoleiros, e suas aventuras se revestiam de uma polissemia com dimensões, às vezes, plenas de contradições. Complexidade denunciada já por vários historiadores: o cangaço como fenômeno sociológico encerra múltiplos elementos explicadores do seu surgimento e de sua retroalimentação por parte de latifundiários, coiteiros, volantes etc.

Contudo não podemos negar um elemento permanente: o cangaço foi sempre um meio. Os grupos de cangaceiros não queriam chegar a lugar algum. Não era uma vida aventureira pelos meandros da prosa, que cavalga em direção a um referente, a um fim. O galope da prosa visa a um objetivo: assemelha-se a caminhar em direção a algo, com um objetivo. Um bom exemplo é uma romaria a Juazeiro do Padre Cícero ou a Canindé. A peregrinação tem a finalidade de pagar uma promessa, por exemplo. Uma qualquer objetividade é o seu pathos. Sendo assim, o cangaço lembra muito mais o ser da poesia lírica, posto que esta se volta para si mesma. Sua cadência não configura algo que possa ser utilitário ou funcional. Os procedimentos utilizados para sua elaboração têm como papel criar o efeito poético entretenedor de uma eventual pessoa que se ocupe com a poesia. Extingue-se na sua forma. Nada mais. 

Os cangaceiros, em sua trajetória pelos sertões, não buscavam uma cidade ou um lugar definitivo para viver. Tanto é que, quando os historiadores ou antropólogos fazem um diagrama da área de atuação dos cangaceiros (lugares das andanças), é um círculo que aparece. Também não podemos falar de um movimento utópico, como a Guerra de Canudos, em que uma população desejava viver em paz num locus amenus. O cangaço era uma eterna fuga, sem um lugar divisado como definitivo. Essa atitude de negação do espaço e do tempo aproxima-se do comportamento lírico, no qual não fazem sentido essas dimensões por relações ou por possibilidades de se tecerem liames com outros eventos. Por outro lado, ainda cotejando com a série poética, a conduta dos cangaceiros tinha muito da atitude épica que parece contentar-se em se expandir, se alargar, campear, para gerar sempre e mais rebentos de fábulas. Não à toa, até hoje se fala dos cangaceiros integrantes do nosso imaginário afetivo e social. Podemos reconhecer sem muita dificuldade uma série de arquétipos na história do cangaço. Vejamos: uma bela história de amor entre Lampião e Maria Bonita, a vingança da morte do pai, o seqüestro da menina pelo cangaceiro, a cumplicidade entre Dadá e Corisco, a hybris de Colchete, ao avançar descomedido contra seus inimigos, as inumeráveis histórias de traição e deslealdade, e por aí vai, num interminável rosário de símbolos integrantes do conjunto de imagens que nos constituem.

Quero considerar o fenômeno do cangaço como fazendo parte de invariantes culturais, autorizando-nos a elaborar essa pequena leitura a partir de constituintes do imaginário social não restrito à região nordeste, mas de toda e qualquer cultura. Não é difícil encontrar as matrizes desse grande epos sertanejo. Com efeito, a errância e o gosto pelo guerrear nos leva a evocar os personagens da Ilíada: Aquiles, Ulisses, Pátroclo, guerreiros tenazes que não lutavam por uma «ideologia ».

O fenômeno do cangaço entalha-se, desse modo, numa perspectiva mais arquetípica do que mesmo política, como quer uma interpretação impetrada por estudiosos de esquerda. Tanto é que o cangaço congregava as pessoas inadaptadas à chamada vida social normal. Sem dúvida, nele se encontram inúmeras artimanhas de se contrapor ao Poder, fuga da miséria, sintomas de costumes arcaicos, estrutura social fortemente hierarquizada, concentração da terra nas mãos de patriarcas, etc. Tudo isso déjà vu, déjà connu. Inútil prolongar um debate (se repararem bem, o que fazem é apenas reproduzir a estrutura mitica contida no evento histórico) que não avança na compreensão do fenômeno do cangaço.

E é sintomático que tenha florescido e melhor se expressado na região Nordeste. Como sabemos, aqui, até bem pouco tempo, persistia um imaginário coletivo povoado de histórias remanescentes da Idade Média. 

Talvez seja exatamente esse aspecto da vida do cangaço que apraz e atira gerações e gerações. Muitos crescemos ouvindo com entusiasmo as histórias dos cangaceiros pelas caatingas. Uma vida fora da sucessão dos anos, dos dias, das horas e do espacio. Uma vida sem a escansão cotidiana das horas. O dia a dia com seus trabalhos e suas enfadonhas tarefas. Vida de privações, tendo como horizonte somente a morte. Ao se entrar para o cangaço, havia a possibilidade de escolher um destino, de se deter nas mãos os arreios dos cavalos negros da morte. O cangaceiro não se encontra ligado a uma família ou a relações de vizinhança. É um homem detentor de uma estranha liberdade, pois sua vida restringe-se a seu corpo. Dizem que Lampião, antes de conhecer Maria Bonita, falava que « um cangaceiro não podia amar ». Sim, porque o amor implica laços e responsabilidades. No amor, ser sedentário é quase uma necessidade.

Terá sido por acaso que Maria Bonita trocou o artesão sedentário, o sapateiro Zé de Nenen, por um homem que vivia « navegando » pelo sertão? Percebe-se muito bem que o temperamento dessa senhora não era de dona-de-casa. Estava mais para mulher de errante marinheiro do que para o inativo sapateiro. O que ela fez foi sair do espaço de um arquétipo para entrar noutro mais de acordo com suas disposições de espírito; tanto é que representou muito bem seu papel de esposa do rei do cangaço. A belíssima maneira como morreu, ao lado do companheiro, foi extremamente coerente com a vida que escolheu viver. 

O cangaceiro da foto é um tenaz que sucumbe (interiormente, de cabeça erguida) perante o destino. Estoicismo de sertanejo fatalista concedendo ao tempo seu último olhar de derrota resignada. Um tanto de submissão paciente ao sofrimento da vida, enfim, acabada. Resignação religiosa por se saber impossibilitado de qualquer saída. Rua sem saída de Mossoró. Arapuca última que já estava anunciada quando traçou no chão do seu destino o risco da aventura. Ranhuras contidas nas costas que melhor sentem o peso do cans(g)aço. Os ombros caídos, sugerindo abandono e impotência do que não lamenta sua sorte, tampouco deseja a piedade do inimigo.

A foto retrata bem a simbologia da vitória da ordem e da sua restauração. Como pano-de-fundo,  as grossas grades de ferro da prisão. Jararaca encontra-se sentado: essa é a posição feminina por excelência. Representa a passividade e o universo doméstico da espera (fiar, costurar, bordar, consertar roupas, rezar, aguardar o retorno do marido do trabalho, acalentar as crianças, se balançar numa cadeira, etc). O feminino ladeado pelo masculino (fardas, chapéus, rifle, posição ereta, simetria bilateral dos soldados).

Parece mais cansado do que temeroso/assustado (que um olhar desavisado poderia pensar) com seu destino que já o sabe a morte. Deixa-se fotografar, numa atitude de dignidade, com o seu vencedor. Homem com extrema ciência do seu destino, e, por pagar o preço de sua fortuna, admite até que perdeu. Cobra que, encurralada, se permite servir de repasto à vitória do inimigo. Bem sabia que aquele ato por parte do seu vencedor era um trunfo para a cidade. Documento lançado à posteridade, utilizado a torto e a direito, como « a cidade que não se dobrou aos cangaceiros ». Mito que perdura até hoje. Ritualizado em narrativas variadas ou recriado nas artes.

Se compararmos, por exemplo, o negro Jararaca com os dois soldados que o ladeiam, concluiremos que, mesmo baleado e sem cuidados médicos, abatido e derrotado, consegue passar ainda uma viril e altiva beleza que os seus captores  estão longe de aparentar em seus corpos mofinos e inexpressivos, parecendo mais aduladores de plantão.

E parecia prever seu futuro de santo nas visitas de covas de finados, em que todos os anos  a população pobre sacramenta o mito de um homem que foi enterrado vivo e que se arrependeu dos seus pecados antes de morrer. Equívoco, distorção e apreensão conveniente na formação de um mito. Só mesmo o humano, com seus vazios ontológicos demandando uma substância, poderia inventar uma besteira dessas. Bastaria um olhar mais cuidadoso da foto para perceber que o negro Jararaca não estava nem um pouco arrependido. De mártir nada tinha. Sua tristeza era mais de fatigamento por lutar todos os dias. Por ter uma vida cangaceira, de eterna batalha sem tréguas ou pausa para repouso. Como  todos os que habitamos os grandes sertões.

3. Resumo

O registro fotográfico do cangaceiro aprisionado em Mossoró sintetiza e materializa um evento histórico. Para além de um simples registro histórico da cidade, organiza subliminarmente um conteúdo fortemente moral e de clamor à doxa. É o que o ensaísta e poeta José Paulo Paes chama de significações parasitárias: sentidos que não se revelam ostensivamente num fato semiótico, mas que fazem parte da constelação de signos que entoure um determinado evento. Essa pequena foto em preto e branco do cangaceiro Jararaca contém índices: sintetiza o começo do fim do cangaço, a chegada do mundo moderno com suas máquinas, o atavismo da luta e da errância presente no sertanejo, a luta contra o destino de permanecer como boi acuado aguardando a próxima seca e suas hostes de miséria. Triunfo do humano capaz de escolher seu destino, mesmo que isso implique menos dias de vida. Metáfora dos que preferem da vida não aquilo que ela lhes possibilita/limita , - toda uma sorte de secas periódicas (literalmente e em todos os sentidos) -,  mas, como dizia Sartre, « o que eu posso fazer do que fizeram de mim ».

Fonte: Revista O Galo - Fundação José Augusto.

Março /2000 - Nº 03 - ANOXII.

Natal-RN.

Revista O Galo - Natal - RN



Especial sobre o Cangaço: Possíveis contornos da beleza de Maria Bonita.

Por Márcio de Lima Dantas.


Viens-tu du ciel profond ou sors-tu de l’labîme,

O Beauté? ton regard, infernal e devin,.....

                 Charles Baudelaire


Segundo o depoimento de um contemporâneo do Rei do Cangaço, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e de sua companheira, Maria Bonita, referindo-se a esta, disse: “nenhum retrato dela dava conta da opulenta e graciosa beleza possuída por aquela mulher de temperamento silenciosamente afoito”. Bem vemos que a companheira de um dos principais mitos nacionais não era o que chamamos de pessoa fotogênica. Creio que o relato desse cangaceiro foi o que conseguiu apreender com racional propiedade e intuitiva perspicácia um fenômeno que tinge desde sempre a história do cangaço, a saber: o da polêmica de se considerar como detentora de uma beleza fora do comum, que se sobrepunha às demais mulheres integrantes de grupos de errantes bandoleiros das caatingas, incluindo-se no rol a tão decantada formosura de Lídia, companheira de Zé Sereno e de Dadá, companheira de Corisco .

Considerar Maria Gomes de Oliveira, nascida no distrito de Malhada da Caiçara, município de Paulo Afonso (08.09.1911), Bahia, como detentora de assombrosa beleza, é, no mínimo, resultado de exarcebada admiração. O que parece fazer sentido é que se torna muito difícil uma caracterização, a partir de dados concretos, ou seja, de elementos concernentes à compleição física (dentro do que se convencionou como o belo feminino). Inútil repisar a fala fluida das narrativas relacionadas àquela que se incorporou ao cangaço em 1930, com apenas 19 anos, pouco se importando com o que iam dizer, ao abandonar marido e casa, tendo sido pioneira, pois até então não se tinha conhecimento de mulheres nos agrupamentos de bandoleiros. E não esquecer um dado muito importante: quem entrava no Cangaço não podia sair. Era um caminho sem volta, labirinto com apenas entrada. Haja coragem para se viver em risco constante e submetido a um código de leis e moral diferentes da DOXA.

Se usarmos a técnica de nos determos nas partes em detrimento do todo, fica meio complicado de se achegar ao nosso objeto de estudo. Então façamos o contrário. A verdade, menino, parece ser o inverso: apenas uma visão que comporte a totalidade, tendo em vista uma visão do conjunto, sendo este resultado de um amálgama no qual encontram-se fundidos o temperamento e o modus vivendi que, por se turno, se somará a alguns traços físicos tidos em terras do sertão  como atributos da boniteza de uma mulher. Não raro sucede esse fenômeno a alguns indivíduos. Com efeito, mesmo não se enquadrando nos padrões de beleza estabelecidos pelas classes dominantes e pelo bombardeamento constante das mídias, alguns  conseguem possuir algo indefinível – ou não passível de ser submetido aos nossos esquemas mentais apreendedores do “belo”, desde sempre repassados de geração a geração .

Destarte, tomo a liberdade de usar a noção de “it” como categoria analítica. It é uma espécie de “aquilo”; um quê acometido pela presença de alguém ou de algo, refutador de categorias consideradas como as “normais” e que fundam nossas expectativas mentais, socialmente produzidas, quase que impostas de goela abaixo. Como sinônimo de it posso arrolar “encanto”, “donaire”, condão”. Se quiserem, posso dizer só um exemplo. Vejamos o caso da atriz Fernanda Montenegro. Alguém poderia considerá-la bonita? Dificilmente, porém não há como não admitir que uma beleza de outra ordem ali se instalou, fulgurando por meio de ângulos retos no rosto, do tom de voz categórico, dos olhos quebrantados pela presença de um passado pleno de vivências e rastros de sóbria melancolia, enfim, um planeta sem vida arrodeado por inúmeros satélites de envergadura, texturas, cores e brilhos de  muitas qualidades.

Falo de uma coisa que irrompe de dentro para fora, que sai das vísceras e contamina a epiderme, engendrando uma aura de mágica e indefinível porque indecifrável atmosfera, banhando o corpo e a alma, fundindo, estes, num só e absoluto monólito capaz de elevar o indivíduo a um patamar de destaque face à média dos seus semelhantes. Assim, mais ou menos: aquele tipo de gente que quando chega em qualquer ambiente não precisa nem abrir a boca, proclamando seu timbre de voz, para se fazer notar e espalhar curiosidade nas cabeças presentes. Usando livremente as idéias da antropologia do imaginário do francês Gilbert Durand, esse tipo de gente inscreveria-se no entorno semântico da louca da casa (“la fole du logis”). Isso mesmo, como a história do velho tio vindo de longe dizendo: “esse menino é diferente dos outros”. Por que é mais bonito? Não, porque detém algo de mágico no donaire da postura física e sobretudo no olhar.

Au dèla de uma tentativa de explicação que leve em conta aspectos não racionais, não podemos esquecer dos traços físicos propiamente ditos da inolvidável Maria de Déa. Segundo relatos de contemporâneos, tinha cerca de 1,58m, altura suficiente para integrá-la num padrão de normalidade de altura das mulheres, bem diferente de Inacinha, companheira do cangaceiro Gato, mulher pequena. Outra referência para se comparar é Cristina, companheira do cangaceiro chamado Português, considerada como alta diante da estatura média das mulheres do Nordeste. Contudo, a força expressiva maior parecia advir do fato de ter pernas grossas e bem torneadas, coisa muito valorizada na estética sertaneja; é logo no que se fala quando se começa a discorrer acerca do físico de uma mulher. O segundo elemento era o contorno da boca: lábios carnudos e corados, em permanente expectativa de luxúria numa mulher morena, acaboclada, atributo também  reputado como valor numa região em que se despreza a pessoa de pele negra ou “cabra (os que têm traços de negros, porém são claros, com “cabelos ruins”, também conhecidos pejorativamente como “amarelos”). Sim, não podemos esquecer os olhos oblíquos que, juntando-se a um queixo “insolente” (de quem não se intimida com nada: nem com gente, nem com situações), delineiam uma composição bandeando-se para áreas semânticas que remetem a temperamento forte, passional, o que chamam de pessoas “positivas” (pouco dadas a representar socialmente, não afeitas à hipocrisia). E ainda: tinha uma dentadura perfeita, coisa também valorizada em terras sertanejas e alhures.

Os poucos minutos de filmes que a retratam, feitos por Benjamin Abraão, deixa transparecer uma mulher elegante no pisar firme o solo agreste da caatinga, de postura reta ao caminhar, seguida por um cão. A maneira como retirava, elegantemente, com graciosas mãos, o chapéu de massa, demonstra um domínio do corpo que poucos são capazes de possuir, o mesmo ocorria nas cenas que penteava os longos cabelos de Lampião, ao mesmo tempo em que ataviava-se pondo trancelins, perfume ou anéis nos dedos. A graça das suas maneiras permitia entrever uma mulher cujos sentidos estavam sempre em estado de alerta, prontos e prestos a compreender ou decifrar signos que se lhe apareciam à vista, não é a toa a sua tão decantada intuição, capaz de extrair das forças físicas da natureza oráculos e deduções lógicas, capazes de contribuir para livrá-la de perigos ou se apoderar de uma situação em proveito próprio, com enorme senso de oportunidade (o que os gregos chamavam KAIRÓS).

O certo é que toda uma série de significados achegam-se para reforçar o núcleo central do mito, que como todo mundo sabe, detém uma poderosa força centrípeta, atraindo para si todo e qualquer signo que possa vir a reforçar o eixo semântico principal. Nesse sentido, o mito de Maria, como a Bonita teria “chupado” muito da constelação de signos que orbitavam em torno de Lampião. Mesmo que dispusesse de atributos próprios que a tornavam autônoma enquanto mulher, sobretudo no que diz respeito à bravura e a coragem de abandonar seu marido Zé de Nenén para levar uma vida nômade e perigosa ao lado de um bando de homens que circunscreveram suas próprias leis, paralelas ao status quo de então.

Vejam bem, embora fotografada quase sempre ladeada por homens, em nenhum momento parece perder uma espécie de senso de autoridade que lhe era inerente. Ora, uma mulher saída das brenhas do interior, bem que poderia deter uma atitude mais retraída quando do encontro com pessoas mais urbanas e cosmopolitas, o que quero dizer é que não era beradeira. Era justo o contrário: firma-se de cabeça erguida e queixo empinado, como a desafiar de maneira insolente o expectador. Mais também podemos conjecturar uma outra coisa, é que, no fundo, a companheira de Lampião não ligava mesmo para nada nem para ninguém. Erguia-se face a si com uma elevada auto-estima que a fazia esplender no meio de qualquer grupo de gente que se encontrasse. Acreditava em suas potencialidades e em seus tinos e palpites. Tinha a exata consciência do limite de tempo, de quem vive a desdenhar do modo de vida instituído, que desde sempre todos seguem, cumprindo como se fosse parte de uma ordem natural, e não como simples instituição humana.

Quanto às fotografias feitas sentadas, permanece com uma aura de solenidade e hieratismo, porejando um misto de ingenuidade e digno estar-se à vontade no seu corpo. É assim como se tivesse plena consciência do seu lugar histórico e da importância que a posteridade lhe outorgaria, como um dos principais signos da emancipação feminina, mesmo que nunca tenha articulado um discurso acerca da condição da mulher. O certo é que pulsa como um signo de forte poder de sugestão no imaginário do país, mormente da região Nordeste. Com efeito, nos retratos atestamos um indefectível sorriso feminino, composto mais pelos olhos do que pelos lábios e dentes, pleno de graça e autoconfiança, puxado a uma certa timidez, aureolado de um suave encantamento que os seres de bom sangue passam. Há quem fale da existência de uma coisa chamada “inconsciente ótico”, sendo bem mais perceptível nas fotografias em preto e branco, fazendo evocar no observador certos símbolos do imaginário que funcionam como estruturas antropológicas, remetendo a áreas partilhadas por toda uma coletividade,  aqui, no nosso caso, discorremos acerca de alguns elementos capazes de configurar uma unidade: o  aparente recato, o magnetismo, o hieratismo que circunscreveram a beleza de uma mulher que não se enquadrava nos padrões tidos como belos pela maioria. Esse comedido refinamento de que aludi a pouco, não impediu que vez ou outra, consoante a ocasião, o comportamento tenha sido tisnado, explodindo num aluvião de impropérios e mesmo até partindo para a agressão física, como sucedeu muitas vezes com Maria Bonita, expressas em cenas de ciúme ou vingança contra inimigos

Enfim, o mito com sua lógica própria parece querer demonstrar sua despótica autonomia face aos eventos históricos; embora ainda não se passaram nem 70 anos da morte de Maria de Déa, e tudo já parece muito longíncuo, tudo já integra um tempo que tem mais a ver com fatos cujos contornos são indecisos e povoados de lacunas e hipérboles. Não devemos esquecer o fato extremamente elucidatório de que ainda lhe sobrevive uma filha: Expedita . A fornalha do mito requer combustível de outra espécie para queimar seus arquétipos e metáforas, tendo em vista a necessidade humana de fábulas e espelhos. É como se fosse uma espécie de lenha servindo  para alimentar as chispas simbólicas configuradoras das estruturas da alma espírito e do conseqüente funcionamento do espírito humano que ardem nas trempes do cotidiano.

Por não dispormos de documentos ou relatos da época, seguimos um percurso através de lacunas  que muitas vezes nem começam nem terminam, contentando-nos em inferir possíveis significados a signos que orbitam em torno do mito da primeira mulher a fazer parte de um bando de cangaceiros. Com efeito, podemos nos apropriar daquilo detectado por Max Weber em certos fenômenos sociais centrados em indivíduos, e que chamou com propiedade “autoridade carismática”. Quando tentamos explicar os possíveis contornos de uma beleza que não se prova muito por si, mas que demanda elementos extra-estéticos ou sócio-antropológicos para sua consecução, a categoria de Weber parece lançar luz sobre o fato de se gabar a beleza de uma mulher que não era nem tão bonita assim. Agora é bom lembrar de uma versão que fala dessa fama, a de “bonita”, como difundida pela mídia da época, ou seja, não surgiu no ceio do próprio cangaço. Bem, parece que o carisma de Lampião respingava sobre sua companheira. O Rei do Cangaço como personificação de um arquétipo presente desde sempre no inconsciente coletivo, sugeria a presença do sumo-sacerdote, pleno de magnetismo, do guerreiro não temeroso da morte ou do patriarca de um clã. Maria Bonita foi a banda feminina desse arquétipo.

Fonte: Revista Badalo.

Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica e Profissinal - SINASEFE.

Natal-RN. 

Revista Badalo 



Fernando Mineiro, pré-candidato a Deputado Federal: "Esperançar é preciso"​.

 


Começo hoje nova etapa da minha participação na luta coletiva para (re)construir o Brasil sem miséria, sem fome, sem medo – o país que já fomos e que os setores mais atrasados da sociedade, irmanados no pesadelo do bolsonarismo, tentam destruir desde o golpe contra a presidenta Dilma Roussef e a perseguição ao ex-presidente Lula. Deixo o cargo de Secretário Extraordinário para Gestão de Projetos e Metas e Relações Institucionais do Governo do Estado onde, entre outras coisas, coordenei por três anos o Projeto Governo Cidadão, e abraço a pré-candidatura a deputado federal.

​Quero resgatar o mandato que o povo potiguar me confiou em 2018, com 98.075 votos, mas que foi expropriado por injunções políticas e artifícios judiciais desrespeitosos à soberania da escolha popular e à integridade do processo eleitoral. Quero ser, no Congresso Nacional, uma voz a ecoar o grito de resistência e luta dos setores avançados da sociedade, para consolidar e ampliar o projeto de transformação do Rio Grande do Norte e para recolocar o Brasil no caminho interrompido pela tragédia chamada Jair Bolsonaro e seus agentes de destruição do que é bom, justo e necessário para o povo brasileiro.

​Como gestor dei a minha colaboração, junto com outros setores do governo, para realizar obras, programas sociais, políticas públicas e outros investimentos que estão fazendo muita diferença na vida dos moradores de todas as regiões do RN. A marca do projeto que coordenei está presente em muitas ações do Governo do Estado. São estradas, escolas, hospitais e outros equipamentos de saúde (como o Hospital da Mulher, em Mossoró), queijeiras, fábricas de polpas de frutas, casas de mel, barragens e sistemas de irrigação, espaços culturais e ações em prol da segurança pública.

​Com muito trabalho e persistência, destravamos investimentos paralisados; corrigimos erros técnicos e sanamos irregularidades; retomamos obras, concluindo umas e iniciando outras; em resumo, evitamos que o RN perdesse, por omissão e/ou incompetência da gestão anterior, milhões e milhões de reais em recursos estratégicos para promover o desenvolvimento social e econômico dos potiguares e das potiguaras.

​Esse acervo foi construído com transparência e integração, sob o olhar vigilante dos órgãos de controle e da própria sociedade, que pôde acompanhar a evolução do nosso trabalho por meio do site institucional na internet e das páginas do projeto nas redes sociais. Deixo aqui meu reconhecimento e minha gratidão à governadora Fátima Bezerra, pela confiança; às equipes do Banco Mundial e do Governo Cidadão, pela competência e dedicação; aos demais órgãos do Governo do Estado, prefeituras municipais e instituições públicas e privadas da sociedade civil, pela parceria. Tudo o que conseguimos realizar foi fruto da convergência de propósitos, da sinergia no pensar e no fazer. Como gestor, coloquei em prática o lema que me guia na vida pública: diminuir a distância entre a palavra e o gesto, entre o que falo e o que faço.  

​A experiência de gestão fortaleceu minha convicção sobre o potencial do mandato parlamentar federal como instrumento para implantar políticas públicas permanentes, que gerem oportunidades, trabalho e renda, qualidade de vida para o povo potiguar. Esse aprendizado vai desdobrar-se em propostas e ações focadas na educação, saúde, agricultura familiar, recursos hídricos, meio ambiente e na criação de oportunidades para o nosso povo. E no trabalho para reverter leis e ações que retiraram direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, trouxeram miséria e fome aos mais pobres e empobreceram as classes médias, jogando o Brasil nas trevas. Sou pré-candidato a deputado federal para fazer do meu mandato uma chama que, somada a tantas outras espalhadas pelo Rio Grande do Norte e pelo Brasil afora, ajude a clarear o presente, iluminando um novo futuro.

​Não nos esqueçamos de que a eleição de parlamentares federais e estaduais no RN não é um fato isolado, mas faz parte de uma disputa mais ampla. Os avanços conquistados sob o nosso governo precisam ser preservados e ampliados, derrotando os agentes locais do bolsonarismo. O projeto deles para o RN tem o mesmo caráter atrasado, autoritário, violento e destrutivo que o Bozo comanda em nível nacional. Derrotá-los é manter nosso estado no caminho certo; é fortalecer a democracia.

​Vamos juntos, que o tempo é de lutar. De ousar sonhar. É tempo de esperançar. A história recente já ensinou: quando a gente quer, a gente pode.

Natal-RN 01/04/2022. 

​Fernando Mineiro.


quarta-feira, 20 de abril de 2022

Curiosidades do Cangaço

O Cangaceiro Antônio Silvino ao passar na cidade de Jardim do Piranhas-RN deu ordem ao chefe político para limpar e pintar a cidade.

Foto: site: Encantos do Seridó. 

Manoel Baptista de Moraes, o famoso cangaceiro Antônio Silvino, em janeiro de 1912,  aporta em Jardim de Piranhas, na época uma Vila sem grande expressão econômica, mas integrada aos centros comerciais de Caicó e Catolé do Rocha. Era dia de feira em Jardim de Piranhas. Por entre o minguado comércio do lugar, os homens do bando se espalharam e recolheram algum dinheiro. O cangaceiro Antônio Silvino manteve-se à distância, observando cuidadosamente a Vila. À primeira vista, o lugar pareceu-lhe insalubre e abandonado. Animais vagavam soltos em meio aos feirantes. Prédios sujos, paredes por rebocar, calçadas inacabadas, buracos nas ruas e lixo por toda parte. O “Capitão” ficou indignado com o que viu.

O cangaceiro mandou chamar o Prefeito ou o Intendente da época e outras pessoas e deu  um prazo para mandarem limpar e caiar todos os edifícios. O prazo foi de onze meses para solucionar o caso. Decorrido certo tempo ele voltou à cidade e quase não reconheceu. Transformação geral. Linda e catita mesmo, segundo ele. Tempos depois, o mesmo recordando o caso, abriu um largo sorriso, ao recordar-se do fato pitoresco e comentou: “Não foi melhor assim?” e tornou a sorrir.

Fonte: Blog Mendes e Mendes.

Livro: Antônio Silvino: O Cangaceiro, O Homem, O Mito.

Autor: Sérgio Dantas.


Deputado Francisco do PT quer tornar o “Queijo de Manteiga” Patrimônio do RN



Foi aprovado na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, o Projeto de Lei de iniciativa do deputado estadual Francisco do PT que reconhece como Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado o “Queijo de Manteiga”.

“Acreditamos que essa proposição legislativa contribui para a valorização, preservação e fomento dessa importante atividade e produção gastronômica, que tem uma dimensão econômica, social e cultural, e que já faz parte do patrimônio cultural do nosso estado”, justificou o parlamentar.

O Rio grande do Norte é conhecido pela sua variedade de queijos e pelo número de queijeiras existentes. Atualmente, o Seridó é a região com maior concentração de queijeiras do Estado, e segundo o SEBRAE (2019), a região tem 315 queijeiras, responsável por 80% do queijo produzido no RN e gerando mais de 1000 empregos diretos.

“No contexto histórico, o queijo de manteiga é tipicamente encontrado na mesa do potiguar e produzindo no Seridó há muitos anos, receita caseira passada de geração em geração. Neste sentido, tanto o queijo, quanto a receita do queijo de manteiga do Seridó são patrimônios culturais do Estado”, completou Francisco do PT.

Fonte: Mandato Deputado Francisco do PT.


sexta-feira, 1 de abril de 2022

Padre Brilhante, primo de Jesuíno Brilhante, é natural de Patu e seu padrinho de batismo foi o seu avô, o perigoso Cangaceiro José Brilhante



Em matéria publicada dia 25/03/2022 pelo Blog a A Folha Patuense com o Título: “Algumas Considerações sobre a História do Padre Antônio Brilhante de Alencar, foi dito que o mesmo era natural do Estado do Ceará. Em alguns registros, como o publicado no Jornal Tribuna do Norte, Natal-RN, edição de domingo, 20 de agosto de 1982, página 12 e reproduzido no site Tok de História do professor e historiador Adauto Guerra Filho, com o título: “Nordeste a Sombra do Passado – Questões Familiares: Causas e Consequências”, em certo trecho da publicação, se referindo ao Cangaceiro Jesuíno Brilhante, foi citado: “Para o sertanejo, o herói dos cinco irmãos, pois o herói não é aquele que perdoa, mas sim aquele que se vinga. Agora não é mais Jesuíno Alves de Melo Cardoso, o poeta romântico, agricultor, boiadeiro, hábil equestre e sim Jesuíno Brilhante (homenagem a seu tio, o Cangaceiro José Brilhante de Alencar, avô do falecido Padre cearense Antônio Alves de Alencar, conhecido por Pe. Brilhante).

O historiador  Misherlany Gouthier em contato com o redator do Blog A Folha Patuense, professor Aluísio Dutra de Oliveira, informou que o Padre Antônio Brilhante é natural de Patu, com documentação comprobatória do seu batismo acontecido na Igreja de Nossa Senhora das Dores no ano de 1873. Segue transcrição paleográfica feita com a colaboração de Fábio Nogueira, conhecido como Fábio de Firmino, transcrita do registro de batismo, imagem enviada pelo historiador e produtor de livros, Misherlany Gouthier: (Observação: Português Antigo).

“Antonio, filho legítimo de Firmino Brilhante de Azevedo Sousa e de Benvinda Alves Feitosa; nasceo aos doiz de maio de mil oito centos e setenta e três. Baptisado por mim sollenemente a vinte de julho do mesmo anno na Igreja Matriz por mim. Padrinhos José Brilhante de Alencar Sousa, e sua mulher Getrudes Francelina de Azevedo. Para constar fiz este termo em que eu assigno. Vigário Domingos Pereira de Oliveira”.

Portanto o Padre Antônio Brilhante de Alencar nasceu em Patu aos 02 de maio de 1873 e foi batizado em 20 de julho do mesmo ano, tendo padrinhos o seu avô, o temido e perigoso cangaceiro José Brilhante, conhecido como “Cabé” e sua esposa Getrudes Francelina de Azevedo. Vale lembrar que o Jesuíno Brilhante, primo do Padre Antônio Brilhante, herdou o nome “Brilhante” em homenagem ao seu tio, cangaceiro José Brilhante.

Essas informações e muito mais farão parte do livro do historiador, Misherlany Gouthier que terá como título: "Ascendência, Descendência e Parentela de Jesuíno Brilhante, que este ano será lançado. Aguardem!!!

Registro de Batismo do Padre Antônio Brilhante




Fonte: https://tokdehistoria.com.br/tag/jesuino-brilhante/

Imagem do registro de Batismo:  Misherlany Gouthier.