A cotonicultura, a chamada cultura do algodão, "Ouro Branco" teve seu apogeu na
região de Mossoró na segunda metade do século XIX onde várias indústrias e
usinas de beneficiamento e exportação de algodão foram instaladas. Em 1868 se
destacava a Casa de Mossoró & Cia do empresário Johan Ulrich Graff, em 1870
a Francisco Tertuliano & Cia, em 1883 a Willian Drerfen & Cia, em 1890
a Romualdo Alves Galvão.
Usina de Alfredo Fernandes & Cia - Mossoró-RN
Em 12 de agosto de 1931 dava-se a inauguração
da Usina de Beneficiamento de Algodão da firma Alfredo Fernandes & Cia, em cujo
solene acontecimento, com benção das instalações oficiada pelo cônego Amâncio
Ramalho Cavalcanti e Padre Luiz da Mota, foi entronizado no escritório da
referida firma um quadro do Sagrado Coração de Jesus.
Nos anos 40 a
Indústria Tertuliano Fernandes possuía descaroçadores, prensa de fábrica em
Mossoró e usina de beneficiamento nos municípios de: Pau dos Ferros, São
Miguel, Alexandria, Almino Afonso, Umarizal e Iracema no Ceará.
A Indústria Alfredo Fernandes & Cia possuía
doze usinas localizadas em: Mossoró, Caraúbas, Upanema, Patu, Pau dos Ferros,
Zé da Penha, São Miguel, Alexandria e Paraú. Em 1960 as duas Indústrias
formaram o Grupo Mercantil Tertuliano Fernandes e Alfredo Fernandes que
incorporou outras usinas e indústrias da época, se constituindo um grande grupo
empresarial de beneficiamento e exportação de algodão.
O
industrial Alfredo Fernandes instalou em Patu nos anos 40 uma usina de beneficiamento
de algodão onde se comprava toda a produção que era produzida na zona rural de
Patu bem como em muitos municípios da região. A usina de Alfredo Fernandes
ficava localizada no Bairro da estação, defronte a estação ferroviária, onde toda
a produção de algodão beneficiada era transportada para Mossoró nos vagões do trem
que fazia a linha Mossoró RN – Souza PB.
José Pereira Segundo, seu "Zuca" prestou serviços a Usina de Alfredo Fernandes
A
redação da Folha Patuense, através do editor, Professor Aluísio Dutra de
Oliveira conversou com o senhor José Pereira Segundo, 82 anos de idade,
conhecido como “Zuca” residente à Rua José Godeiro, centro Patu-Rn. Seu Zuca
relatou que no início dos anos 50, quando ainda era muito jovem, prestou serviços
a Usina de Alfredo Fernandes, transportando água da Cacimba do Povo, bem como, fazia
trabalhos de juntar caroços de algodão da produção que chegava a usina para
serem colocados na prensa de caroços. Seu Zuca informou que existiam as máquinas de retirar
os caroços de algodão e a prensa para a produção de óleo. Seu Zuca
lembra que seu pai Antônio Pereira Guimarães também trabalhava na usina como
arrumador de fardos de algodão que eram empilhados aguardando serem transportados
no trem para a cidade de Mossoró. Lembra também que tinha uma pessoa conhecida como
Moacir que era o responsável para comprar a produção dos produtores e agricultores que
produziam o algodão e repassava para outro funcionário, encarregado da usina,
chamado de Ivo Lopes. Naquela época a cultura do algodão era tão valorizada que
a usina comprava a produção dos produtores e agricultores na “folha”, ou seja,
antes da plantação, para que os mesmos já tivessem os recursos financeiros necessários
para custear a sua produção. No auge da produção de algodão a economia do
município de Patu era muito forte onde a usina gerava empregos diretos e indiretos,
o dinheiro circulava e movimentava também o comércio local que se instalava próximo
à usina e estação ferroviária.
Quem foi Alfredo Fernandes?
Alfredo Fernandes, natural de Pau dos Ferros,
nascido a 5/4/1884 e falecido em Mossoró em 24/12/1948, filho de Adolpho José
Fernandes, e Guilhermina Fernandes Maia, Aos nove anos de idade passou a
residir em Mossoró, onde seus pais se estabeleceram com um pequeno armarinho,
tendo seu pai sido membro da Intendência Municipal (Vereador) de Pau dos
Ferros, o qual tomou posse em 14/1/1892, e foi também o último presidente da
Intendência Municipal (Prefeito), no período de 7/2/1920 a 1/1/1929, passando o
cargo para o 1º prefeito constitucional, o senhor Francisco Dantas de Araújo (12/9/1872
– 9/9/1942), eleito em 2/9/28 e tomou posse em 1/1/29, governando até 7/10/30.
Alfredo Fernandes casou-se com sua prima Maria Fernandes Pessoa, filha de Agostinho
Pessoa de Queiroz e Tertulina Fernandes de Queiroz. Era capitalista e
industrial, foi um “criador de riquezas” – na expressão de um dos seus
biógrafos, dono da extinta firma Alfredo Fernandes & Cia, com sede em
Mossoró.
A partir de 1970 começaram a existir muitos
problemas que fizeram diminuir a economia ligada à produção de algodão. A falta
de créditos e incentivos, surgimento da soja que começou a competir com o óleo
de algodão, o surgimento de fibras sintéticas como viscose, poliéster, nylon e
outras que competiam com a fibra do algodão além do surgimento da praga do “Bicudo”
acentuando ainda mais a crise da cultura algodoeira ocasionando assim o fim de
uma era de prosperidade que tanto benefício trouxe para o Nordeste, bem como para
a nossa região.
Hoje o que resta são as lembranças através dos
relatos dos poucos funcionários que ainda estão vivos, o silêncio das máquinas
que geravam riquezas e os prédios abandonados, como é o caso de Patu, onde quem
entra na cidade se depara com os mesmos em ruínas. Talvez muitos jovens que
passam pela Rua Alfredo Fernandes, em Patu, não sabem que ali, em um passado distante,
foi um local de prosperidade, de riqueza, onde muitos tiraram o sustento da família,
que girava em torno do “Ouro Branco”, ou seja, a cultura do algodão.
A produção de Algodão era transportada para Mossoró nos vagões do trem - Linha Mossoró-Souza.
Antiga usina e Alfredo Fernandes - Prédio em Ruínas em Patu
Fonte:
Blog do
Gemaia.
http://www.blogdogemaia.com/busca.php?busca=historia
Site:
Biografioa Potiguar.
http://oestenewsblog.blogspot.com.br/2009/04/biografia-abril.html.
Tribuna do Norte. http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/o-outro-ouro-branco-do-oeste/149109