História da enchente de 1981 - Telefonema parecia não ser real.
Santa Cruz / RN - História da enchente de 1981.
Parecia uma brincadeira, uma mentira contada por uma pessoa que se divertia numa data considerada para muitos o dia da mentira.
Era o dia 1º de abril de 1981 numa pequena e pacata cidade do interior do Rio Grande do Norte, Campo Redondo cidade vizinha de Santa Cruz. Um telefonema parecia não ser real, mera fantasia neste dia chuvoso, que trazia em sua memória um fato, um acontecimento histórico. Uma jovem senhora, telefonista Maria de Fátima no seu horário de trabalho daquele dia memorável jamais poderia imaginar que seria naquela ocasião, uma heroína, uma solução para muitas vidas que estaria em perigo pelas águas que corriam no leito do rio Trairi.
Por volta das 17:30hrs deste dia 1º de abril de 1981, um telefonema dirigido ao prefeito Hildebrando da principal cidade da região Trairi seria o escape para milhares de vidas que seriam ceifadas pelo poder devastador das águas torrenciais que caíam sobre toda região Trairi, e em especial nos afluentes do rio que enchiam rapidamente o açude Mãe D’água em Campo Redondo, que o levou a sua capacidade máxima, não suportando tanta água, provocando um grande rompimento no centro de sua parede principal.
Após o grande estouro da parede, as águas desceram no leito do rio com grande poder de destruição, derrubando árvores, inundando ruas, derrubando paredes e levando tudo que estava a sua frente, até mesmo a única ponte de acesso a cidade de Campo Redondo, jogando-a a quase cinquenta metros de distância, pela sua pressão e força que se chocava ao encontro dela. Toneladas de concretos não puderam conter a força das águas do dia 1º de abril de 1981. Os braços poderosos das águas ergueram-na como se fosse um peso qualquer.
Diante de tudo isso, a cidade se mobiliza, as pessoas fogem de suas casas, tentam salvar o que podem, abandonam bens, animais são levados rio abaixo, pessoas se salvam agarradas em coqueiros, a inundação invade várias ruas, pessoas apavoradas, desabrigadas, sem rumo, sem teto. As águas desciam rio Trairi com sua força, sua braveza a procura de novas vítimas, mas o povo resiste a sua grande fúria e sobrevive.
Em Santa Cruz, o alerta já foi dado pela nossa heroína, a telefonista que mesmo desacreditada, insistiu tanto, que as autoridades resolveram avisar a população do perigo iminente, e assim famílias foram salvas de uma grande tragédia. Uma verdade, que poderia ser mentira, salvou milhares de pessoas na região Trairi: Campo Redondo e Santa Cruz jamais esquecerá esta data memorável de 1º de abril de 1981. hoje Maria de Fátima é professora.
Santa Cruz / RN - OpenBrasil.org
Comentários do Ex-prefeito de Santa Cruz RN.
Não morreu ninguém diretamente. Morreu um homem que foi tirar um caminhão caçamba que um poste havia caído e o cabo estava sobre o capu, morreu eletrocutado, um motorista que vinha chegando na cidade e tentou passar sobre a ponte do rio inhare que estava lavando por cima.
Uma telefonista(posto da Telern, não tinha telefones nas residências) da cidade de Campo Redondo ligou pra Santa Cruz avisando que o açude de cidade havia estourado e as águas desciam pelo rio trairi em busca do açude de Santa Cruz que já estava cheio e fica antes da cidade. Então deu tempo de retirar as pessoas das casas localizadas nas partes baixas da cidade.
O Governo Federal deu total apoio na época, enviando o Ministro Mário Andreaza a cidade. O Governador era Lavoisier Maia. Construíram 900 casa em 90 dias, em terreno doado pela igreja católica, onde hoje é o Conjunto Cônego Monte, que abriga o hospital Aluísio Bezerra.
Santa Cruz era a única entrada de energia para o estado, de lá saía toda distribuição da energia do RN. Depois disso fizaram novas distribuição, por Assu, Mossoró e uma outra cidade que não recordo agora.
Créditos a José Péricles ex-prefeito de Santa Cruz e Engenheiro Mecânico da SESAP.
Enviado por Giovane da Acup.