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terça-feira, 20 de dezembro de 2022

70 Anos de Fundação da Capela de Nossa Senhora de Fátima - Sítio Cajueiro Patu RN.



A Capela de Nossa Senhora de Fátima que fica localizada no Sítio Cajueiro, zona rural de Patu-RN, comemora os seus 70 anos de fundação, a mesma construída nos anos de 1952 e 1953 por Francisco Avelino dos Santos, conhecido por “Chicó Avelino” proprietário das terras onde ela foi construída. A ideia para a construção da Capela de Nossa Senhora da Fátima surgiu em virtude de uma promessa da esposa do senhor Chicó Avelino, dona Severina Severiana de Santana, que faleceu antes de cumprir com promessa.  Na verdade a capela seria construída para São Francisco, mais como já existia uma capela em devoção a este santo na comunidade do Coroatá, tendo São Francisco como padroeiro, ele resolveu fazer em homenagem a Nossa Senhora de Fátima, onde a imagem  veio de Portugal, na época em que a capela foi construída. 

Logo quando a capela foi construída, havia muitos moradores na Zona Rural, onde sempre aconteciam grandes celebrações, inclusive missões de  Frei Damião e Frei Fernando. 

Por mais três décadas, esta capela ficou  fechada. Nos anos 90, ela foi restaurada por Jorge Pereira de Castro Júnior, conhecido por Júnior Baiano (neto de Chicó Avelino)  e foi reaberta  com ajuda da sua esposa  Socorro Castro, “Socorrinha”onde passou acontecer várias atividades como: novenário do mês de maio, coroação de Nossa Senhora, catecismo, batizados e casamentos, com os moradores da comunidade local e da vizinhança.  As catequistas eram: Hemilkiane ,Carlinha, Rafaella e Edivaneide que faziam parte da Renovação Carismática Católica de Patu, pertencente a Paróquia de Nossa Senhora das Dores. 

No mesmo período, Branca de João Pereira, conseguiu comprar alguns bancos com doações de familiares e amigos e fez também o altar, porque antes só possuía uma mesa. Durante muitos anos, Rita Carrapina e América foram zeladoras da Capela de Nossa Senhora de Fátima. Hoje a mesma é zelada por Mônica e América, moradoras da comunidade. Atualmente são celebradas as novenas do mês de maio e coroação a Nossa Senhora, tendo como responsáveis, Socorro Castro e Hemilkiane, e no mês de Dezembro é realizado o Natal das crianças e das pessoas da comunidade e vizinhanças, com distribuição de presentes e lanches. Em janeiro de 2022, foi realizado o batizado da Neta ( Maria Isabela) do casal Júnior Baiano e Socorro Castro. Esse foi um pequeno relato da Capela de Nossa Senhora de Fátima que comemora neste ano de 2022 e 2023, setenta anos de existência. Parabéns a todos da comunidade rural Cajueiro.  

Fonte das informações e fotos:

Socorro Castro.

Galeria de Fotos Referentes a Capela de Nossa Senhora de Fátima

Sitio Cajueiro - Patu-RN

Parte Fronta da Capela
Padre Tarcísio Weber em celebração na Capela
Famílias da comunidade
Comunidade participando de celebrações na Capela
Coroação a Nossa Senhora de Fátima.
Renovação Carismática Católica de Patu-RN
Realizações de Batizados.



terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Momentos da História de Patu RN "O Casamento do Cangaceiro Jesuíno Brilhante.



O casamento de Jesuíno Alves de Melo Calado "Jesuíno Brilhante" com Maria Carolina da Costa e Lima foi realizado em Patu no dia 07 de Novembro de 1863. Ele filho legítimo de João Alves de Melo Calado e de Alexandrina Maria do Amor Divino. Ela filha legítima de Joaquim Monteiro de Moura e de Anna Joaquina de Souza.

Jesuíno Brilhante nasceu no ano de 1844, Sítio Tuiuiú, Zona Rural do Município de Patu-RN. Por volta dos seus 25 anos, entrou para o cangaço em virtude de desavença com membros da família Limão. Vários crimes aconteceram e o cangaceiro foi procurado constantemente pelas forças de segurança dos estados do Rio Grande do Norte e Paraíba. Faleceu no ano de 1879 na comunidade Palha, Riacho dos Porcos - São José de Brejo do Cruz PB.


Antiga Capela de Nossa Senhora das Dores Patu-RN

Fonte: Livro de Registros de Casamentos da Paróquia de Nossa Senhora das Dores.

Patu RN.

Apoio e colaboração: Fabio Nogueira e Aldenísia Câmara.

Foto: Arte produzida por Alzir Alves.

Artigo: Márcio de Lima Dantas.

Clarissa Torres: feminilidade e ruptura de paradigmas

O livro de Maria Bezerra, Emancipação política da mulher potiguar (Natal: Sapp, 2019), vem preencher uma lacuna no que diz respeito à existência de material como fonte primária para eventuais pesquisas futuras. Sempre que nos chega material com essa espécie de conteúdo, exultamos, pois nossa História enriquece o cabedal de obras que sistematiza de maneira rigorosa o tema proposto.

Eis no que se inscreve o precioso livro da inesquecível Assuense Maria Bezerra, que não apenas registra de maneira disciplinada, por meio de datas, situação geográfica, bem como desenhos de rosto das mulheres que ocuparam cargos públicos no estado do Rio Grande do Norte. A impressão que passa é que tudo foi meticulosamente calculado num gesto amoroso, não discriminando ou deixando de fora quem quer que fosse.

Consabido é que o Rio Grande do Norte foi o lugar no qual irrompeu a emancipação política da Mulher, com a primeira eleitora do país, Celina Guimarães, bem como a primeira prefeita, Alzira Soriano. Tais fatos históricos parecem que decantaram no imaginário coletivo as raízes do que pósteras mulheres ocupariam os lugares que sempre pertenceram aos homens. Na História há sempre uma primeira luz que irrompe onde é sombrio e se repetem os lugares ocupados pelos mesmos desde sempre, como é o caso do masculino na política. Então emana uma chispa de luz que vem a ser não fogo de coivara, levado pelo vento, mas sólida fogueira de boa madeira que arderá, iluminando a marcha da História em direção ao futuro.

É o que sucede hoje em dia. Tornou-se banal a mulher ocupar cargos em todos os níveis da política. Embora algumas ainda mantenham um comportamento advindo do patriarcado, contudo, isso não é regra geral, visto que uma grande parte

prefere não repetir posturas masculinizadas ou autoritárias. Evoco aqui a amiga de Maria Bezerra, a escritora Maria Eugênia Maceira Montenegro, que foi prefeita de Ipanguaçu, criando bibliotecas, teatro e atividades que fortalecessem o espírito. Nunca esquecendo de dar guarida aos desabrigados das enchentes ou das secas.

O livro de Maria Bezerra chegou com o frescor do novo, ou seja, é bastante atual, pois mais e mais a mulher busca sua igualdade face aos homens. E isso em todos os níveis: no trabalho, nas profissões, na divisão das tarefas domésticas com seus cônjuges, enfim, na política, como bem cartografou o livro, mapeando todo o estado do Rio Grande do Norte, demonstrando que muitas informações ainda estão por se fazer divulgar, para que a mulher compreenda seu lugar de igualdade com os homens.

Gostaria de lembrar os desenhos à caneta esferográfica de Iran Dantas, artista de grande talento de Currais Novos. Os de algumas páginas internas são extremamente simples, o fundo preto com o rosto desenhado de branco. O que os torna de uma sofisticação eivada de simplicidade, a coisa mais difícil em arte: dizer o muito com o pouco. Ele o faz com poucas linhas, impregnando de grande poder de sugestão, fazendo saltar do papel a figura desenhada.


Márcio de Lima Dantas.

Professor de Literatura Portuguesa do Departamento de Letras - UFRN.


Artigo de Márcio Lima Dantas.



Careca: teoria e arte do fazer artístico.


Nem sempre parece evidente o fato de que um artista plástico elabora sua obra em algum tipo de suporte, detendo consciência do seu processo de feitura. Ocorre, via de regra, ser o resultado de um talento que não necessitou passar pela Teoria da Arte para que se fizesse pintor ou escultor. A grande maioria é de autodidatas nascidos com alguma espécie de talento abençoado pelas mágicas mãos das musas.

O talento é algo enigmático. Podemos compreender por meio de uma história familiar na qual existiram ou existem pessoas que de forma profissional ou amadora fazem arte. Nesse sentido, o artista familiarizou-se ou foi ensinado a dominar determinadas técnicas. Porém, essa não é a regra.

O que sucede é que algumas pessoas não se contentam em serem criaturas e se arvoram a serem criadores. Eis aqui, talvez, onde se inscrevem aqueles que trazem consigo uma imanente vontade de se expressar por meio de formas não copiadas do mundo, mas resultado de confluências de vetores que caminham para um mesmo ponto. De garatujas interiores passam a tomar formas exteriores: eis que surge o objeto de arte, sobretudo fruto das mãos e do atento olhar de quem busca transcrever o que sentira em seu íntimo.

Não que seja necessário ter o domínio da História da Arte, da Teoria das Cores ou da Geometria. Os naifs, primitivos ou ingênuos estão aí para desmentir essa obrigação de conhecimentos prévios acerca do que se pretende engendrar. Lembro, por exemplo, de um contemporâneo de Acari, o pintor primitivo Nilson, cujo domínio das formas e cores chegam a deleitar um corpo com tanta contemplação feita a partir de palnos extremamente simples. Beleza advinda de um homem simples de uma cidade do interior. É um mestre na combinação de cores, sobretudo nos animais retratados.

Tenho para mim que quando as duas coisas se juntam, a lucidez/consciência do fazer artístico e o talento, ocorre o triunfo da obra de arte resultado de uma gramática que a reveste de grande valor estético, na medida em que o artista é senhor dos seus meios, compreendendo

matematicamente o que faz, sabendo explicar a um eventual expectador o motivo pelo qual usou tais recursos buscando determinado efeito.

Lembro aqui das longas e agradáveis conversas com o artista plástico Careca. Nunca deixa uma pergunta sem resposta. Discorre com propriedade acerca das cores, dos planos e das perspectivas empregadas nos seus trabalhos. Tendo primeiro sido autodidata, contudo, depois aprimorou-se, sendo Bacharel em Arquitetura. Passando a lecionar cursos ou oficinas, nas quais mostra seu conhecimento teórico do que ele prática na sua obra.

O seu conhecimento sobre as cores é bastante profundo, sendo capaz de explicar acerca do círculo das cores, demonstrando oposições ou tons que concorrem para certos efeitos. Talvez não seja à toa a sua grande capacidade de provocar efeitos cromáticos inusitados nos seus trabalhos, ou seja, o que chamamos de grande colorista, a capacidade de apascentar o olhar por meio de uma íntima contemplação.

Todas as suas séries são previamente refletidas, não deixando passar tal fato a um apreciador atento, pois resulta de uma deliberada lucidez, de quem sabe o que está fazendo. Sintomático é que o curso que escolheu para fazer tenha sido a Arquitetura. Essa arte requer, mais que as outras, de um domínio matemático e geométrico para que se erga o edifício que se deseja chantar em algum espaço.

De espírito recatado, o silêncio não é atributo dele, pois parece sentir prazer em conversar sobre sua arte e seus modos de fazer. Como dizemos, “conversa aprumada”, de pessoa séria e de caráter manso, voltando sempre a explicar um detalhe conseguido por meio de um artifício.

Conversar com Careca é, antes de tudo, um exercício de aprendizagem para quem se interessa por arte. Para um crítico, é um deleite e uma boa oportunidade de acrescentar conhecimento por meio de um artista consciente dos meios que usam para lograr êxito com determinado fim: a obra de arte.


Márcio de Lima Dantas.

Professor de Literatura Portuguesa do Departamento de Letras - UFRN.