Maria
Carmelita Rocha, que nasceu em 09 de julho de 1913, na Fazenda São
Miguel, na entrada da Serra das Três Cabeças em Caieira, hoje
Almino Afonso-RN. Naquele tempo não dava para imaginar ela se
formando professora, visto a dificuldade de chegar a um centro de
formação. Seus pais logo entenderam que precisavam fazer o
sacrifício de mandar a pequena Maria estudar em Mossoró. Lá viajou
ela com sua avó mãe Guida, três dias a cavalo pernoitando em casas
de conhecidos, onde alternavam os cavalos cansados. Não havia
telefone, trem, carro ou ônibus. Seus pais João Morais e Sebastiana
ficaram chorando sua ausência, aos quais poderia rever uma vez por
ano, por ocasião das férias quando vinha no carro do tio
comerciante Raimundo Leão, onde estava hospedada. Estudou e se
formou no Colégio União Caixeiral Mossoró-RN. Carmelita
Rocha iniciou a sua carreira docente no município de Almino Afonso
em 1933. Seus alunos daquela época, a recordam como sendo a melhor
das professoras, onde muitos deles são bem sucedidos por este Brasil
afora, falam dela com admiração e amor. Seu esposo Oliveira Rocha
dizia que foi a pessoa mais culta com quem já conviveu, onde a
chamava de Enciclopédia. Dona Carmelita Rocha sempre foi de uma
postura ímpar, nunca se ouviu falar que saiu de sua boca um palavrão
ou uma ofensa a quem quer que seja.
No
ano de 1935 veio lecionar em Patu, como primeira professora formada,
no Grupo Escolar João Godeiro onde foi professora e diretora em
vários mandatos. Ela também administrou uma creche “Casulo” em
Patu durante muitos anos sempre com muito amor e dedicação.
No
ano de 1935 Carmelita Rocha casou-se com Joaquim de Oliveira Rocha,
que era viúvo de Dona Helena Fernandes com a qual teve quatro
filhos: Hildo, Antônio, Francisco e Deusdeth Rocha, onde cuidou
deles como se fossem seus. Ela mesma ainda teve onze filhos: Joaquim,
Olimar, Otoni, Oliveth, Maria Lúcia, Maria da Salete, Maria Helena,
João Bosco, Zilar, Pedro e Miriam Tereza. Seus ensinamentos sempre
estavam voltados para o bem e para o saber. Cultura para ela era o
bem maior, pois dizia que com cultura se consegue tudo. Ela sempre
dizia que tinha que aprender de tudo, desde cozinhar, se apresentar
em público com elegância, saber entrar e sair em qualquer lugar.
Nunca deixou de ser a professora Carmelita Rocha, nunca sendo chamada
de Dona Carmelita de Seu Oliveira Rocha, tendo assim a sua própria
identidade. Irradiava sua luz diante de todos e nunca foi sombra.
Certa ocasião em que foi entrevistada no Programa do Fantástico da
Rede Globo de Televisão, quando o repórter lhe perguntou: “o que
pensa uma mulher de um coronel do Nordeste ?” Ela respondeu: “Foi
tudo muito bom, mas não gosto de ver ninguém ser subjugado a
alguém”.
Por
muitos anos foi a secretária da Associação do Apostolado da
Oração. Redigia as atas das reuniões mensais, com muito esmero e
letra bonita. Tenho certeza de que quem fez e faz o Apostolado da
Oração, entre tantas, sua afilhada Nadir Godeiro, tem o maior
carinho por ela. Sempre gostou de participar em tudo na igreja. Por
isso ela e Oliveira Rocha doaram para a Igreja de Nossa Senhora das
Dores, a casa em que nascemos e que hoje é o salão paroquial. Na
sua velhice, mesmo não podendo frequentar a Matriz de Nossa Senhora
das Dores ela sempre acompanhava as missas e programas religiosas
transmitidos, na época, pela Rádio Serrana FM onde a mesma era
ouvinte assídua.
Dona
Carmelita Rocha na sua vida cotidiana usava um jeito especial de
aconselhar os filhos, onde dizia: “se eu fosse você, faria
assim...” Nesses conselhos transbordando de firmeza mais completa
de amor, os filhos obedeciam e seguiam os seus conselhos. Ela também
pronunciava importantes frases: “Cuidado com as pessoas que sempre
lhe adulam. Elas são como sepulcros caiados, bonitas por fora, mas
podres por dentro”. “Agente só conhece um amigo, quando come um
saco de sal junto com ele”.
Dona
Carmelita Rocha gostava muito de poesias, inclusive de decorar
recitar algumas de có. Escrevia pequenos poemas, alguns dos mais
especiais escritos após a morte do seu esposo Oliveira Rocha, em 09
de agosto de 1982 intitulado: “o poema daquele dia triste” e
outro intitulado “tudo vazio, tudo triste”. Entre os seus
escritos também se encontram crônicas, tudo reunido em um diário
que ela dedicou-se a escrever durante alguns anos.
Durante
a sua existência, principalmente na sua velhice, algumas pessoas
cuidaram muito bem dela onde podemos citar: Dra. Fátima, Maria
Dutra, Maria das Graças vulgo “Cacata” e Juarez Veras que por
muito tempo foi seu motorista.
Dona
Carmelita Rocha faleceu no dia 25 de abril de 2012 aos 98 anos de
idade deixando um legado de amor, de educadora, alfabetizadora e
grande admiradora da literatura que ficaram registrados na memória
de muitos patuenses que foram seus alunos, colegas de trabalho,
contemporâneos e admiradores de alguém que acreditava no potencial
transformador da educação e fazia sua parte para que isso de fato
acontecesse.
Hoje
Dona Carmelita Rocha é imortal na APLA – Academia Patuense de
Letras e Artes onde a mesma é patronesse da cadeira de número 03
ocupada pela acadêmica e professora da Escola Estadual João
Godeiro, Mônica Alves Brasiliano.
Fonte:
Blog
de Higor Godeiro.
Mirian
Rocha,
Mônica
Alves Brasiliano.
APLA
– Academia Patuense de Letra e Artes.
Dona Carmelita Rocha em 2008 olhando a cheia do açude do Paulista
Dona Carmelita Rocha e sua filha Zilar Rocha
Serra de Três Cabeças - Almino Afonso RN- onde dona Carmelita Nasceu
Mônica Alves Brasiliano - Acadêmica da APLA - Academia Patuense de Letras e Artes - ocupa a cadeira de número de 3 que tem como patronesse Carmelita Rocha
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