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quinta-feira, 7 de junho de 2018

História de Joaquim de Oliveira Rocha - O Úlltimo dos Coronéis do Nordeste

Texto: Miriam Tereza Rocha Souza

Joaquim de Oliveira Rocha, nascido aos 25 de julho de 1893 na Fazenda Junco, município de Patu, filho de Maria Dantas da Rocha e de João de Oliveira Rocha, professor mestre-escola, homeopata, juiz distrital, rábula ou advogado sem formação acadêmica e agropecuarista. Oliveira, como era conhecido, teve oito irmãos. Foi uma criança muito inteligente e criativa. Gostava de ocupação agropecuária, de gado, cabras e ovelhas. Desde cedo dedicou-se ao comércio. Morando em Patu, começou a comprar algodão para a usina de beneficiamento de Alfredo Fernandes, tempo em que foi organizando sua loja de tecidos. 
Em 1916 casou- se com dona Helena Fernandes, com quem teve onze filhos, dos quais sobreviveram apenas quatro: Hildo, Antônio, Francisco (Chico Rocha) e José (conhecido por Deusdeth). 
Tendo ficado viúvo em 1935, casou-se em 1936 com dona Maria Carmelita Morais com a qual teve novamente onze filhos: Joaquim, Olimar, Otoni, Oliveth, Maria Lúcia, Maria de Salette, Maria Helena, João Bosco, Zilah, Pedro e Miriam Tereza.
Oliveira, enquanto morava parede de meia com a casa paroquial, residência mais tarde doada por ele à Paróquia Nossa Senhora das Dores, começou a comprar terras e a estabelecer-se  na Fazenda Lajes e nestas terras tão férteis tornou-se o maior produtor de algodão fibra longa e por intermédio da fazenda Oliveira de Caraúbas foi considerado o maior produtor de gado e bode como foi demonstrado num programa do Fantástico da TV Globo.
Gostava de trocar ideias com Lourival Rocha, Júlio Fernandes e Pe. Henrique Spitz em quem admirava a coragem, a persistência e a criatividade. Pe. Henrique procurava valorizar pessoas de Patu que quisessem trabalhar no Santuário do Lima, pagando a cada um o que merecia e incentivando a pouparem para com o tempo comprar ou melhorar sua própria casa. Oliveira tanto valorizou pessoas de Patu como de outras regiões que tivessem responsabilidade e vontade de trabalhar. Em suas terras chegaram a morar sessenta famílias, que na sua maioria através da participação dos lucros na colheita do algodão conseguiram comprar casa na cidade de Patu, de preferência na rua das Cajaranas, onde iam residir após merecida aposentadoria. No contexto da sociedade atual muitos considerariam o sistema de trabalho da época como sendo de escravos, no entanto tendo Oliveira como patrão tal não acontecia, pois mesmo em tempo de seca e dificuldades financeiras nunca deixou faltar dinheiro nem alimentos e o direito de criar vaca e galinhas, garantindo assim leite e ovos para a família.  Todos os que o conheciam o admiravam pelo seu senso de justiça e profundo sentimento humanitário. Ficou conhecido e comentado que pessoas sentindo-se oprimidas e humilhadas por donos de algumas propriedades da região vieram pedir socorro na Fazenda Lajes onde prontamente foram acolhidas. Em 1928 foi delegado e juiz de paz em Patu, cargos que exerceu com muita diplomacia numa época em que nesta pequena cidade tudo era mais simples e precário.
Foi nesta época que devido liderança política, seu poder econômico e serviços relevantes prestados à comunidade e à região do  médio oeste, recebeu a patente de coronel. Como pai, Oliveira tinha uma grande preocupação em preparar um futuro digno para seus filhos. Por isso após completarem os estudos na escola primária de Patu, enviava os rapazes ao Colégio Diocesano e as meninas ao Colégio Imaculado Coração de Maria,  em Mossoró.
Em 1982 o rei do baião, Luís Gonzaga e Dominguinhos vieram cantar para o coronel na Fazenda Lajes. Luís Gonzaga fez questão que poucas pessoas além da família estivessem presentes, depois de cantar um bocado, ainda foi ao Lima pedir a bênção a Nossa Senhora  dos Impossíveis. Jantando na fazenda comeu com gosto carne de sol com rapadura e coalhada. E ao despedir- se disse: “Aqui é um céu”! Em julho de 1982 na data de seu aniversário, a TV Globo veio fazer uma reportagem a respeito do último dos coronéis do Nordeste, matéria muito bem elaborada e que fez Patu ser conhecida pelo Brasil por suas belezas e potencialidades. Infelizmente quando a reportagem foi ao ar, Oliveira havia falecido a poucos dias, aos nove de agosto. A rede Globo tornou a publicar segunda vez a reportagem acrescentando a notícia da morte deste grande empreendedor e herói do sertão potiguar. Sua morte foi noticiada pelos jornais do Rio Grande do Norte, a família recebeu dezenas de telegramas em solidariedade. Lauro da Escócia escreveu em sua crônica: “Morre em Patu o último dos moicanos”.
Na realidade Oliveira foi uma pessoa muito organizada e de interesse pelo desenvolvimento da sociedade patuense. Orientado por princípios cristãos de justiça, suas convicções e fé num ser superior foram por ele vivenciadas de diversas formas na vida real de cada dia. Ao acordar dirigia- se ao alpendre e olhando na direção do Lima pedia a proteção da Mãe de Jesus Cristo para si e sua família. Muito antes de sua morte, mandou erigir seu túmulo com a imagem de Nossa Senhora dos Impossíveis. Nos momentos de maior dificuldade costumava dizer: “Quando Deus tarda já vem no caminho”. Na época, o prefeito de Patu, Dr. Epitácio Andrade tendo construído a maior praça da cidade fez questão que em cuja parte central ficasse em evidência o monumento em homenagem ao coronel Joaquim de Oliveira Rocha. O busto em bronze já tinha sido feito em São Paulo e dado a Oliveira pelos filhos quando ele completara oitenta anos de idade.
A inauguração solene aconteceu no dia 25 de julho de 1986 com a presença da grande família, de autoridades, de amigos vindos de diversos estados e de políticos. Pe. Antônio Schulte-Wrede procedeu à benção da praça, em seguida discursos foram pronunciados enaltecendo os feitos de Joaquim de Oliveira Rocha e nada mais justo que lembrar sua vida através do monumento  e da praça em sua homenagem.

Reportagem: Aluísio Dutra de Oliveira.
Colaborador: Silvano Schoemberger.
Fotos cedidas. 



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