Muitos barbeiros deixaram seus nomes na história das pequenas barbearias em Patu, podemos evocar os nomes de Almino Bento (primeiro barbeiro de Patu), Aurélio, Nelson Barbeiro, Aureliano Antônio da Silva (conhecido também como Aureliano marcador de quadrinha junina), João Barbeiro, Antônio Belo, Manuel Barbosa, Zezito barbeiro e José Bento (pai de Da. Maria de Belo). Esquecidos nomes de um ofício bastante antigo. Lugar essencialmente masculino, também possibilitava a socialidade, ao agregar pessoas que aguardavam sua vez nas tardes quentes, sentados em tamboretes do lado de fora, palestrando amenidades.
Contudo, o que imprimiu seu nome com o profundo traço do buril, na memória coletiva, foi Cícero Romão Batista (12.04.1912 – 30.11.1999), nascido no Sítio São Vicente, distrito de Patu, filho de Luiz Francisco (Preto) e da Sra. Isaura Pantília da Silva. Casou-se com Josefa Pereira Batista (Santa, 31.08.1919 – 24.07.2006). O casamento religioso foi realizado pelo celebrante Pe. Heribert Shlage, tendo residido durante 71 anos à rua Dr. José Augusto, 178.
Veio em 1928 para Patu, com 16 anos, tendo iniciado a profissão em um prédio situado à rua Capitão José Severino, juntamente com seus colegas Almino Bento e Aureliano. Trabalhou durante o período de 1928 a 1999, perfazendo assim 71 anos de profissão, sendo considerado não somente o melhor, mas também o barbeiro mais antigo da cidade.
A qualquer dia, qualquer hora, estava impecavelmente vestido com suas roupas bem cortadas. Calças escuras e camisas em tons claros, além de sapatos de coro. Para o tempo, essa indumentária com um tanto de modéstia, e outro tanto de elegância masculina, era a sua vestimenta de trabalhar em sua barbearia.
Ninguém nunca o encontrou em outro lugar, em casa ou na barbearia. Esse era seu mundo, pouco dado à socialidade ou amizades mais estreitas. Quedou-se em uma rotina habitante daqueles indivíduos que precisam deter as horas, como se fosse dominar o tempo. Na verdade, mais parecia buscar uma forma de viver o dia com uma espécie de domínio sobre o que vai acontecer, ou seja, prefere vivenciar a curva do tempo perante uma expectativa. Assuntar o dia sabendo o que vai acontecer, sem sobressaltos, sem surpresas, sem novidades. Dormir como se fosse ontem, acordar para um sol franco e tépido, sem nada acrescentar, apenas se vestir e ir para o trabalho.
Dizem que a gente morre como vive. Se assim for, eis aqui um exemplo desse adágio, a vida e o fim de Cícero Romão. Edificou seu trabalho e sua família através de um
cotidiano extremamente previsível, passando os dias de uma maneira cujos rastros apenas deixavam marcas leves no chão reconhecido, palmilhado desde sempre.
Márcio Lima Dantas.
Aluísio Dutra de Oliveira.
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