Por Márcio de Lima Dantas
Integra a geração pós Marieta Lima, tendo seguido cronologicamente a profícua geração personificada em Joseph Boulier e Varela, sendo que o que mais se destacou e se fez grande artista visual foi Vicente Vitoriano, hoje residindo em Natal. A arte desse artista que adentra por muitos caminhos estilísticos do fazer artístico consolidou-se principalmente por um geometrismo com forte apelo às pinturas corporais ou de adereços das etnias indígenas. Valendo lembrar que o autor não trabalha com um colorismo que chame atenção para fortes apelos de contrastes de cores. Há uma suavidade nos tons selecionados para aproximar as cores em contrastes. Com efeito, eis que temos telas com planos justapostos entre cruzando-se em diversas direções. Se atentarmos com cuidado, veremos uma espécie de centro para onde os planos confluem, como se fossem vetores que buscam algo tal um vórtice, causando um efeito estético de grande beleza, sobretudo pela leveza das cores e pelo não uso de excessos cromáticos. O artista contenta-se em compor a partir de um limitado número de cores, nunca fazendo uso de sombreamentos ou tons.
A cor permanece pura dentro do seu plano, o que faz a beleza é a justaposição de linhas retas ou linhas curvas, muitas vezes fazendo uma mescla dos dois tipos. A obra de Rogério Dias vem de muito longe. Sempre trabalhou com arte. Limitei-me aqui ao componente indígena, pois creio que é onde se expressa com mais propriedade e bastante capaz de provocar harmonia tendo em vista as tradições das nossas etnias. Há em sua obra muito de composições abstratas, variações indefinidas entre ser concreto ou ser abstrato. De grande importância é o fato do artista trabalhar na elaboração de Logomarcas de empreendimentos comerciais. Embora seja uma espécie de trabalho que se reveste do funcional, do utilitário, que busca a identificação de um comércio ou coisa que o valha, o autor não se limita a algo que busque puramente o apelativo e a identificação. Acredito que é nesse tipo de atividade onde expressa sua maior capacidade de artista: o ser capaz de transformar algo feito para o uso banal de placas, timbres, escritórios, capas de livros, em objetos de arte.
Ou seja, o que tem valor utilitário também detém valor estético. Não é algo tão simples de se conseguir. Nesse tipo de atividade se permitiu uma liberdade que não encontramos em outros trabalhos. Falo do uso de cores quentes, fortes, luminosas, dotadas do poder de chamar atenção para si. Configurando contrastes inusitados, combinando o que não é habitual, em formas que evocam de alguma maneira o objeto fruto da logomarca. Gostaria de citar apenas algumas.As logomarcas da Rádio Centenário, Granja São Camilo, Cooperativa Terra Livre e Terra viva, acredito que foi onde demonstrou sua maestria no manuseio das cores atreladas às formas. São todos de grande imponência e beleza. O triunfo da cor sobre um plano, numa forma abstrata que obriga o expectador a refletir qual a relação entre o ícone que representa determinado objeto ou comunidade de homens com fim comum. Bem claro. Rogério Dias é domador de cores, transfigurando objetos e doando apenas a simplicidade de cores fortes em múltiplas formas.
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