Nasceu em Sumé, na Paraíba, berço da poesia do Pajeú e do Cariri nordestinos. Veio à luz no dia 28 de junho de 1930. Em 1961 conhece Luiz Gonzaga (do Exu/PE) em Sumé, na Paraíba. Foi o início de uma grande e frutífera parceria. Cantou No Piancó, Pássaro Carão e Serrote Agudo. Gonzagão tratou de leva-lo para o Rio de Janeiro. Na temporada, o Velho Lua gravou o disco Véio Macho, com seis músicas de Marcolino, que toca gonguê nesse disco gravado pela RCA. No LP A Triste Partida, Luiz Gonzaga gravou Cacimba Nova, Maribondo, Numa Sala de Reboco e Cantiga de Vem-vem.
Zé Marcolino retorna para a Paraíba, onde fica no município de Prata até 1973. Foi para Juazeiro da Bahia e ficou até 1976, quando foi para Serra Talhada de vez. Inteligente, bem-humorado, observador, Marcolino tinha os versos nas veias como a caatinga do Sertão. Não fazia por dinheiro ou reconhecimento, mas porque aquilo revelava o que sua alma podia transformar em arte, em poesia.
Pai cearense e mãe paraibana, Zé Marcolino casou com Maria do Carmo Alves no dia 30 de janeiro de 1951 com quem teve os filhos Maria de Fátima, José Anastácio, Maria Lúcia, José Ubirajara, José Walter, José Paulo e José Itagiba. Sete ao todo. Mais de 50 músicas de sua autoria foram gravadas por Luiz Gonzaga e diversos outros cantores. Sua simplicidade era peculiar.
Indagado numa entrevista no Rio de Janeiro “se pretendia ser apenas compositor”, Zé Marcolino comentou tímido: “Seu Luiz Gonzaga, na vinda aqui para o Rio, apresentou-me como cantor em Paulo Afonso (BA). Quer que eu cante aqui também. Vou ver se tenho coragem para isso”. José Marcolino, com sua linguagem simples, falou sobre suas atividades em Sumé (PB), como vaqueiro, pedreiro, barbeiro e compositor.
– Das suas profissões, qual a que rende mais ? – pergunta o repórter ao Poeta. “Acho que é a de vaqueiro. Vender gado é um bom negócio”, atestou. Ele contou das cartas que enviava para o mestre Luiz Gonzaga. Ainda tentou encontrar Seu Lua em Floresta dos Navios, mas abordou o Rei do Baião em Sumé mesmo e terminou acompanhando-o para uma turnê no Rio. A saudade do Sertão o fez voltar para o pé de serra onde deixou ficar seu coração. Até hoje, intelectuais, magistrados, promotores, advogados, jornalistas, músicos e literatas reverenciam José Marcolino Alves.
No dia 19 de setembro de 1987, José Marcolino sofreu um grave acidente de carro, em Carnaíba-PE, uma vaca saiu de dentro do mato e atravessou a estrada provocando um acidente muito grave, no dia seguinte o poeta Zé Marcolino veio a falecer.
Em 20 de setembro de 1987 a obra de José Marcolino Alves (Zé Marcolino) era imortalizada com o luto de três dias decretado pelo prefeito de Serra Talhada, Sebastião Andrada Oliveira, por ocasião da morte do poeta que escolhera aquele município da região do Pajeú pernambucano para viver seus dias até aquele fatídico acidente. Estátuas, praças e outros logradouros públicos foram erguidos em sua homenagem, no coração de Serra Talhada. Coisas importantes para um homem simples como era Marcolino. Já tinha sido carpinteiro, dono de casa de peça de automóvel, etc.
O poeta Zé Marcolino fez a composição de dezenas de sucessos, gravados por vários artistas, principalmente Luiz Gonzaga.
Cacimba Nova, toada (José Marcolino)(1964)
Numa Sala De Reboco, xote (José Marcolino/Luiz Gonzaga)(1964)
Cantiga do Vem-Vem, baião (José Marcolino/Panta)(1964)
Fogo sem Fuzil, polquinha (Luiz Gonzaga/José Marcolino)(1965)
Quero Chá, polquinha (José Marcolino/Luiz Gonzaga)(1965)
Sertão de aço, xote (José Marcolino/Luiz Gonzaga)(1962)
Serrote Agudo, toada-baião (José Marcolino/Luiz Gonzaga)(1962)
Pássaro Carão, baião (José Marcolino/Luiz Gonzaga)(1962)
Matuto Aperriado, baião (José Marcolino/Luiz Gonzaga)(1962)
A Dança de Nicodemos, xote (José Marcolino/Luiz Gonzaga)(1962)
No Piancó, xote (José Marcolino/Luiz Gonzaga)(1962)
Pedido a São João, baião (José Marcolino)(1963)
Caboclo Nordestino, baião (José Marcolino)(1963)
De Olho no Candeeiro (João Silva/Zé Marcolino)(1987)
Boca de Caieira (Zé Marcolino/Zé Mocó)(1986)
Eu e Meu Fole (Zé Marcolino)(1986)
Projeto Asa Branca (José Marcolino/Luiz Gonzaga)(1983)
Bota Severina Pra Moer (Zé Marcolino e Zé Mocó) (****)
Obrigado meu Deus (José Marcolino) (****).
O Poeta e Repentista Ivanildo Vila Nova escreveu o poema, "Tributo a Zé Marcolino em parceria com o cantor Tom Oliveira.
Seu ofício era a arte de cantar
Catedrático nas aulas da natura
Cinturinha de abelha era a cintura
Das morenas nas noites de luar
Afiou-se na pedra de amolar
Mas a pedra da morte é afiada
Ficou o barro batido da latada
Sem as marcas dos pés do dançarino
Uma vaca matou Zé Marcolino
E eu não dava José numa boiada
Bira e Fátima não param de gemer
O serrote é agudo e está de prova
Com o tempo secou cacimba nova
Nunca mais o seu dono vai encher
Quem botou Severina pra moer
Foi moído na última caminhada
E a limpeza da sala rebocada
É a cara do povo nordestino
Uma vaca matou Zé Marcolino
E eu não dava José numa boiada
Foi parceiro de Lula e gravou disco
Suas músicas passeiam por aí
Triste pássaro, carão do Cariri
Que voou procurando o São Francisco
Um vem-vem voejando tão arisco
Quando achou Pernambuco, fez morada
Outro mito pisou Serra Talhada
E fez-se pó junto ao pó de Virgulino
Uma vaca matou Zé Marcolino
E eu não dava José numa boiada
Foi a vaca o motivo desse choro
Sem querer nos causou tanta saudade
Um poeta tem mais utilidade
Do que carne de vaca, leite e couro
Era filho de Prata e valeu ouro
Criatura telúrica e inspirada
Escreveu um poema pra estrada
E sucumbiu nas estradas do destino
Uma vaca matou Zé Marcolino
E eu não dava José numa boiada.
Fonte: Musixmatch
http://cultura.serratalhada.pe.gov.br/personagens-da-historia-ze-marcolino/
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