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segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Parque “O Rei do Baião” divulga vencedores do Concurso LEMBRANÇA DO ÍDOLO

Com setenta e sete inscrições, o Concurso LEMBRANÇA DO ÍDOLO, em homenagem a Rosil Cavalcanti, que este ano, se vivo fosse, completaria 100 anos, organizado pelo Parque Cultural “O Rei do Baião”, da Comunidade São Francisco, município de São João do Rio do Peixe-PB, apresenta os três primeiros colocados desse prêmio já tão cobiçado no Brasil inteiro.
1º Lugar: José Romero Cardoso, de Mossoró-RN, com a crônica intitulada “A AÇÃO IMPLACÁVEL DAS SECAS EM AQUARELA NORDESTINA”.
2º Lugar: Maria Inez Santos, de São Miguel do Oeste-SC, com a crônica intitulada “INESQUECÍVEL CAVALCANTI”.
3º Lugar: Carlos Brunno Silva Barbosa, de Valença-RJ, com a crônica intitulada “CONVERSA (A)FIADA COM O JOVEM LOUCO DA PRAÇA ENQUANTO A CAMPINA FICA ‘MAIS GRANDE’ NO HORIZONTE DISTANTE”.
A Comissão Organizadora e demais membros que fazem o Parque Cultural “O Rei do Baião” agradece a todos que participaram desse tradicional concurso. Nos vemos no concurso do ano que vem.

FONTE:
http://www.caldeiraodochico.com.br/parque-o-rei-do-baiao-divulga-vencedores-do-concurso-lembranca-do-idolo/


A ação implacável das secas em Aquarela Nordestina

José Romero Araújo Cardoso

          Na História da Música Popular Nordestina há lugar de destaque para a abordagem brilhante que Rosil de Assis Cavalcanti (Macaparana, 20 de dezembro de 1915 – Campina Grande, 10 de julho de 1968) enfatizou no que se refere ao drama representado pelas secas no Nordeste Brasileiro, através de belíssima canção regional intitulada Aquarela Nordestina, composta em parceria com Maria das Neves Coura Cavalcanti.
          Em 1958, Marinês e sua gente gravaram Aquarela Nordestina, seguidos por outros geniais intérpretes, a exemplo de Luiz Gonzaga, registrada em 1989, ano de sua morte em dois de agosto e Elba Ramalho, que a gravou em 1981, entre outros artistas de renome.
          Disputado programa radiofônico transmitido pela Rádio Borborema de Campina Grande, comandado pelo Capitão Zé Lagoa, Rosil Cavalcanti em pessoa, contava com presença marcantes de artistas regionais, incluindo os precursores da gravação de um dos mais cultivados hinos nordestinos.
          A estiagem que calcina a terra é invocada para cantar a paisagem da região supliciada pela ação intransigente do vento aliseo nordeste que, em consonância com a participação orográfica representada pelo Planalto da Borborema, em cuja vertente sudeste nasceu Rosil Cavalcanti, em Macaparana (PE), assinalam indelevelmente marca efetiva no quadro natural do nordeste seco.
          Aquarela Nordestina desperta ideia de pertencimento, destacando aspectos bastante familiares ao nordestino vítima das secas, pois ao longo dos primeiros versos descreve com invulgar perfeição a situação de aflição que atinge inexorável da fauna dependente de água para sobreviver.
          A fauna e a flora eram indissociáveis no cotidiano do povo dos outrora sertões esquecidos, quase apêndice da própria existência, tendo em vista a relação direta com costumes e tradições decantadas no legado musical deixado por Rosil Cavalcanti. Hoje a situação difere radicalmente, tendo em vista o esvaziamento do campo e a confirmação de uma nova realidade.
          Em Aquarela Nordestina, a intensidade das secas é registrada em razão que áreas não tão afetadas pela ação inclemente das estiagens são registradas, como o Brejo, região que em Pernambuco assinalou o nascimento do célebre compositor, bem como o agreste.
          O destaque florístico contido na música de que acauã no alto do pau ferro canta forte dimensiona a intensidade da calamidade cíclica, pois o nome vulgar atribuído a essa espécie vegetal é usado para várias árvores da Família Fabaceae, da mata atlântica latifoliada semidecídua, sendo encontrada em áreas de transição, como a que onde Rosil Cavalcanti veio ao mundo.
          A seca, em Aquarela Nordestina, não se restringe ao nordeste semiárido. Em diversos momentos da História Nordestina, como nos anos de 1877 e 1879, há registros de que a seca extrapolou seus limites geográficos e se espraiou por espaços privilegiados, levando inconformismo e desespero, efetivando-se flagelos às desvalidas populações interioranas da grande região Nordeste.  
          Patrimônio valiosíssimo da cultura de um povo forte e altivo, Aquarela Nordestina ultrapassa gerações e não perde seu valor em razão que eternas pérolas perpetuar-se-ão desafiando as brumas do tempo e as imposições de modelos falsos de conduta que não respeitam a grandiosidade de culturas forjadas na autenticidade.



José Romero Araújo Cardoso. Natural de Pombal (Estado da Paraíba). Nascido em 28 de setembro de 1969. Escritor.Geógrafo. Professor-Adjunto IV do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB) e em Organização de Arquivos (UFPB). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA/UERN). Sócio da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) e do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP).


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