Opinião
Por Carlos Alberto Barbosa, jornalista
Como já rezava no script, antecipado por correligionários, o presidente golpista Michel Temer (PMDB) continuará no poder ditando as regras, conforme quis a maioria dos deputados ao impedir o STF (Supremo Tribunal Federal) de analisar a denúncia de corrupção passiva que pesa contra ele, elaborada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Por fim, 263 deputados ficaram a favor de Temer e 227, contra, sem panelaço, sem protestos contra a corrupção e sem o pato da Fiesp.
Foi um erro, como defendido pelo Globo em Editorial. Isso porque a ética deve prevalecer sobre quaisquer outros aspectos, e a lei precisa ser aplicada independentemente de pessoas, partidos e ideologias. A votação na Câmara foi de fundo político, pode-se argumentar, mas a vitória de Temer transmite para a sociedade a ideia de que pesos e medidas mudam a depender de quem estiver em questão.
Temer agiu pessoalmente em reuniões e mais reuniões para conquistar os votos necessários à sua vitória na Câmara, agradando a deputados com emendas. O pior, uma escandalosa MP (Medida Provisória) publicada no Diário Oficial da União às vésperas da votação, eliminou 100% dos juros sobre dívidas dos latifundiários que devem quase R$ 1 trilhão à União. Isso pra agradar, claro, a bancada ruralista que votou em peso a favor do relatório que era contra o prosseguimento das investigações contra o presidente da República no Supremo.
Quanto a inércia das ruas, me reporto a declaração do sociólogo Jessé Souza , que em entrevista recente à CartaCapital disse de forma taxativa que “a classe média é feita de imbecil pela elite”, o que acrescento, e pelas oligarquias. O ex-presidente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) aprofunda sua crítica à tese do patrimonialismo como origem de nossas mazelas e localiza na escravidão os genes de uma sociedade “sem culpa e remorso, que humilha e mata os pobres”.
A mídia, a Justiça e a intelectualidade, de maneira quase unânime, afirma Souza, estão a serviço dos donos do poder e se irmanam no objetivo de manter o povo em um estado permanente de letargia. A classe média, acrescenta, não percebe como é usada. “É feita de imbecil” pela elite.
Cito Jessé Souza porquanto é real sua afirmação. A letargia tomou conta do povo brasileiro parecendo que a corrupção banalizou neste país varonil. O título deste texto diz tudo: Sem panelaço, sem protestos contra a corrupção nas ruas e sem o pato da Fiesp. O crime da mala ficou impune e o poder na Câmara foi entregue as bancadas do boi, da bala e da bíblia, o chamado centrão.
Em frente o Congresso Nacional, como mostra a foto, apenas um solitário protesta contra o acinte dos poderes.
Isso é Brasil!
Fonte: www.blogdobarbosa.jor.br/ via O messiense.
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