A reza, até dias atrás, chamava o La Niña para o Nordeste. O fenômeno “La Niña caracteriza-se por um esfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical.” Nos anos de ocorrência mais forte do dito fenômeno o efeito de chuvas é benéfico para o Nordeste, como 1988, 1989, 2007 e 2008. O “El Niño”, por sua vez, não favorece as chuvas por aqui. A análise científica diz que o “El Niño” está descartado, mas as chuvas ainda não estão confirmadas para o inverno de 17.
Não sei o que andam dizendo os Profetas populares… Espero que tenham melhores notícias. Observam sinais da natureza e os associam ao inverno. São experiências de várias gerações transmitidas pela oralidade e pelo gosto das coisas do sertão. Um ou outro pesquisador se animou a sistematizar. Na prateleira da internet tem algumas lições sobre o tema. A pesquisadora Neusiene Medeiros da Silva, por exemplo, sistematizou, em sua dissertação de Pós-Graduação na UFRN um dos mais objetivos resumos sobre o tema. Quem estuda igualmente o assunto é Arysson Soares, pesquisador e genealogista radicado em Timbaúba dos Batistas. Neusiene conta, dentre outras experiências, que se a Rolinha fizer ninhos; “pôr muito; fazer seu ninho sobre as plantas”, é sinal de bom inverno. Assim também quando as formigas saem do porão (de dentro) do açude para a parede (local mais alto). Esta experiência já presenciei anos atrás. É bastante visível a saída e o indício de que estão prevenindo uma inundação no local.
Também é sinal de bom inverno, segundo o relato encontrado, se o Caboré cantar durante a noite; “quando o Pau D’Arco flora e segura sua carregação nos meses de Setembro até Novembro”; se chover nos dias 08 (dia de Nossa Senhora da Conceição), 09 a 12 de dezembro, além do conhecido 19 de março, última grande esperança do sertanejo. Ademais, o olhar da maioria se volta para o horizonte em buscas de relâmpagos no Ceará; a posição do vento no final do ano e as notícias de chuvas no Piauí, fora outras tantas experiências que historicamente são feitas ou observadas, inclusive, como amanhece a maré do Oceano Atlântico em Natal no dia 01 de janeiro e como anda a temperatura das poucas águas dos açudes da Região.
Evidentemente que a tecnologia aperfeiçoou e os institutos de meteorologia conseguem melhor precisão a cada ano. O semiárido nordestino, em especial, é uma das regiões mais estudadas no mundo. Mas, também os Profetas populares são imprescindíveis. São eles que observam com melhor atenção o que fala a natureza, conseguem interpretar reações, mesmo com os sinais mudando… Ora, o homem mexeu muito com a natureza e alguns sinais confiáveis de outrora desapareceram ou não conseguem refletir as mesmas informações.
De todo modo, vindo a informação de onde vier, precisamos de notícias mais animadoras em relação a um inverno generoso e restaurador. A situação é crítica e não é de hoje o aviso. Desde 2012 nos foi dito que o período seria de grave estiagem. Governo e sociedade, com o devido respeito, poderiam ter adotado medidas mais ousadas de economia, educação, tecnologia e infraestrutura hídrica. Agora, o problema é muito grave! Falta água no Seridó e perto dele. Mesmo querendo ir buscar, as alternativas são
poucas. A seca é em todo o Nordeste.
poucas. A seca é em todo o Nordeste.
Assim sendo, sem prejuízo de outras medidas que devem ser adotadas, quem é de reza, persevere. A força divina, com o nome que tenha sua crença, tudo pode e, a exemplo de outros momentos da história, ouvirá o clamor de misericórdia: precisamos de água; precisamos de vida!
Fernando Antonio Bezerra é potiguar do Seridó e escreve às segundas-feiras no blogue Bar do Ferreirinha.
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