Através
do Site Estações Ferroviárias do Brasil pode-se conhecer um pouco
sobre a história das linhas ferroviárias existentes no Brasil. Em
especial vamos conhecer a história da linha Mossoró RN – Souza
PB, percurso que passava pela cidade de Patu.
Entre
os percussores e idealizadores da Estrada de Ferro Mossoró – Sousa
destaca-se o nome de Jonh Ulricc Graff, suíço de nascimento. Ele
chegou em Mossoró no ano de 1866 em companhia de Henrique Burly,
Rodolfo Guysne e em Mossoró fundaram a casa J.U. GRAFF & CIA.,
que importava tecidos e exportava diversas mercadorias como algodão,
ceras e peles de animais.
Ulrich
Graff tinha sido convidado, ao chegar da Suíça, a instalar-se em
Macaíba-RN, mas atendendo convite do vigário Antônio Joaquim
Rodrigues preferiu estabelecer-se em Mossoró e região.
Um
de seus sonhos era o da construção de uma estrada de ferro que
possibilitasse o transporte de mercadorias através do sistema
ferroviário. Após batalha neste sentido, Graff tornou-se
concessionário da estrada de ferro em direção ao Rio São
Francisco, através da concessão da Lei Provincial nº 748, de 26 de
agosto de 1875, sancionada pelo 35º Presidente da Província do Rio
Grande do Norte, Dr. José Bernardo Galvão Alcoforado Júnior
(10/05/1875 – 20/06/1876), cujo prospecto inclui uma introdução,
condições topográficas da obra e orçamento do custo de todas as
obras do porto de Mossoró e Luís Gomes.
A
linha “A E. F. Mossoró-Souza” foi inaugurada em 1915 entre Porto
Franco (Areia Branca-RN) e a cidade de Mossoró, com o objetivo de se
alcançar a cidade de Alexandria, na divisa do Rio Grande do Norte
com a Paraíba. Após muitos adiamentos, o prolongamento da linha foi
saindo aos poucos, em 1926 a São Sebastião (Governador Dix-sept
Rosado) e somente em 1951 a Alexandria. Por volta de 1958 chegou a
Souza, encontrando-se com a linha Recife-Fortaleza nessa cidade.
A
estação ferroviária de Patu foi inaugurada em setembro 1936. A
solenidade contou com a presença do governador do Rio Grande do
Norte, Rafael Fernandes, do Prefeito Provisório de Patu, Rafael
Godeiro da Silva, do engenheiro Dr. Artur Pereira Castilho que na
ocasião representou o inspetor geral das estradas de ferros do
Brasil e representou também outras autoridades federais, estaduais e
municipais.
Segundo
dados do IBGE - Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, 1960 - a
estação ferroviária de Patu ficava localizada no
quilômetro 158 da ferrovia. O trem levava cerca de 8 horas e 45 minutos para fazer todo o percurso entre Mossoró e Souzas, numa extensão de 280 km. A maioria desses trens era misto e não somente de passageiros.
quilômetro 158 da ferrovia. O trem levava cerca de 8 horas e 45 minutos para fazer todo o percurso entre Mossoró e Souzas, numa extensão de 280 km. A maioria desses trens era misto e não somente de passageiros.
A
ferrovia ligava a Vila de Grossos a Mossoró. Mas tinha
prosseguimento final na cidade de Souza, cuja estação paraibana foi
inaugurada em 29 de dezembro de 1951, com 342 quilômetros, passando
pelas comunidades de Mossoró, São Sebastião, atual Governador
Dix-sept Rosado, Caraúbas, Patu, Almino
Afonso, Lucrécia, Mineiro, atual Frutuoso Gomes, Demétrio Lemos,
atual Antônio Martins, Alexandria, Santa Cruz-PB e Sousa-PB e fazia
bifurcação a rede Viação Cearense, ou seja, encontrando-se com a
linha Recife-Fortaleza.
Dentre
os produtos que seguiam de Mossoró para vários Estados brasileiros,
destacam-se o óleo de oiticica, algodão, sal, cera de carnaúba,
animais que seguiam para Santos-SP e lá para países da Europa, como
também o gesso que era embarcado para o Estado de Pernambuco.
Nos
anos de 1970 o trem era composto de quatro vagões de passageiros e
um de bagageiro, que ficava entre a locomotiva, já a diesel, e os
vagões de passageiros. Havia dois vagões de primeira classe e dois
de segunda. Não havia, pelo menos na composição de 1970 o
vagão-restaurante. Foram estes tipos de vagões que circularam até
o início de 1991, deixando apenas alguns cargueiros cada vez mais
raros até a privatização em 1996.
Segundo
informações do ferroviário Francisco Xavier, conhecido como Chico
Guarda, funcionário que trabalhou na estação de Patu-RN como
mestre de linha, o Trem da Linha Mossoró-Souza saia da estação de
Souza-PB por volta das 3:30 h da manhã chegando em Patu por volta
6:00 h, chegando em Mossoró as 08:00 horas. A tarde o trem saía da
estação de Mossoró às 15:30 h e passava em Patu por volta das
18:00 h chegando na cidade de Souza por volta das 20:00 horas.
Na
estação ferroviária de Patu trabalharam as seguintes pessoas:
Solon (Agente da Estação), Orlando César (César de Oscar),
Francisco Xavier (Chico Guarda), José Plácido, Chico Canário,
Zezão, Tota, Jocival, Zé Íris, Rolé, Amaral, Galego Elidemir,
Afonso, Júnior de seu Né, Zequinha, Rossival, Chico Batalha,
Ovídio, Joaquim Godeiro Neto, entre outros. Trabalharam no setor de
envio e recebimento de mensagens através de código morse os
funcionários Amaury e Edmílson.
Os proprietários de carros de praça que trabalhavam transportando
as pessoas naquela época eram: Floro Inácio, Raimundo Dantas, Job
Cortez, Chico Beatriz, Tomazinho da Marinete, Zezinho de Maura,
Mendes de Cazuza, Zezinho Nascimento, Sandoval e Benani.
Naquela
época o meio de transporte mais seguro e barato para os passageiros
se deslocarem para Mossoró era o Trem. Muitas pessoas de Patu e região
possuem relatos de viagens que fizeram para Mossoró embarcando na
estação ferroviária de Patu e outras cidades da região.
Na
época que funcionava a estação ferroviária de Patu o movimento
comercial no entorno da mesma era muito grande onde vários
estabelecimentos comerciais funcionavam no bairro da estação, como
podemos citar: A bodega do Nilo, o barraco de João Canário, barraco
de Amadeus, Dona Cristina vendedora de bolos, Armazém de Sal, a
pensão de Dona Vigolvina, a mercearia de Maria Henrique Godeiro, o
Quiosque de João Severino de Souza, entre outros.
No
início dos 90 só passava por Patu o trem de carga, rotina que a
cada dia ia diminuindo até que o trem parou de vez de Passar por
Patu ficando a estação ferroviária desativada.
Por
determinação do Governo Federal, no dia 01 de outubro de 1991 todas
as estações do ramal Mossoró/Sousa, que tanto beneficiou a classe
menos favorecida fecharam suas portas
A
desativação do ramal Mossoró-Sousa ocorreu em 1995 e ninguém fez
nada em prol da estrada de ferro, pelo contrário, nossos políticos
venderam por preço de banana. No dia 19 de abril de 2001, uma
quinta-feira, o ramal foi vendido por R$ 2,7 milhões. Foram 372
quilômetros de trilhos, dormentes, acessórios de via permanentes,
lastros, obras de artes, bueiros, pontes, pontilhões e outros
equipamentos. Nos 13 lotes foram excluídos os terrenos das antigas
estações de passageiros.
O
Leilão durou poucos minutos. Os arrematadores conseguiram comprar o
ramal quase nos lances iniciais. Alguns poucos trechos foram
disputados pelos empresários que vieram de diversos Estados do
Brasil. O lote mais caro foi quem abriu o leilão. Deveria ser o
último, mas pela importância teve prioridade, foi o trecho que fica
entre os municípios de Governador Dix-sept Rosado e Mossoró, com
39.626 quilômetros de leito de férrea, com 13 metros de largura,
iniciando no último aparelho de mudança de via da estação de Gov.
Dix-sept Rosado até o terreno das antigas oficinas de Mossoró.
Ficaram
excluídos os terrenos do pátio da estação de Governador Dix-sept
Rosado, das oficinas de Mossoró e o terreno entre o terminal de
Mossoró onde hoje funciona a Estação das Artes Eliseu Ventania.
A
locomotiva que fez a viagem oficial de inauguração do trecho em
1915, por exemplo, foi vendida a um sucateiro e desmanchada a
maçarico, assim como vagões de passageiros que datavam de 1914 a
1916. O resto do material rodante (que incluía locos Alco RSD-8, GE
U5b, vagões, tanques, gôndola, um guindaste Oton, carros de
primeira e segunda classes, locos de manobra, trollies,etc) ou teve
destino análogo, ou foi transferido para o ramal entre Fortaleza e
Recife. Os trilhos foram arrancados em absolutamente todo o percurso
da ferrovia, empilhados sobre caminhões, e depois disso, nunca mais
foram vistos. Não sobrou um mísero dormente para contar história,
até mesmo as placas de sinalizações das passagens de nível e da
indicação da quilometragem dos trechos foram vendidas. Máquinas de
terraplanagem foram trazidas para nivelar os terrenos por onde a
ferrovia passava e pontilhões e outras obras de arte foram
removidos. As oficinas depósitos e escritório da RFFSA - ou as suas
ruínas - foram demolidas há alguns anos.
Em
vários municípios que eram cortados pelos trilhos, ou as estações
estão abandonadas em ruínas ou foram transformadas em casas de
cultura ou espaços de realização de eventos. Mas nada que lembre
que ali um dia passou um trem.
A
estação ferroviária de Patu hoje está instalado o Museu Padre
Brilhante sendo localizado na Praça José Pereira de Queiroz “Praça
do Povo” que foi totalmente cercada pela administração municipal
(2001-2008) como forma de preservar melhor o local que cotidianamente
é utilizada por pessoas de todas as idades para a prática de
atividades físicas onde a administração municipal de Patu
(2009-2016) instalou uma academia da terceira idade.
Em junho de 2017 um grupo de
cavalgada da região Oeste programou uma homenagem a linha Férrea -
Trecho Patu RN- Mossoró RN onde realizou a I Cavalgada Rota do
Trem, percorrendo 130 quilômetros em dois dias e meio. A atividade
fez parte da programação do Mossoró Cidade Junina 2017 percorrendo
o caminho da antiga ferrovia, saindo de Patu até a capital do Oeste
Potiguar.
A
Cavalgada contou com a participação de caravanas dos municípios de
Patu, Caraúbas, Almino Afonso, Governador Dix-sept Rosado e Mossoró,
que chegaram à cidade por volta das 09:30 h do domingo, 18/06/2017,
seguindo para o Parque de Exposições de Animais Armando Buá, onde
foram recepcionados com um almoço pela prefeita de Mossoró Rosalba
Ciarline.
Fonte:
http://www.estacoesferroviarias.com.br/rgn/patu.htm
Informações
das seguintes pessoas:
Paulo
Godeiro,
Francisco
Xavier
Benedito
Cardoso
Elnai
Miranda de Morais
Gelon
Raimundo
Dantas
Paulo
Alves de Oliveira
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