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sexta-feira, 22 de setembro de 2017

A História da Usina de Alfredo Fernandes em Patu-RN



A cotonicultura, a chamada cultura do algodão, "Ouro Branco" teve seu apogeu na região de Mossoró na segunda metade do século XIX onde várias indústrias e usinas de beneficiamento e exportação de algodão foram instaladas. Em 1868 se destacava a Casa de Mossoró & Cia do empresário Johan Ulrich Graff, em 1870 a Francisco Tertuliano & Cia, em 1883 a Willian Drerfen & Cia, em 1890 a Romualdo Alves Galvão.
Usina de Alfredo Fernandes & Cia - Mossoró-RN

Em 12 de agosto de 1931 dava-se a inauguração da Usina de Beneficiamento de Algodão da firma Alfredo Fernandes & Cia, em cujo solene acontecimento, com benção das instalações oficiada pelo cônego Amâncio Ramalho Cavalcanti e Padre Luiz da Mota, foi entronizado no escritório da referida firma um quadro do Sagrado Coração de Jesus.   

Nos anos 40 a Indústria Tertuliano Fernandes possuía descaroçadores, prensa de fábrica em Mossoró e usina de beneficiamento nos municípios de: Pau dos Ferros, São Miguel, Alexandria, Almino Afonso, Umarizal e Iracema no Ceará.
        A Indústria Alfredo Fernandes & Cia possuía doze usinas localizadas em: Mossoró, Caraúbas, Upanema, Patu, Pau dos Ferros, Zé da Penha, São Miguel, Alexandria e Paraú. Em 1960 as duas Indústrias formaram o Grupo Mercantil Tertuliano Fernandes e Alfredo Fernandes que incorporou outras usinas e indústrias da época, se constituindo um grande grupo empresarial de beneficiamento e exportação de algodão.
         O industrial Alfredo Fernandes instalou em Patu nos anos 40 uma usina de beneficiamento de algodão onde se comprava toda a produção que era produzida na zona rural de Patu bem como em muitos municípios da região. A usina de Alfredo Fernandes ficava localizada no Bairro da estação, defronte a estação ferroviária, onde toda a produção de algodão beneficiada era transportada para Mossoró nos vagões do trem que fazia a linha Mossoró RN – Souza PB.
José Pereira Segundo, seu "Zuca" prestou serviços a Usina de Alfredo Fernandes

         A redação da Folha Patuense, através do editor, Professor Aluísio Dutra de Oliveira conversou com o senhor José Pereira Segundo, 82 anos de idade, conhecido como “Zuca” residente à Rua José Godeiro, centro Patu-Rn. Seu Zuca relatou que no início dos anos 50, quando ainda era muito jovem, prestou serviços a Usina de Alfredo Fernandes, transportando água da Cacimba do Povo, bem como, fazia trabalhos de juntar caroços de algodão da produção que chegava a usina para serem colocados na prensa de caroços. Seu Zuca informou que existiam as máquinas de retirar os caroços de algodão e a prensa para a produção de óleo. Seu Zuca lembra que seu pai Antônio Pereira Guimarães também trabalhava na usina como arrumador de fardos de algodão que eram empilhados aguardando serem transportados no trem para a cidade de Mossoró. Lembra também que tinha uma pessoa conhecida como Moacir que era o responsável para comprar a produção dos produtores e agricultores que produziam o algodão e repassava para outro funcionário, encarregado da usina, chamado de Ivo Lopes. Naquela época a cultura do algodão era tão valorizada que a usina comprava a produção dos produtores e agricultores na “folha”, ou seja, antes da plantação, para que os mesmos já tivessem os recursos financeiros necessários para custear a sua produção. No auge da produção de algodão a economia do município de Patu era muito forte onde a usina gerava empregos diretos e indiretos, o dinheiro circulava e movimentava também o comércio local que se instalava próximo à usina e estação ferroviária.


Quem foi Alfredo Fernandes?

Alfredo Fernandes, natural de Pau dos Ferros, nascido a 5/4/1884 e falecido em Mossoró em 24/12/1948, filho de Adolpho José Fernandes, e Guilhermina Fernandes Maia, Aos nove anos de idade passou a residir em Mossoró, onde seus pais se estabeleceram com um pequeno armarinho, tendo seu pai sido membro da Intendência Municipal (Vereador) de Pau dos Ferros, o qual tomou posse em 14/1/1892, e foi também o último presidente da Intendência Municipal (Prefeito), no período de 7/2/1920 a 1/1/1929, passando o cargo para o 1º prefeito constitucional, o senhor Francisco Dantas de Araújo (12/9/1872 – 9/9/1942), eleito em 2/9/28 e tomou posse em 1/1/29, governando até 7/10/30. Alfredo Fernandes casou-se com sua prima Maria Fernandes Pessoa, filha de Agostinho Pessoa de Queiroz e Tertulina Fernandes de Queiroz. Era capitalista e industrial, foi um “criador de riquezas” – na expressão de um dos seus biógrafos, dono da extinta firma Alfredo Fernandes & Cia, com sede em Mossoró.

A partir de 1970 começaram a existir muitos problemas que fizeram diminuir a economia ligada à produção de algodão. A falta de créditos e incentivos, surgimento da soja que começou a competir com o óleo de algodão, o surgimento de fibras sintéticas como viscose, poliéster, nylon e outras que competiam com a fibra do algodão além do surgimento da praga do “Bicudo” acentuando ainda mais a crise da cultura algodoeira ocasionando assim o fim de uma era de prosperidade que tanto benefício trouxe para o Nordeste, bem como para a nossa região.
Hoje o que resta são as lembranças através dos relatos dos poucos funcionários que ainda estão vivos, o silêncio das máquinas que geravam riquezas e os prédios abandonados, como é o caso de Patu, onde quem entra na cidade se depara com os mesmos em ruínas. Talvez muitos jovens que passam pela Rua Alfredo Fernandes, em Patu, não sabem que ali, em um passado distante, foi um local de prosperidade, de riqueza, onde muitos tiraram o sustento da família, que girava em torno do “Ouro Branco”, ou seja, a cultura do algodão.
A produção de Algodão era transportada para Mossoró nos vagões do trem - Linha Mossoró-Souza.
 Antiga usina e Alfredo Fernandes - Prédio em Ruínas em Patu


  

Fonte:
Blog do Gemaia.

http://www.blogdogemaia.com/busca.php?busca=historia
Site: Biografioa Potiguar. http://oestenewsblog.blogspot.com.br/2009/04/biografia-abril.html.


Tribuna do Norte. http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/o-outro-ouro-branco-do-oeste/149109

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