José Romero Araújo Cardoso
O único vaqueiro brasileiro que usa roupas feitas com couro de animais para se proteger é o que labuta nas caatingas bravias a fim de campear a criação de grande porte, criada de forma extensiva pelos carrascais ameaçadores do único bioma genuinamente nacional.
A proeminência de plantas espinhosas exige que o vaqueiro sertanejo proteja-se da cabeça aos pés, tornando-se verdadeiro representante da Civilização do Couro, a qual foi enfaticamente reiterada por Capistrano de Abreu em seus Capítulos de História Colonial.
A fama de valentia granjeada por inúmeros vaqueiros sertanejos, quando das festas de apartação, as famosas pegas de boi no mato, antecessoras das modernas vaquejadas, fê-los respeitados na sociedade sertaneja agro-pastoril, sendo que muitos conquistaram status importantíssimos graças a feitos heróicos ao desafiar mistérios insondáveis das caatingas irascíveis e ameaçadoras.
A maioria, anônima, morria sem deixar tostão, esquecidos na expressão literal do termo, verdadeiro descaso para com grandes heróis que arriscavam a vida para que um dos elementos maiores da economia sertaneja fosse enfatizado de forma significativa e satisfatória.
Ferrar os animais era imprimir a marca de cada fazenda, pois complexa simbologia definia a quem pertencia o gado, constituindo-se em tratado armorial sertanejo, cujo personagem principal na luta heróica através dos desafios da hinterlândia era exatamente o valente vaqueiro.
A importância do vaqueiro foi destacada pelo grande Luiz Gonzaga quando resolveu inovar como artista, implementando em sua indumentária o gibão que tão bem caracteriza o bravo profissional das caatingas sertanejas.
Após covarde assassinato de primo de nome Raimundo Jacó, afamado vaqueiro pernambucano, o eterno sanfoneiro do Riacho da Brígida compôs, em parceria com Nélson Barbalho, verdadeiro hino em homenagem ao grande personagem sertanejo que levou seu oficio com afinco.
A primeira missa em intenção da alma do vaqueiro Raimundo Jacó, realizada em Serrita (Estado de Pernambuco), a partir do ano de 1975, teve em Luiz Gonzaga seu principal incentivador. Nos dias de hoje, a missa é dedicada a todos os vaqueiros do sertão.
A emoção flui de forma incontida quando a eterna canção dedicada aos bravos vaqueiros é entoada de forma sublime, fazendo com que os presentes não consigam conter as lágrimas que marejam de olhos cansados e sofridos da brava gente sertaneja.
No presente, infelizmente, há verdadeiro desvirtuamento da cultura e das tradições sertanejas, pois o cavalo, fiel companheiro do verdadeiro e autêntico vaqueiro sertanejo, vem sendo substituído por possantes motos que trazem na lataria marcas de empresas japonesas, para desgosto dos grandes baluartes que defendem com unhas e dentes um dos símbolos da autóctone formação cultural da terra do sol.
José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo (UFPB). Professor-Adjunto IV do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografai e Gestão Territorial (UFPB) e em Organização de Arquivos (UFPB). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA - UERN). Escritor. Membro da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC), do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP) e da Associação dos Escritores Mossoroenses (ASCRIM).
Professor Jose Romero não me canso de ler seus artigos, principalmente quando se fala do nordeste: o Vaqueiro, o Cangaço e outros mais, logo que visualizo seus trabalhos. Ao longo desse tempo aos uns dois anos ou menos não visto mais suas escrivanias, mas foi o tempo corrido no período em que eu estava cursando um mestrado. Graças a Deus conclui, muito feliz continuo me inspirando em sua pessoa. Gosto ate porque não esqueci suas aulas que nós tínhamos durante todo o período do curso, das nossas aulas de extensão e outros mais. Por esta razão peço a vossa senhoria que possa me indicar alguns meios para que eu possa publicar meus artigos ora trabalhado no período do meu curso e hoje. Agradecido se atendido. Ate o momento ja recebi alguns blogs, revistas para publicar nas redes sociais da Paraíba, mas o custo é meio alto. Por isso não consegui publicar meus trabalhos. Exceto "um", que foi com meu professor e professor orientador ele ofertou para nós de Açu, um grupo de "quatro" escolhido por ele, fomos os privilegiados para essa publicação. Fico no aguardo de sua resposta. Obrigado! Paulo Roberto Frutuoso de Oliveira, especialista em Geo-historia do RN, cobramos ate da UERN que voce fosse tambem nosso professor no caso Eu Paulo e Helio porque fomos nós que concluímos especialização. E mestre em Ciências da Educação pela Faculdade de Extensão a Saberes de Campina Grande-PB, filiada a UNASSUR de Assunção-Paraguai.
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