José
Ferreira dos Santos, conhecido popularmente como Zé do Sinal, nasceu no dia 17 de março de 1924 no sítio Gameleira, município de
Patu RN. José Ferreira dos Santos aos 17 anos de idade resolveu ir
embora de Patu e viajou com outras pessoas do sítio Gameleira para o
estado do Maranhão em busca de trabalho e de uma vida melhor.
Chegando lá ele foi procurar trabalho e vendo a experiência de
pessoas de lá trabalhando com plantas, aprendeu o ofício, a arte ou
a profissão de retirar sinais das pessoas, método comum naquela
região de florestas e de muitas variedades de plantas. Após um
período trabalhando no estado do Maranhão ele resolveu voltar ao
Rio Grande do Norte, onde fixou residência na cidade de Mineiro, atualmente, Frutuoso Gomes. Nesse período que residiu em Frutuoso Gomes
ele conheceu a jovem Maria de Lurdes dos Santos, natural de Almino
Afonso, mas que residia em Frutuoso Gomes onde namorou e depois
casou. Desse relacionamento nasceu a primeira filha, no ano de 1956,
Maria da Conceição Ferreira conhecida por Ceição de Zé do Sinal,
professora da rede estadual de ensino há 28 anos e secretária do
Ginásio Comercial de Patu há 44 anos. Com a grande seca de 1958 Zé
do Sinal e família resolveram tentar a vida no estado de Goiás
passando por lá dois anos. Em 1960 Zé do Sinal resolveu voltar para
Frutuoso Gomes. A viagem foi em caminhão Pau de Arara sendo muito difícil
e ainda mais que sua esposa estava grávida da segunda filha que
estava quase para nascer.
No caminho, passando pelo estado de Minas
Gerais a esposa de Zé do Sinal, dona Maria de Lurdes, sofreu fortes
dores para da a luz. O transporte Pau de Arara teve que fazer parada
em uma casinha na beira da estrada para atender melhor a dona Lurdes.
Por coincidência e providência divina a dona do casebre na beira da
estrada era parteira, onde a mesma fez o parto e nasceu a segunda
filha do casal, Maria José Ferreira, residente hoje na cidade de
Olho D'água do Borges RN. As pessoas que vinham no pau de arara
esperaram cinco dias para que dona Lurdes se recuperasse um pouco do
parto e depois seguiram viagem para o Nordeste, cidade de Frutuoso
Gomes, onde ao chegar o seu Zé do Sinal registrou a sua segunda
filha. Em Frutuoso Gomes seu Zé do Sinal continuou trabalhando na
sua profissão de retirar sinais até o ano de 1968 quando resolveu
residir em Patu e continuar trabalhando no oficio que aprendeu no
estado do Maranhão. Seu Zé do Sinal também tem um filho de outro
relacionamento, Jonas Ferreira Santos, atualmente residindo em
Mossoró.
A fama de retirar sinais se espalhou em toda região onde
pessoas de várias partes o Nordeste vinham a Patu para ele retirar sinais do corpo. Certa vez um pai de família estava desesperado
porque seu filho contraiu uma grande enfermidade e foi desenganado
pelos médicos. Seu Zé do Sinal foi procurado para ver se ainda
tinha como salvar o seu filho. Zé do Sinal disse que fazia o
serviço, mas não ia garantir, porque era grave a situação e os
médicos já tinham desenganado o jovem rapaz. Seu Zé do Sinal
aplicou o remédio do mato e mandou que o pai voltasse com o filho em
trinta dias para ver como ele estava. O pai voltou com o filho onde o mesmo já estava muito bem, tinha se recuperado,
praticamente curado da enfermidade contraída. Seu Zé do Sinal foi
muito bem pago pelo serviço e ainda ganhou de presente três vacas por
ter curado o filho, e assim dezenas de histórias iguais a essa
aconteceram na rotina de trabalho de seu Zé do Sinal. Outro episódio
interessante aconteceu quando o seu Zé do Sinal viajou até a cidade
de Sousa-PB para receber uma conta de um serviço que prestou,
chagando lá o cliente disse que não tinha dinheiro para pagar e
perguntou a seu Zé do Sinal se ele recebia um caixão de defunto
pela conta. Para não perder de tudo seu Zé aceitou a
proposta e trouxe para sua casa um caixão de defunto. As pessoas
quando viram ele chegando perguntavam. Quem morreu? Pra quem é esse
caixão? E seu Zé do Sinal respondia que era para ele quando
morresse.
Ele
chegou em casa com esse caixão para espanto da família e guardou
em um armazém no muro de sua casa, onde permaneceu com esse caixão
em casa durante 11 anos. No ano de 1995 a sua esposa Maria de Lurdes
faleceu, deixando seu Zé do Sinal viúvo e a missão de continuar criando e
formando seus filhos com a renda do seu trabalho, mas, por ironia do
destino e situações que não se explica, a natureza que deu o
sustento a família de seu Zé do Sinal também tirou a sua vida. Em
2006 ele foi a Serra de Patu buscar umas plantas para fazer as suas
garrafadas de remédio do mato e foi atingido duramente por um exame
de abelhas que provocou a sua morte. Passou vários dias internado no
Hospital Municipal onde veio a falecer nos braços da sua filha
Ceição, no dia 22 de março de 2006 aos 82 anos de idade. Quando a
família foi buscar o caixão no armazém que ele já tinha
adquirido há 11 anos, ao abrir o mesmo, encontrou: um paletó novo,
um véu para cobrir o caixão, um perfume, um ventilador para ser
usado no velório e a quantia de 3.500,00 para custear as despesas do
seu sepultamento. Seu Zé do Sinal faleceu mas não deixou nenhuma
dívida, deixou uma casa para cada filho. Sua filha Ceição disse
que seu pai foi muito bom e dedicado a família, morreu deixando três
filhos e netos que são: Paulo Jacir, Nievra Bianca e Maria Gabriela.
Seu Zé do Sinal está sepultado no cemitério público de Patu, mas
que, no seu seu túmulo não consta o nome José Ferreira dos Santos
e sim Zé do Sinal onde todos aprenderam a conhece-lo através da
sua profissão, ofício ou arte que ficou registrado na história de
Patu e de toda região.
Fotos dele e da família
Ventilador deixado dentro do caixão
Nenhum comentário:
Postar um comentário