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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

A História de Dona Nice. A Família dos Raimundos e Raimundas.

Raimunda Cleonice Dantas, conhecida carinhosamente como “Dona Nice” nasceu em Patu em 27 de abril de 1927, filha de Israel Gomes Dantas e Minervina Dantas onde tiveram oito filhos, sendo cinco homens e três mulheres. Os filhos homens começavam sempre por Raimundo: Raimundo Binor, Raimundo Brás, Raimundo Sílvio, Raimundo Temista e Raimundo Randir. As mulheres por Raimunda: Raimunda Cleonice, Raimunda Dantas (Pretinha) e Raimunda Estelita.
Da família dos Raimundos e Raimundas apenas um se encontra vivo, o senhor Raimundo Brás que trabalhou durante muitos anos na empresa revendedora de bebidas de Van da Antártica e também como vigilante na Agência do Banco do Brasil de Patu durante mais de 15 anos. Raimundo Brás conhecido por "Braisinho" é o pai do cantor e artista patuense Raimundinho de Brás.

Outro irmão de Dona Nice bastante conhecido é o senhor Raimundo Binor que foi comerciante, onde vendia frutas, pães e outros produtos em sua bicicleta com o tradicional bagageiro na na frente. Na época das frentes de emergência ele saia vendendo seus produtos em sua bicicleta nas frentes de trabalho. O taxista Raimundo Dantas conta que quando ele passava vendendo pão, as pessoas perguntavam: vende fiado, ele respondia: “Tem pão aguado não”. 
Destacamos agora a vida de umas das educadoras mais dedicadas a educação de Patu. Raimunda Cleonice Dantas, Dona Nice,  que iniciou suas atividades como educadora em junho de 1940. Assumiu uma escola particular em sua própria residência. Em 1950 ela foi nomeada professora regente de classe pelo Sr. Governador do estado, Rafael Fernandes Gurjão através da indicação do prefeito de Patu, da época, Sr. Felinto Gadelha.
Dona Nice foi nomeada na escola estadual João Godeiro, assumiu de início uma classe de 1º série, pois ao todo a escola só dispunha de cinco classes que abrangia de 1º a 5º série. Considerada de uma capacidade extraordinária; segundo a educadora, sua nomeação nessa escola teve como um dos principais objetivos a adesão dos alunos, pois na época estava com minoria sendo matriculados apenas dez alunos na 1º série, da mesma forma acontecia com as demais séries seguintes, onde a 5ª série contava apenas com 5 alunos. Nessa época a diretora que assumiu a escola Estadual João Godeiro era a senhora Maria Eliza Ingersoll, que chegou a dizer que só assumiria a direção se Raimunda Cleonice fosse nomeada para a referida escola, pois já tinha elevado conhecimento sobre capacidade e autenticidade para ajudar no crescimento educacional daquele estabelecimento de ensino, pois, na época, as pessoas não acreditavam na aprendizagem de escolas públicas devido estarem acostumados com as escolas particulares. Como a escola João Godeiro foi a primeira escola pública pertencente ao estado a prestar serviços nessa comunidade, daí a insegurança, devido ao não conhecimento. Contudo foi um desenrolar com bastante êxito, pois começou a aumentar dia-a-dia o contingente de alunos a procura de matrículas, o qual deixava tanto a mesma como a todo o corpo docente uma grande satisfação em conseguir com o decorrer, conscientizar as pessoas que precisavam cooperar para que a escola pública fosse crescendo e partir daí fosse criada outra escola que viesse contribuir para maior engrandecimento da educação de Patu.
Dona Nice em suas atividades rotineiras lecionava numa batalha incansável em dois horários; em casa e na escola quando surgiu uma nova oportunidade de trabalho, onde a messa foi convidada para trabalhar em uma escolinha de crianças carentes patrocinada pela LDB – Legião Brasileira de Assistência - onde tinha sua sede instalada em Patu, tendo como presidente Maria Godeiro Fernandes, vulgo (Biía).
Naquela época as dificuldades enfrentadas eram muitas, a partir do deslocamento dos alunos da zona rural para a zona urbana devido as grandes cheias durante os invernos, ficando muito difícil para os alunos se locomoverem até a cidade. Isso era visto como um dos fatores principais para uma parte da população; para a outra, essa situação trazia muita preocupação devido ao descaso dos filhos estudarem ou não, porque seus objetivos maiores era a atuação deles na agricultura, de onde vinha os meios para a sobrevivências de toda a família.
Para alguns, que de qualquer forma procuravam estudar, como segunda dificuldade vinha a manutenção da escola, ou seja material escolar e fardas, que tinham de comprar de qualquer forma, pois era exigido e portanto se os pais não pudessem comprar, o próprio aluno trabalhava e comprava.
Referente às relações aluno x professor era de total respeito. Quanto aos professores, contavam com a cooperação dos pais dos alunos, pois muitos ajudavam naquela missão dando-lhe total autonomia de agir como educador, ou seja, um pai naquele momento. O professor era esforçado, exigente e usava todos os meios possíveis para que o aluno conseguisse concluir a série com a devida capacidade de continuar na série seguinte sem nenhuma dificuldade.
O aluno era orientado unicamente pelo professor, sem nenhuma outra margem de informação, primeiro porque não havia recursos expostos aos educandos; segundo, a auto-confiança depositada no professor que o excluía qualquer fonte de ajuda, até mesmo dos próprios colegas, o que diante esse egoísmo os levavam ao individualismo.
Dona Nice fundou o Educandário Santa Terezinha “O sossego da Mamãe” em 09 de março de 1970 que fica localizado na avenida Lauro Maia, onde atuou como professora até o ano de 1997 com turmas de alfabetização e 1ªsérie. O referido Educandário é reconhecido como de utilidade pública pela Lei nº 3.943 de 03 de fevereiro de 1971 e autorizado a funcionar como estabelecimento de ensino pelo decreto nº 092/98, publicado no Diário Oficial do Estado em 06/03/1998. Destacamos aqui  empenho para que o Educandário Santa Terezinha fosse bem administrado, onde durante muitos anos a senhora Maria das Graças, conhecida como Gracinha desempenha a função de diretora do estabelecimento e atualmente conta com o apoio Raimundinho de Brás nas atividades administrativas.   
Aos 29 de maio de 2009, Dona Nice, faleceu deixando um exemplo de vida, de coragem para todos que fazem a história do Educandário Santa Terezinha, continuando a credibilidade objetivando o alicerce e a conduta da cultura patuense. Dona Nice deixou exemplo para a educação de Patu, como educadora apaixonada que era pela educação, pela moral e pelos bons costumes. O Educandário Santa Terezinha se configura como um escola de respeito e credibilidade, recebendo alunos de Patu e da região, desempenhando a sua missão de transmitir conhecimentos e formando gerações.

Reportagem de Aluísio Dutra de Oliveira.
Fonte: Site do Educandário Santa Terezinha.
Colaboradores: Gracinha, Raimundinho Brás, Raimundo Brás e esposa, Raimundo Dantas.
Fotos cedidas. 

 Dona Nice e mãe de um aluno
 Quadro de Formandos do Educandário Santa Terezinha




 Dona Nice com o irmão Raimundo Randir e sobrinhas
Dona Nice com os irmãos Randir e Brás


 Dona Minervina Dantas, mãe de Dona Nice
Raimunda Dantas "Pretinha" irmã de Dona Nice
Raimundo Binor, irmão de Dona Nice






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