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segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Crônica do Prof. José Romero Cardoso


Homem com H: Sucesso magistral de autoria de Antônio Barros na voz do grande artista nacional Ney Matogrosso



José Romero Araújo Cardoso 



          Enxergar rastro de cobra ou vislumbrar couro de lobisomen são coisas inéditas para a maioria do gênero humano, tendo em vista que ofídeos não deixam rastros bem visíveis e o lendário e misterioso personagem do folclore nacional, presente ainda em mitologias diversas espalhadas pelo planeta, parece existir somente na imaginação ou na arte pérfida que acompanha imemorialmente angustiantes desilusões perdidas.
          O notável cantor e compositor paraibano Antônio Barros responsabilizou-se pela feitura de uma das mais enigmáticas pérolas do nosso cancioneiro, intitulada Homem com H, composta no ano de 1974.
          A ênfase está para a necessidade da virilidade masculina, perseguida incessantemente pela essência patriarcal que perdura enquanto embasamento cultural de nossa sociedade, embora o apelo seja para que Maria diga que a figura principal realmente é homem.
          Como era tempo de censura implacável, período de vigência do regime militar no Brasil, Antônio Barros peregrinou em busca de quem gravasse sua música permeada de duplo sentido, conseguindo seu intento através de uma banda de vanguarda batizada de Hydra, formada exclusivamente para viabilizar tal intento, devido produtor musical da Copacabana Discos, conhecido por Mister Sam, ter sido tomado de fascínio pela letra da canção.
          Havia a necessidade de corroborar produções artísticas através da influência de pessoas bem estruturadas no mundo musical, caso contrário seria aventura desmedida lançar, gravar e divulgar músicas que não eram bem vistas pelos censores de Brasíla.
          A execução da música ficou encarregada ao DJ Big Boy, da Rádio Mundial, do Rio de Janeiro, e da Excelsior, de São Paulo, mas a gravadora desprezou uma das obras-primas de Antônio Barros.
          Em 1980, Antônio Barros gravou um compacto com a música, mas não obteve sucesso algum, parecendo fadado ao esqueci mento. Ninguém estava apto para valorizar a sublime genialidade do grande compositor queimadense.

          Finalmente em 1981 a música foi apresentada ao versátil artista nacional Ney Matrogrosso, antigo carro-chefe do grupo Os Mutantes que desfez a ousada composição artística que marcou a década de 70 do século passado e foi tentar carreira solo.
          O sucesso foi retumbante, elevando Antônio Barros ao panteão da consagração nacional. Outra música da consagrada dupla gravada por Ney Matogrosso foi Por debaixo dos panos, feito idêntico realizado pelo grupo de forró de raiz Os 3 do Nordeste.
           Não obstante Ney Matogrosso ter relutado em gravar Homem com H, pois de inicio disse não ter simpatizado com a canção, esta se tornou um dos mais retumbantes sucessos do performático artista brasileiro.



José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo (UFPB). Professor-Adjunto IV do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografai e Gestão Territorial (UFPB) e em Organização de Arquivos (UFPB). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA - UERN). Escritor. Membro da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC), do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP) e da Associação dos Escritores Mossoroenses (ASCRIM).


* Crônica não classificada no III Concurso Lembrança do Ídolo, promovido pelo Parque Cultural "O Rei do Baião" e Caldeirão Político.

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