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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Artigo Científico

O neoliberalismo e a América Latina: breves considerações
  

José Romero Araújo Cardoso[1]
Marcela Ferreira Lopes[2]


          O modo de produção capitalista vem sendo assinalado indelevelmente através da adoção da doutrina econômica formulada pelo filósofo e economista escocês Adam Smith (Kirkcaldy, 5 de junho de 1723 — Edimburgo, 17 de Julho de 1790), na qual, em essência, frisou a necessidade que o Estado não deve intervir na economia, ou seja, laissez faire, laissez passer (deixar fazer, deixar passar).
          Para Smith, uma espécie de mão invisível controlaria naturalmente oferta e demanda, fato não verificado quando da fabulosa quebra da bolsa de Valores de Nova York na célebre quinta-feira negra de setembro de 1929.
Para contornar a grave crise estabelecida, o governo norte-americano contratou os serviços de um economista inglês de nome John Maynard Keynes (Cambridge, 5 de junho de 1883 — Tilton, East Sussex, 21 de abril de 1946), considerado o pai da macroeconomia moderna.
          Frederich August von Hayek (Viena, 8 de Maio de 1899 — Friburgo em Brisgóvia, 23 de Março de 1992), economista austríaco da Escola de Viena, notabilizou-se por ser crítico ferino da intervenção estatal na economia. Destacou-se em razão da luta sem trégua em prol do retorno das ideias originais referentes à condução da economia capitalista, sendo responsável pela formulação das principais bases da proposta neoliberal.
          Inúmeros países do globo encamparam, principalmente pós-segunda grande guerra, as pregações Keynesianas quanto à importância do Estado na condução econômica, sendo adotadas também na América Latina, quando governos nacionalistas estatizaram setores estratégicos.
          A pressão exercida pela política externa do Big Stick sobre países Latino-Americanos como Argentina, Brasil, Chile, Cuba, etc. trouxe consigo a marca registrada da ênfase à proposta neoliberal, suscitando a necessidade de que o setor privado fosse valorizado.
          A cada passo ousado que governos nacionalistas empreendiam, aumentava a preocupação quanto à aventura da expansão transnacional sobre espaços privilegiados do terceiro mundo.
          Decisões extremamente nacionalistas, como a estatização da exploração do petróleo no Brasil, renderam ódio interno e externo àqueles que buscavam melhores formas de beneficiar países historicamente espoliados.
          Deposições violentas proliferaram em toda região, a exemplo da que ocorreu em 11 de setembro de 1973, no Chile, quando o governo nacionalista de Salvador Allende foi alijado do poder através da mais brutal intervenção militar, levada avante a fim de garantir o sucesso da doutrina neoliberal.
          Cuba, exemplo de radicalização revolucionária, enfrentou com galhardia tentativa de invasão que tornou-a respeitada em todo planeta. Negou-se a integrar o rol dos países humilhados pelos ditames da nova ordem econômica mundial estabelecida antes do término da segunda grande guerra.
          Nicarágua, outro exemplo de determinação regional em buscar caminho próprio, livre da influência externa imposta pelos grandes da economia mundial, sobretudo E.U.A, resistiu com galhardia até à exaustão, cedendo às pressões internas e externas que invocavam retorno à democracia.
          A década de noventa assinalou a mais espetacular demonstração de ênfase ao neoliberalismo na América Latina, resultando em céleres campanhas em prol da privatização de grandes conquistas históricas.
          No Brasil a Companhia Siderúrgica Nacional e diversas outras empresas estatais foram levadas à leilão, privatizadas a fim de garantir privilégios externos que vinham sendo reivindicados imemorialmente.
          O neoliberalismo vem sendo o principal vetor do recrudescimento da dependência na América Latina, tendo em vista que a globalização exige isso como condição sine qua non para o triunfo dos seus interesses em qualquer parte do globo.


[1] José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor-Adjunto IV do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB) e em Organização de Arquivos (UFPB). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA/UERN).
[2] Marcela Ferreira Lopes. Geógrafa-UFCG/CFP. Especialista em Educação de Jovens e Adultos com ênfase em Economia Solidária-UFCG/CCJS. Graduanda em Pedagogia-UFCG/CFP. Membro do grupo de pesquisa (FORPECS) na mesma instituição.

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